Sua revista escolar de filosofia.

domingo, 19 de julho de 2020

Razão e conhecimento

AULA DIGITAL PROGRAMADA - IEE BARÃO DE TRAMANDAÍ - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO, 20 CN #8

Salve, pessoal!

Na aula anterior nós conversamos sobre o processo educativo estar radicado na necessidade humana de autoconstrução por meio do conhecimento e do autoconhecimento.

O texto de Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) do Protréptico, obra dedicada a explicar a importância da filosofia, fala de uma qualidade humana fundamental: a razão.
Aristóteles descoloriu a barba ou pintou o cabelo?
Para a filosofia aristotélica, a razão é o diferencial específico do ser humano. É o que o faz diferentes de todos os outros animais. Pela razão, o ser humano abstrai ou seja, retira dos seres mundanos particulares informações ou características que são elaboradas pelo pensamento para se tornarem conhecimentos universais sobre cada um desses seres.

Por exemplo: "aluno" é um termo universal e portanto aplicado a todos os elementos particulares que possuem as características próprias de um aluno. O "aluno" é o conceito universal abstraído de cada sujeito no mundo que estuda, vai à escola, etc. O conceito "aluno" é uma abstração e só existe no pensamento como conhecimento.

O conhecimento, por sua vez, é transformado em linguagem com a qual é comunicado, como o termo "aluno", que possui extensão e compreensão e é um signo linguístico por compor o conjunto significante+significado. A comunicação é compreendida então por códigos, entre eles, o verbal. A totalidade da expressão dos pensamentos humanos compõe a cultura.

No aprendizado reside a capacidade de reproduzir e produzir cultura.

Outro ponto fundamental do texto é a natureza da razão.

"A razão cognoscitiva é para nós o fim segundo a natureza" 

O que isso significa?

Para Aristóteles, a razão é inata, nascemos com ela porque é um atributo natural e possui um objetivo.

O que podemos associar, então: o processo que resulta em conhecimento é uma qualidade natural do ser humano provocado pela inteligência racional.

Isso quer dizer que o legado filosófico para a aprendizagem humana é o de que o razão permite compreender relações de lógicas de causa e efeito no mundo que nos cerca e questionar os porquês, o como é o começo do conhecimento produzido pela inteligência natural.

E esse processo tem implicações totais quando se pensa em educação, seja em qualquer nível.

O ser humano sempre vai procurar conhecer, independente de qual seja sua condição social ou existencial.

A escola é um dos espaços nos quais se compartilham experiências de cultura com certa seletividade voltada à otimização do aproveitamento pessoal com a finalidade de construir sujeitos emancipados e criativos.

Essa, pelo menos, é a meta ideal da escola e do trabalho do educador.

ARANHA, Maria Lúcia. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 2006. p.52

Percebeu no texto acima uma relação com a pergunta que você respondeu no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Sala de Aula?


Em algum momento da sua vida estudantil você sentiu que queria aprender mais do que aquilo que estava sendo ensinado?

Todos nós temos a necessidade de conhecer mais, algo que desde cedo se manifesta. Mesmo os bebês procuram o "novo", aprendem com o meio. Fazem isso por terem a inteligência natural latente para ser desenvolvida. Aristóteles se enquadra na linha dos essencialistas, quer dizer, defende que todos os seres humanos têm uma essência comum, universal, que é o intelecto lógico. Essa atribuição natural é que leva o ser humano da ignorância à sabedoria e a escola, como outros espaços de aprendizagem informais, apenas orientam para o conhecimento.

Por isso, a escola nunca ensina o suficiente, ninguém ensina o suficiente, e ninguém aprende também o suficiente senão por procura daquilo que interessa saber.

Você, como um potencial educador, também um educando, vai sentir que o aluno tem uma orientação interna para o que interessa a ele e querer sempre mais e com maior qualidade é sinal de uma inteligência ativa e normal.

Assim, uma escola ou um educador que limite o interesse do aprendiz pode acabar contribuindo menos com o seu aprendizado.

