Sua revista escolar de filosofia.
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quarta-feira, 15 de abril de 2015

A força do destino

Você acredita no destino?

A resposta pode ser indiferente.

Pois, se o destino é força determinadora dos fatos ou não, crer nele não faz diferença. Ele atuará ou não igualmente. Seria preciso, então, encontrar argumentos consistentes o suficiente para comprovar que os acontecimentos da vida são presididos pela força do destino.

O fenômeno é uma referência. O real concreto é fato. Aquilo que ocorre no mundo acontece por necessidade. Encontrar conexões que formam o conjunto de circunstâncias causadoras dos efeitos do mundo seria uma ilusão humana que caracterizaria a resistência em aceitar que o fato é único, jamais múltiplo.

O que ocorre descarta todas as outras possibilidades.

E por que as coisas ocorrem?
Seria pela conjunção dos fatores?
Estes fatores seriam voluntários ou determinados?

Esta é a questão.

Aquilo que existe possui realidade maior do que aquilo que é especulado, imaginado, pensado, o que é abstrato, ideia, representação. Neste sentido, a força atrativa da realidade para a produção dos fenômenos é a própria força criadora ativa e concreta. Esta potência é presente


Só há este presente concreto transformando-se por suas próprias leis e, deste modo, a vontade não pode intervir na potência real e possui apenas a ilusão de controlar os atos quando o ser é sim guiado pela realidade que se impõe como verdade porque de fato existe. Por exemplo, as escolhas que se faz ao longo da vida são as escolhas possíveis para confirmar o que a realidade quer.




Isto perturba?

Pode ser que sim. Pois, tira do sujeito o liberdade de arbítrio e confirma o trágico como fim da existência. Por outro lado, configura a humildade do ser diante do poder real, que em alguns casos é proposto como sendo o próprio poder divino imanente. Esta ideia é parte do núcleo ontológico estoico e está presente em diferentes filosofias, como nas de Nietzsche ou Spinoza. 

"O destino guia aquele que consente e arrasta aquele que recusa" Sêneca

"Que é Deus? Tudo o que vês e tudo o que não vês. Idem

"Lembra-te, pois, que se tomares como livres coisas que são escravas por natureza, e por tuas as que são alheias, surgirão continuamente obstáculos após obstáculos e ficarás aflito, perturbado." Epicteto

"Sabes o que é teu? O uso que fazes da aparência das coisas." Idem

"[...] existe acaso um só néscio que viva sem sofrer, sem temer, sem cair, sem alcançar a meta? Nenhum. Não há, portanto, ninguém livre." Idem


O filósofo francês Clément Rosset trata da questão no livro O real e seu duplo

Diz, por exemplo, que a narrativa oracular guarda a ilusão de fuga do destino por conhecê-lo. Mas, ao fugir do destino, se faz com que ele se cumpra, como o mito de Édipo.




Não é estranho apesar de lógico?



Então, você aceita a ação do destino enquanto princípio real, tenha ele o nome que tiver?


imagens: dtcom, portalplanetasedna, fatamorgana, freethoughtalmanac, record
citações: Mondolfo, Rosset

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Razão para ter fé?


Sou muito racional para crer em Deus.

É o que muitos costumam dizer e com isto separam , como dado revelado, de ciência, dado empírico racionalmente metodizado.

No entanto, as provas da existência de Deus são racionais. Elaboradas rigorosamente lógicas, elas sustenta-se, em última instância, no racionalismo como base do conhecimento. Quer dizer que uma epistemologia sensorial remete ao ceticismo, já que os sentidos enganam. Tanto é que a ciência muda.

Você conhece o falibilismo e o pensamento de Karl Popper? 

Voltando ao assunto em questão, sob o ponto de vista do racionalismo, algo, para ser verdadeiro, precisa suportar o exame da razão sem ser falseado, sustentando como verdade da razão não sujeita às alterações que dão ao concreto, base do empirismo, aparências de realidade definitiva. A realidade concreta é mutável, transitória. Portanto, move-se sujeita ao tempo.
 
