Sua revista escolar de filosofia.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Você vai 'descartar' isto?

Uma reflexão cartesiana.

Agir segundo a verdade é ser autônomo, pois significa seguir a própria razão.
Porém, a razão é melhor exercida quando ela se aplica em conhecer clara e distintamente a realidade.
Assim, é pela via intelectual que cada um afasta opiniões vulgares e cultiva conhecimentos seguros.
Deste modo, o progresso intelectual aprimora a vontade e conduz às melhores ações.
E as melhores ações são as verdadeiras.
Logo, a liberdade não é fazer o que se deseja, mas, fazer o que é verdadeiramente correto.





Você vai 'descartar' isto?









imagem: atheistnexus

Na Hipermodernidade


Na hipermodernidade o indivíduo se satura de si mesmo. Frui tudo, consome tudo no presente hiperbólico. Na angústia por se eternizar, eterniza o prazer pela repetição das sensações. Hipermercado, hiperfesta, hiperturismo, hiperexposição, hiperdemocracia, hiperopinião, hiperdiálogo, hipermonólogo.
 
 
O outro está ao lado, mas está distante como se fosse outra galáxia. Cada um orbita em si, solitário como estrela de brilho rápido, ávido pelo combustível que o mantenha aceso. Ama-se menos o ser amado do que o próprio umbigo. Altruísmo e egoísmo são emoções na moda e que se quer viver para se reconhecer vivo.
 
Já não são conceitos morais tradicionais.
não há tradição.
 
Ela também virou objeto presentificado para satisfazer ao consumo. Olha-se para o passado, as raízes estão mortas. Mira-se o futuro, as utopias são vapores. Só se vê o presente e a condenação à liberdade angustiante.

Hipermodernidade: conceito de Gilles Lipovetsky
 
Publicado originalmente no meu Facebook
imagem: Salvador Dalí 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

É transcendental!

Faturas a pagar e R$ 600,00 em dinheiro.

Foi o que Marco Antônio da Silva achou em uma parada de ônibus na cidade de São Leopoldo (RS).

Ele pegou o dinheiro, as contas e pagou todas elas.
Depois procurou a dona do valor e dos documentos para devolver o troco.

Esta é uma atitude que merece o Selo 100% Ética!

Comovente.


Isto, porque Marco Antônio venceu qualquer inclinação pessoal, eliminou qualquer interesse seu em favor do cumprimento de um dever.

Se ele pensasse de modo utilitarista, talvez fizesse o cálculo: este dinheiro pagaria as contas de uma pessoa e enriqueceria x credores. Porém, poderia comprar mais coisas e alegrar mais pessoas, fazendo um bem em maior quantidade. Então, ficaria com o dinheiro.

Se fosse um contratualista, poderia alegar que o dinheiro achado não é criminoso. É uma casualidade positiva para quem o encontra e nada na sociedade impede que se fique com o valor. Ficaria com o dinheiro.

Se fosse um pragmático, poderia alegar que o dinheiro salvaria débitos dele que considera ainda mais graves do que as contas achadas, então optaria por ficar com a grana para atender a um compromisso maior.

Mas, pensando como um intencionalista, Marco Antônio considerou: se fosse meu dinheiro e minhas contas, gostaria que me restituíssem. Ou seja, o valor está na intenção, nela repousa o bem a ser praticado.



Spinoza diria algo do tipo: "Este rapaz entendeu a virtude como ação que aumenta a alegria, logo, eleva a potência de agir. Ele sentiu isto e agiu por correspondência ao próprio divino que está nele. Ao mesmo tempo, alegrou a dona do dinheiro, elevando nela a satisfação pela vida! Celestial!"






Kant elogiaria o Marco nestes termos: "O Imperativo Categórico é bem exemplificado aqui. No lugar de buscar móbiles pessoais para a ação, procurou agir de modo a tornar sua atitude uma regra universal. Cumpriu com um dever da razão de modo livre, guiado apenas pela sublime moral. É transcendental."





Até mesmo o estoico imperador Marco Aurélio, xará do protagonista desta história celebraria: "Valoroso, este jovem. Seu gesto vai além do dever e configura a ação de um sábio. Age conforme o Logos Eterno. Tem Deus na mente. Bendito seja!"




fonte: Correio Braziliense
imagens: CB, internet divulgação