Vamos ver mais um trecho do texto do Protréptico:

"Portanto, se nascemos, é evidente que existimos para conhecer e aprender" 

Ou seja, conhecer e aprender está para nós, seres humanos, como o objetivo para o qual a natureza nos fez assim. E o texto diz na sequência que nascemos para conhecer e contemplar, que de outro modo, quer dizer que o máximo do conhecimento é chegar à verdade total, pois contemplar tem o sentido de admirar algo magnânimo, ou seja, ter a plena sabedoria.

Essa é a meta da vida, da cultura, da educação e do trabalho humanos.

Desse modo, podemos inferir que conhecer e realizar-se pela aprendizagem é um "direito natural" de todos e qualquer interrupção no processo é eticamente questionável. 

Aqui está o texto de Aristóteles ↓













Perguntas... perguntas...

- Que tipo de interferência o professor provoca nesse processo? 
- A interferência é sempre construtiva?
- Que responsabilidade tem o educador ao participar da construção de um sujeito que tem por natureza a propensão ao conhecimento? 
- Qual o melhor modo de contribuir positivamente no processo de aprendizagem sem desviar a busca pelo conhecimento da sua finalidade natural, que é levar o ser humano a alcançar a sabedoria e se tornar pleno de suas potencialidades intelectuais?


São vários os desdobramentos que podemos começar a fazer concentrados em apenas um detalhe da antropologia filosófica...

Com essa breve e incompleta análise, conseguimos resgatar um pouco de conteúdos que vocês já viram relacionados à educação e a filosofia em suas raízes gregas. Mais adiante vamos ver também outras características desse período que ainda hoje nos servem para compreender o ser humano e o que é o conhecimento. 

Belê?!

Nesse caminho, você vai desenvolver:

- habilidades de análise textual, reflexivas e comparativas da cultura filosófica e pedagógica; 
- competências de Conhecimento, Pensamento Científico, Crítico e Criativo e Trabalho e Projeto de Vida. 

Agora, faça a seguinte ATIVIDADE:

Escreva uma dissertação respondendo ao questionamento abaixo:

- A sociedade brasileira proporciona uma escola à altura do fim para o qual o ser humano existe, que é se tornar conhecedor ilustrado e sábio? 


Não esqueça de colocar um título. 

Depois, envie para o e-mail

 charles-ddalberto@educar.rs.gov.br 

Até mais!!

Valores e educação

AULA DIGITAL PROGRAMA - IEE BARÃO DO TRAMANDAÍ - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO, 30CN #8

Olá, pessoal!

Firmeza?!

Humanos evoluídos fazendo poses inteligentes.
O ser humano é nosso fundamento, o ponto do qual partimos para pensar o processo educativo.

Desse patamar nós avançaremos, o que quer dizer que alguns saberes serão retomados para construirmos a nossa organização da informações e assim chegar ao aprendizado ao qual nos propomos, que é refletir a educação pelo seu viés ético e político.

Na aula anterior, deixamos um texto de Carlos Luckesi para fazer a ponte para aquilo que nos interessa mais.

Vamos analisar alguns detalhes que podem ser úteis.

De saída, Luckesi diz que

"Filosofia e Educação são dois fenômenos que estão presentes em todas as sociedades."

Poderíamos pensar: "Claro, em todas elas há ou houve escolas!"

Está certo isso?

Claro! Que não...

A escola resulta de um processo histórico que foi se consolidando com as transformações sociais e tem sua formatação atingida na modernidade como instituição responsável pela guarda e transmissão dos saberes agregados no tempo e que compõem a cultura das sociedades.

LUCKESI, Filosofia da educação. p. 84

Desse modo, a escola enquanto espaço funcional de transmissão sistematizada de saberes, como a conhecemos, é recente, mas a educação não. Ela é um fenômeno de todos os tempos e de todas as sociedades, cada uma delas com características próprias correspondentes aos contextos históricos de cada uma delas.