Sob a perspectiva do racionalismo, os conceitos de finitude e infinitude vão guiar Descartes a elaborar sua prova ontológica.

Um ser finito como o homem possui ideias de seres finitos, isto significa que alguns deles existem fora da mente. Porém, a ideia do infinito não é a representação de algo existente no mundo das coisas finitas, o real, mas, ela está no homem. Sendo o finito tomado por negação do infinito pelo princípio lógico de que aquilo que pode o mais pode o menos e não o contrário, deve haver algo infinito, pelo menos um que seja existente e confira realidade à sua ideia. A infinitude é o predicado que totaliza todos os outros do que se chama Deus: infinitamente bom, poderoso, etc. Então, Deus, de realidade essencial pensada é admitida como realidade ontológica, existente.
 
 “[...] Deus existe; pois, ainda que a ideia de substância esteja em mim, pelo próprio fato de eu ser uma substância finita, eu não teria, todavia, a ideia de uma substância infinita, eu que sou um ser finito, se ela não tivesse sido colocada em mim por uma substância que fosse verdadeiramente infinita.” (Meditações Metafísicas, 3ª)
 
Tipo, se você pensa em Deus, o representa conceitualmente, é porque ele existe em algum lugar e a ideia dele no ser pensante é sinal de um contato intuitivo entre o sujeito e o objeto que vem exposto pela via racional.
 
Descartes diz que a ideia de Deus é como uma marca deixada pelo criador no criado.
 
Isto parece lógico para você?
É possível acreditar nisto?
Por quê?
 
O argumento cartesiano vai ser amplamente problematizado na modernidade.
 
 
imagem: filosofósforos/facebook/internet




quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Deus com isso

As aulas retornaram na cidade de Newtown, em  Connecticut, leste dos Estados Unidos.

Menos na escola elementar Sandy Hook, onde na sexta-feira passada, (14), um jovem de 20 anos abriu fogo e matou 20 crianças e 6 funcionários da instituição.

O massacre chocou o mundo.

Foi a repetição de um comportamento violento e destrutivo que já fez dezenas de vítimas nos Estados Unidos. O episódio deu força à discussão sobre o porte de armas de fogo no país, pendendo positivamente para o lado do grupo que defende a restrição.

O fato poderia ser evitado?

No que depende da ação do atirador, sendo ele, como cada um, livre para deliberar e decidir, pode-se afirmar que sim.



O matador poderia não ter realizado aquilo que realizou se o livre-arbítrio for admitido. E esta já seria uma longa questão a ser avaliada e certamente está aberta aqui no Filosofósforos.





Mas pensemos em Deus.

Admitindo sua existência e seus atributos, Deus onisciente sabia que isto iria acontecer?
determinismo em tudo o que ocorre?

Deus, sabendo, pois necessariamente precisa saber, poderia ter evitado?
Se poderia, e isto confirma sua onipotência, por que não o fez?

E quanto às tragédias naturais como o tsunami da Indonésia, o terremoto do Haiti e o tsunami do Japão, apenas para marcar algumas das catástrofes deste século?

Onde fica Deus diante da presença do Mal no mundo?

O problema do Mal é uma das grandes questões da Filosofia.



Diz Epicuro (341-270 a.C.): "Deus ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode é impotente: o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é invejoso, o que, do mesmo modo, é contrário a Deus. Se nem quer nem pode, é invejoso e impotente, portanto, nem mesmo é Deus. Se pode e quer, o único que convém a Deus, de onde provém então a existência dos males? Por que não os impede?" (fragmento 374 Usener)




Qual a conclusão de Epicuro? 
O que outros filósofos dizem sobre o problema do Mal? 
Deus existe? 


fonte: Terra
fotos: redebomdia, sapo.pt,cultcarioca