Sua revista escolar de filosofia.

domingo, 9 de agosto de 2015

María está só

Selfie.
Por si mesmo. Só.

Na foto autocaptada, a moça sorridente é María José González, estudante de medicina da Universidad del Valle, no México. A senhora ao lado, tão junto e tão só, é uma paciente em agonia.

Em seu primeiro dia de prática médica como assistente da paciente, resolveu registrar o momento, como muitos fazem, para ter uma recordação. Selfie. Enquanto isto, a senhora morria.

María pretende ser médica. 
E se esquece de ser humana na cultura que desumaniza lentamente. 

Que vulgariza o sublime e humano momento de se ausentar de modo absoluto. “O ser-para-a-morte é essencialmente angústia”, diz Heidegger. Porque o ser humano é o único que sabe que vai morrer inexoravelmente. Ser consciente de um fim inevitável, trágico, produz angústia, que é um tipo de receio, de medo daquilo que não se pode evitar, mas não se sabe quando será. 

Que angústia experimenta María diante da morte, que também é sua? María é inconsciente do fim comum por negá-lo na impessoalidade de sua vida imprópria, inautêntica, alienada e decadente de valores existenciais significativos.

María é selfie.

Carece de praticar o cuidado que é compromisso ético com a existência, em especial, a humana. 

María é está presa em si mesma. 
Não vê o outro, nem se vê no outro, apesar de estar diante dele. 
O outro é só mais uma coisa no mundo.  

María não vê que “o rosto do outro torna impossível a indiferença” como diz Boff, nem entende que “a ética do cuidado aplicada à saúde enfatiza os papeis de interdependência mútua e resposta emocional como parte importante de nossas vidas morais” porque “transcende o cuidado em direção à cura física para o cuidado à atenção integral ao paciente”, como escrevem Schwanke e Cruz.  

María enxerga a si.
María está só.
Selfie.


Fontes: Ser e Tempo, Bioética, uma visão panorâmica
Imagem: María José González, via La FM, gertg


A verdade se revelará - Seminário Integrado, metodologia e coleta de dados

Metodologia da pesquisa...

Coleta de dados...


Praticamente mistérios a serem desvendados por quem está na fase de iniciação científica.


Ó, oráculo, sabeis o que significam estas práticas ocultas?


Calma, não se trata de esoterismo, estudante!



Vamos investigar e saber do que se trata consultando fontes bibliográficas.
Deixa o oráculo pra lá.

Nos dois links abaixo você vai poder tirar dúvidas a respeito do assunto.

Basta clicar sobre os títulos e a verdade se revelará.

Metodologia da pesquisa - p. 19 a 23.

Técnicas de coleta de dados - em PDF para baixar

Preparados para conhecer?

imagens: preparatusoposiciones, analitica

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Da aula ao blog

Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a história
Não me deixaram nem sequer matizes

Conhece estes versos? 

São da música Herdeiro da Pampa Pobre, do Gaúcho da Fronteira



Ela foi gravada também pelos Engenheiros do Hawaii e está no disco Várias Variáveis, de 1991. (ouça aqui


A canção faz uma denúncia da decadência agropastoril do Rio Grande do Sul e da divisão de classes. Contudo, a pampa é mais do que o campo, é figura que representa não só a geografia, mas também a identidade riograndense, rural e urbana. 


O retrato artístico mostra a história de uma sociedade problemática de ontem com paralelos atuais. 

A partir da obra popular, sugerimos ao alunos de Filosofia e História em uma de nossas turmas do Ensino Médio que fizessem uma leitura crítica da poesia e construíssem no tempo de uma única aula, curto, portanto, uma breve dissertação expondo a relação entre o passado e o presente do Estado. 

O trabalho de uma aluna se destacou entre outros, também com qualidade, e por isso veio parar aqui no Filosofósforos. 

É um reconhecimento ao bom desempenho.

Que seja visto também como um estímulo aos outros alunos que quiserem ter seu texto publicado. 

O negócio é assim: se puxou, publicou! 

Então?! 
Vamos ver o que diz nossa estudante? 




Júlia Emidio
E.E.E.M. Santa Isabel, Viamão, RS. 
Turma 108







Do ouro à palha

Por muitos anos, no estado mais ao sul do Brasil, a população arcou com as consequências de um estado quebrado e em crise.

E eu lhe pergunto: como não culpar um governo que usa sua posição justamente para o contrário do que nos foi prometido? Como entender o fato de que tudo que está acontecendo agora começou cinquenta anos atrás? E por cinquenta anos a crise foi cultivada e nosso ouro, que valia tanto, se resumiu a palha. 

A pintura de um estado rico e promissor se tornou pó, e enquanto permanecemos sentados aguardando uma resposta do governo, um pronunciamento, uma reação, os professores recebem salários parcelados, a polícia se recusa a trabalhar por falta de recursos e nosso sonho, nossa esperança de uma solução escorre pelos dedos. 

imagens: facebook Júlia Emidio, ouvirmusica, vagalume