No mundo antigo teremos a educação grega, por exemplo, centrada na formatividade integral do sujeito tendo por modelo as tradições constituídas em mitos que narram as virtudes heroicas dos antepassados. Não havia escolas, mas mestres preceptores. Já no contexto clássico, surgem "professores", os sofistas, que ensinavam a retórica como ferramenta essencial à ambição política no ambiente democrático ateniense. Górgias e Protágoras são dois dos maiores representantes desse período que, por sua vez, vai estimular a reação de Sócrates à decadência da sabedoria grega provocada pelos sofistas e levar à renovação da filosofia tornando-a antropológica, centrada no ser humano e no autoconhecimento.

Sócrates vai legar ao mundo o conceito de maiêutica, que você já ouviu ou deveria ter ouvido falar, que provoca a extração do conhecimento da própria subjetividade. Quer dizer, o conhecimento deve ser verdadeiro, porém, a verdade não é alcançada pela aparência das coisas particulares do mundo e sim pela essência universal das coisas. O essencial é atingido apenas pelo raciocínio por abstração. Logo, é a razão de cada pessoa que vai levá-la à verdade. A verdade não é outra coisa senão o conceito universal e exato sobre cada coisa.

Exemplo: conhecer a justiça é dominar o conceito de justiça, ou seja, saber dizer o que ela é de modo que a definição já não seja refutada facilmente por qualquer objeção. 

Vamos ver, então...

O que é educação?

Responder a isso é dominar o conceito de educação. Quem der uma resposta profunda e que se aproxime da resposta definitiva é porque tem o conhecimento verdadeiro do que seja a educação. Chegar a esse conceito exige informação, conhecimento e muita reflexão, que é examinar o próprio conhecimento para ver se ele está certo. Esse trabalho é da razão! 

Sooor, por que a gente tá vendo isso?!

Vem comigo!! 

Por que será que Sócrates levou a filosofia a uma revolução e com isso mexeu na educação grega com consequências até hoje?

Falei em Górgias e Protágoras, os sofistas, né...

Vamos ver o que eles propunham.

Górgias (Séc. V a.C.) - Para ele, nada existe. Se existe, não pode ser conhecido. Se pode ser conhecido, não pode ser comunicado. Se pode ser comunicado, não pode ser entendido.

Cético e niilista, Górgias afirmava a impossibilidade de conhecer a verdade sobre a realidade. Sua educação era para a finalidade política e conquista do poder social.

*Sabe o que é niilista? 
Consulte e amplie seu vocabulário! 

Se alguém pensa assim, para que estudar?
Para que ir à escola? 
Que sentido há para a vida se tudo for apenas um jogo de poder? 

Protágoras (Séc. V a.C.) - Para ele o cada pessoa é a medida de tudo o que ela considera real.

Relativista e subjetivista, Protágoras considerava que as pessoas tem suas verdades próprias e que a verdade de cada um possui valor equivalente. Sobre um mesmo objeto, pessoas que pensam de forma contraditória estão ambas certas. A verdade é o que prevalece ao final da persuasão.

Se for assim, a verdade é apenas um ponto de vista?
Como fica a ciência, que é objetiva e sua conclusões são universais enquanto persistem?
Como ensinar algo a todos se cada pessoa pensa por si? 
Como fica um sociedade onde cada acha que sua opinião é a verdade? 

Esses são grandes problemas que ainda hoje podemos enxergar claramente em nosso meio.

Ou não?!

Só sei uma coisa: que nada sei. 
Sócrates propôs que sim, há verdades que não são subjetivas, mas objetivas: elas são os conceitos. (Vou suprimir a biografia e a metodologia socrática porque vocês já viram, se tiverem dúvidas, perguntem. Nos links há informações). 

Portanto, o ensino-aprendizado deve levar cada pessoa a desenvolver o próprio potencial da inteligência vasculhando o seu interior, a sua "alma", o seu intelecto, para de lá tirar (maiêutica) a verdade: conheça-te a ti mesmo!

De outro modo, cada um é que aprende. O ensino é a ajuda que o educador oferece para o sujeito-aluno aprender. E aquilo que é aprendido, quando é verdadeiro, todos podem ver desde que usem bem o raciocínio para entender.

Tranquilo até aqui?

