Sua revista escolar de filosofia.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Amor, sexo e Filosofia

Barack Obama tomou posse do seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos neste 21 de janeiro.




Na cerimônia, em Washington, o poeta latino Richard Blanco recitou uma de suas obras, apropriada ao momento. Blanco é homossexual.







No discurso, após o juramento à Constituição norte-americana, Obama citou os "irmãos homossexuais" ao se referir ao que o governo vai fazer para que eles tenham direito civil ao casamento. O presidente foi muito saudado. Como democrata e tendo uma plataforma popular que inclui anseios de grupos considerados minoritários, Obama está comprometido com questões referentes a estes eleitores, entre eles, os homossexuais.

Mas apesar dos Estados Unidos serem um estado laico, a religião tem um enorme peso sobre as decisões dos eleitores e dos governos. Os direitos civis aos homossexuais para o casamento do mesmo gênero é, portanto, uma questão delicada para a sociedade norte-americana.

O jornalista Gustavo Chacra bem lembrou pelo twitter a posição de Obama sobre o assunto até o ano passado:


Obama era contra casamento gay até 2012, deportou 1,5 milhão de imigrantes (recorde) e bombardeia o Yemen, Somália e Paquistão


E esta questão é alvo de disputa em outros países, não-cristãos e cristãos.

Na França houve uma enorme manifestação há poucos dias contra o casamento gay.

Com frequência o Vaticano se pronuncia afirmando que o casamento é uma instituição sagrada, um sacramento da Igreja, reservado aos casais heterossexuais. Contra este posicionamento, ativistas tiraram a roupa na Praça São Pedro, em Roma no dia 13.

O problema gira em torno de pontos de vista civis, religiosos e de costumes.
Traz à disputa a medicina, a psicologia, o direito, a teologia e a filosofia.

Em relação à sexualidade humana, há filósofos cristãos que a interpretam.

O que dizem? 
O que é dito também pela filosofia secular sobre a questão? 
E você, o que pensa? 

fontes: Terra, Jornal de Notícias, Twitter, IG
fotos: correiodobrasil, terra, AP



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tudo está consumado

Você faria o que Walter fez?

Ele tinha insuficiência renal. Aos 68 anos, vivia na comunidade de Ossola, nas montanhas da fronteira entre Itália e Suíça. Precisava de um transplante de rim. Agricultor durante toda a vida, era de temperamento sereno, altruísta. Simples, sentia-se integrado ao seu mundo junto à natureza. É o que diziam os parentes  e amigos. Walter Bevilacqua não tinha esposa ou filhos. Um dia ele falou ao padre local que não faria o transplante. Entendia que havia pessoas mais necessitadas do que ele esperando. Gente mais jovem, com filhos. Há poucos dias, numa sessão de diálise, Walter morreu.



O jornalista e filósofo Roberto Saviano o chamou de um pastor corajoso.






O sacrifício de Walter é um mosaico de visões e permite comparações com outros. Para entendê-lo bem é necessário ler a reportagem sobre o assunto no La Stampa. Lá estão detalhes particulares sobre Walter que abrem espaço para a reflexão. A atitude causa impacto porque envolve uma decisão moral que implica em vida e morte em meio a uma ação que parece abnegada. Contudo, as informações revelam algo. Talvez Walter tenha se amparado numa razão altruísta como justificativa de consciência, mas influenciado por motivos egoístas.

Foi uma forma de suicídio? Justificado pela intenção de salvar outro, mesmo sem a certeza de que está realmente salvando? Se ele decidisse pelo transplante, em caso de sucesso, poderia ter aproveitado os anos seguintes em ações voluntárias para de alguma maneira salvar muitas outras pessoas? Foi mesmo um ato altruísta puro ou a vida havia cansado Walter e o levado a desistir dela? Este tipo de renúncia consciente, ao contrário das impulsivas, e as consequências dela são maiores do que tudo e por isso são um modelo de coragem? Nisto se enquadra perfeitamente este caso?

Walter, riposa perché tutto è già consumato.

fonte: La Stampa
foto: lastampa, robertosaviano.it

sábado, 5 de janeiro de 2013

Pobreza de quê?

"Não é pobre o homem que tem pouco, mas o que quer sempre mais." 

A frase, atribuída a Sêneca, é apontada como uma justificativa para o comportamento do presidente do Uruguai, José Mujica. Ele mesmo se define assim, contente com o que possui. Desta vez é a edição de hoje do The New York Times que traz o perfil do político, ex-guerrilheiro, e que se mantém afastado dos luxos proporcionados pelo poder ligado ao cargo. Quem sempre quer mais, jamais se satisfaz e, portanto, sente-se constantemente pobre.

O El País repercute a reportagem.

Mujica anda de fusca, mora no subúrbio, se veste com modéstia e doa 90% do salário à assistência social.
Leva uma vida classificada pelo periódico norte-americano como austera.

Porém, seu comportamento não tem interferido no exercício da função para a qual foi eleito. Se seu estilo de vida é usado como propaganda política, isto é parte do jogo e o que está em julgamento são as ações do homem público. Se falhar, a biografia de Mujica é usada contra ele, condenando seu mandato.

A repercussão em torno de sua figura se dá, em parte, pelo estranhamento que causa por estar fora do padrão coletivo.

Estoico, como Sêneca, o imperador romano Marco Aurélio Antonino (121 -180 d.C.), também um chefe de estado e governo, retratado no filme O Gladiador, fez da Filosofia sua religião. Diz Marco Aurélio:

"[...] Único fruto da vida terrena: uma santa disposição de espírito e as ações úteis à comunidade [...]" 

O estilo de vida de Mujica é compatível com o cargo que ocupa? 
Poderia se tornar um padrão de conduta ou contradiz o poder? 
Por que causa estranhamento? 


fontes: The New York Times, El País, ufcg
fotos: thenewyorktimes, revsitadeciframe