"Não é pobre o homem que tem pouco, mas o que quer sempre mais."
A frase, atribuída a Sêneca, é apontada como uma justificativa para o comportamento do presidente do Uruguai, José Mujica. Ele mesmo se define assim, contente com o que possui. Desta vez é a edição de hoje do The New York Times que traz o perfil do político, ex-guerrilheiro, e que se mantém afastado dos luxos proporcionados pelo poder ligado ao cargo. Quem sempre quer mais, jamais se satisfaz e, portanto, sente-se constantemente pobre.
O El País repercute a reportagem.
Mujica anda de fusca, mora no subúrbio, se veste com modéstia e doa 90% do salário à assistência social.
Leva uma vida classificada pelo periódico norte-americano como austera.
Porém, seu comportamento não tem interferido no exercício da função para a qual foi eleito. Se seu estilo de vida é usado como propaganda política, isto é parte do jogo e o que está em julgamento são as ações do homem público. Se falhar, a biografia de Mujica é usada contra ele, condenando seu mandato.
A repercussão em torno de sua figura se dá, em parte, pelo estranhamento que causa por estar fora do padrão coletivo.
Estoico, como Sêneca, o imperador romano Marco Aurélio Antonino (121 -180 d.C.), também um chefe de estado e governo, retratado no filme O Gladiador, fez da Filosofia sua religião. Diz Marco Aurélio:
"[...] Único fruto da vida terrena: uma santa disposição de espírito e as ações úteis à comunidade [...]"
O estilo de vida de Mujica é compatível com o cargo que ocupa?
Poderia se tornar um padrão de conduta ou contradiz o poder?
Por que causa estranhamento?
fontes: The New York Times, El País, ufcg
fotos: thenewyorktimes, revsitadeciframe
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