Vamos dar um pulo, então:

Por que escolher diferentes princípios para a educação? 
O que nos leva a preferir a filosofia de Sócrates ou dos sofistas, que são nossos exemplos?
Entre as diferentes filosofias e suas tendências pedagógicas, por que adotar umas e não outras?

Essas questões vão nos levar a pensar na questão do VALOR. 

Você sabe o que são os valores, como eles são constituídos, quais seus "eixos" teóricos?

Pensar sobre isso vai nos permitir visualizar nossas próprias crenças e condutas enquanto estudantes e futuros educadores.

É sobre valores que o texto de Luckesi (lembram?) fala exatamente em seu final!

"Se a ação pedagógica não se processar a partir de conceitos e valores explícitos e conscientes, ela se processará, queiramos ou não, baseada em conceitos e valores que a sociedade propõe a partir de sua postura cultural." 

Quer dizer: se o educador não escolher seus conceitos e valores, a educação será guiada por aquilo que a sociedade quer.

Aquilo que a sociedade quer e pratica como cultura é sempre o melhor?
Se a educação escolar só reproduzir o que a sociedade pratica ela vai avançar?

Volte a olhar a imagem e pense: 

Essa cultura é a que queremos reproduzir?
O que podemos fazer como educadores para interromper isso? 
Que conceitos e valores adotar em nossas vidas para transformar essa cultura?



Não tá faltando nada?

Faaaaalta, siiiiim! 

Deixei uma pergunta que você respondeu lá no AVA Sala de Aula sobre sua relação como futuro educar com o aluno.

Todos foram na direção do respeito ao educando. Ao se posicionar assim, o professor está adotando para si um significativo perfil da cultura contemporânea de valorização da autonomia do aluno como sujeito livre e dotado de possibilidades latentes a serem desenvolvidas em forma de competências e habilidades. Se está adotando uma pedagogia que transita entre a liberal renovada e a histórico-social. Na base delas há filosofias libertárias a respeito da natureza ou da condição humana e de sua autonomia cognitiva.

Uma resposta nunca é banal, assim como uma atitude quando se trata de educar.

Se vocês tivessem sido educados com tendências conservadoras tradicionais, a preocupação não seria o respeito ao aluno, mas o respeito ao professor e à escola em primeiro lugar fazendo o estudante se adequar a ela ou então sofrer um processo excludente.

Percebem, né?!

Educar se relaciona com a cultura e com os valores, volto a dizer.

Uma reportagem de arquivo reflete ainda hoje a realidade do Brasil quanto ao acesso e permanência na escola (clique aqui). Leia e se enriqueça.

Um vídeo bem didático vai dar uma noção geral do que são os valores (axiologia) e como eles são constituídos.
(clique aqui para ver). Confira, porque ele nos ajudará a seguir no conteúdo. 

Anote o que achar necessário.
Cada postagem fica sempre à disposição;

Dúvidas ou comentários, enviem pelo mural do Classroom ou e-mail

Agora, volte ao AVA Sala de Aula que há uma tarefa para você que relaciona realidade socioeconômica, educação e valores.

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br

Você vai desenvolver:

- Habilidades críticas textuais, leitura semiótica, comparação entre culturas. 
- Competências de Pensamento científico, crítico e criativo; Trabalho e Projeto de Vida; Responsabilidade e Cidadania. 

Firmou?! 

Até mais!! 

Tipo assim, platônico

O que você sentiria se alguém que você ama muito dissesse assim:

- Olha, tipo... eu também te amo, mas é um amor... tipo assim, platônico.

É, o amor é um caso brabo... 

Ou a gente compreende como ele aparece ou acaba se confundindo! 

Sim, porque o amor nunca é de um só tipo, apesar de ser um mesmo amor. 

Vamos, lá, vamos tentar entender o tal de amor platônico para não se desesperar ou então... se achar o máximo. 

Platão aponta para o mundo da ideais - Escola de Atenas
Platão (428 a.c. - 347 a.c.) é um filósofo importantíssimo para a história da filosofia. Ele desenvolveu o conceito de "ideia" para explicar a origem do Ser. Quer dizer mais o menos que as coisas que existem no mundo físico são cópias de matrizes ideais e eternas, portanto, imateriais. 

Não entendeu, né? 

Pense assim: 

Você olha pela janela e vê árvores. 
Imagina aí.

Cada árvore que você vê é uma unidade singular, uma árvore particular, uma parte do conjunto de todas as árvores que existem. 

Como você sabe que e uma árvore?

Porque você tem uma ideia ou uma representação da árvore dentro da cabeça que faz com que você reconheça cada árvore que vê. Esse ideia é universal, vale para todas as árvores que existem. Se você tiver que desenhar ou explicar o que é uma árvore, você recorre a ideia de árvore ou ao conceito, mesmo que não haja uma árvore na sua frente naquele momento. 

As árvores que estão no mundo físico só estão lá porque é como se elas tivessem sido "desenhadas", fabricadas a partir de uma forma universal, um modelo que existe naquilo que Platão chama de mundo da ideias

Então, há dois mundos: o mundo sensível (físico) e o mundo inteligível (das ideias). 

O mundo físico só existe porque há o mundo inteligível que serve de matriz para tudo ser criado. 

E quem cria o mundo? 

Sem entrarmos muito nesse caminho agora, vamos dizer que Platão entende que é um Ser Perfeito que pensa as ideias (formas) perfeitas a partir das quais o universo material é feito. Tipo um deus, uma inteligência absoluta, o Logos

Bom, vamos então saber o que isso tem a ver com o amor platônico. 

Estamos estudando as características de Eros, certo? 

Para entender o amor platônico, temos que ter em mente essa noção da ideia perfeita

Isso porque Platão vai apresentar Eros, o amor, em dois níveis: um vulgar e um sofisticado
Lindinho, né?!
O Eros vulgar é aquela carência pelas coisas particulares que nos interessam, como já vimos, e que se torna desejo.


Assim, uma pessoa vê num objeto a razão da sua vida, vê na outra pessoa sua metade da laranja.

Por quê? 

Uma das razões é porque acha bonito.

Vê a beleza da pessoa, de uma roupa, de uma obra de arte. 

Quando o amor é apenas o desejo por uma pessoa ou coisa material, ele é vulgar, é um amor simples. É um amor centrado na aparência.

Agora, é por meio desse amor vulgar e simples que se pode chegar ao amor sofisticado, aquele mais sublime, o amor pela "alma do ser amado". 

Se Platão estiver certo, por meio da procura pela essência das coisas, o ser humano chega no que ela tem de especial, de único, mas que é também universal porque está em todos que a possuem. 

Essa essência é imaterial, ideal, perfeita, imutável, universal e não é percebida com os olhos físicos, mas apenas com a inteligência. 

Os olhos físicos enxergam apenas a aparência. 

Então, se alguém se apaixona pela aparência de alguma coisa, esse é o Eros vulgar. 
Mas, se esse alguém é capaz de perceber aquilo que há de essencial nessa coisa, então ele já está amando aquilo que é universal, sublime, único, perfeito e que permite a essa coisa ser tão amável. 

Exemplo: 

Alguém que se apaixona por uma pessoa bonita só enxerga a beleza da pessoa. 
Alguém que se apaixona pela Beleza em si, vê o belo que está além da aparência. 

A beleza em si é a própria beleza em seu estado ideal, imaterial, eterno. Quer dizer, os olhos enxergam as coisas bonitas, mas o intelecto entende o que é a própria beleza e a "vê" como se a "enxergasse" apesar dela ser um conceito, isto é, ser "visto" apenas pela razão. 
ARANHA e MARTINS. Filosofando, p.84

Você reconhece a beleza porque ela está na sua cabeça como a ideia de beleza, mas a própria Beleza em si não está toda na sua cabeça, ela está no mundo inteligível como uma ideia verdadeira, perfeita e eterna com a qual são feitas todas as coisas belas que existem no mundo físico. 

                              Dá uma lida →

O amor platônico, então, é a capacidade de se encantar pela essência, não pela aparência. É a capacidade de amar o que os olhos não enxergam, mas a inteligência sim. É amar as coisas verdadeiras que só são "vistas" pela inteligência e não pelos sentidos físicos. Essas coisas verdadeiras, inteligíveis e universais são também eternas porque não estão sujeitas à ação do tempo, não se desgastam como a beleza física.  

Assim, uma pessoa de aparência feia, ainda é bela porque é um ser humano e possui a grandeza de ser humana, mesmo que como pessoa ela seja imperfeita. 

Então, você enxergou a essência da pessoa, a sua humanidade e o que há de belo nisso, de belo em ser um ser humano. 

Mas, você não vê a humanidade de ninguém com os olhos físicos e sim com a inteligência, o intelecto, a razão porque humanidade é um conceito, uma ideia sobre o que é o ser humano. 

É por meio do Eros platônico, do amor platônico, que o ser humano não ama apenas os sábios, mas ama a própria sabedoria. E por amar a sabedoria, ele se esforça para estar com ela. 

   Eros
O pobre deseja a fartura.
O feio deseja o belo.
O ignorante deseja o conhecimento.   

Quem é carente do saber deseja a sabedoria.

Esse é o amor intelectual, dos que filosofam, dos que querem a verdade porque ela é essencial e vital. 

Então, se alguém disser que sente amor platônico por você, o que ele quer dizer?

Se está na dúvida, leia de novo! 

Espero que você tenha amado o amor platônico!

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br

Atualizado em 14/06/21

Filosofia ou filosofar?

Olá, pessoas!

Vamos aos poucos nos aproximando da filosofia, essa disciplina nova para muitos, conhecida para outros e agora uma prática para todos nós.

Na lição passada, algumas questões levaram a uma proximidade inicial com a atividade filosófica.

No geral todos os que responderam se dedicaram um pouquinho a refletir, que é pensar sobre os próprios pensamentos a respeito de alguma coisa. O pensamento humano, portanto, nunca é banal e não precisa ser fútil, basta que orientemos ele para alguma utilidade.

Se pensarmos, por exemplo, sobre qual seria a nossa própria filosofia, começaremos e procurar respostas não tão óbvias. 

Com a nossa filosofia, podemos perceber que todos temos um tipo de orientação para o sentido da vida e com isso chegamos a uma das definições da filosofia, na sua forma mais ampla, que é aquilo que chamamos popularmente de "filosofia de vida". Todas as culturas ao longo da história tiveram as suas e cada um pode também tê-la e mudá-la com o tempo.

Contudo, a Filosofia propriamente dita é uma atividade sistemática e metódica rigorosamente exercitada por meio de processos lógicos com objetivo definido: explicar o Ser em sua totalidade.

Explicar o Ser em sua totalidade?! 
A coruja é um dos
símbolos da filosofia. Ela é
o pássaro de Atena, deusa
grega da sabedoria e da justiça.

Que isso, Sor?!

Aham!!

Vamos dizer de outro modo:

A filosofia é uma prática teórica, mas não científica, que tem a razão por meio, o todo por objeto e a sabedoria por fim, diz André Comte-Sponville, filósofo e professor francês.

O todo como objeto quer dizer tudo o que existe e que somente para o ser humano existe com algum significado.

Qual o significado da vida? 
Para que serve estudar e trabalhar? 

Um médico estuda a saúde humana, mas se ele deve usar seu conhecimento para o bem ou para o mal, isso a medicina propriamente não ensina. Quem ensina isso é a filosofia aplicada ao ofício médico e à prática que cada ser humano faz desse ofício ao ser dele um agente. Então, o médico que tem ética é alguém que age com sabedoria. A ética é um dos ramos da filosofia. 

Veja, a sabedoria é o fim, é o objetivo máximo da filosofia e o "instrumento", o meio para chegar até ela, Comte-Sponville diz: é a razão, o raciocínio. Por isso a filosofia é uma prática teórica.

E quem começou a fazer filosofia de um jeito organizado foram os gregos por volta do século VI antes de Cristo. Eles começaram a explicar o Ser, a realidade, pelo meio natural da razão e não mais por meios supersticiosos e sobrenaturais como a tradição mitológica e as religiões. 

Agora você pode me perguntar:

Se eu estudar filosofia eu vou aprender a ser sábio?

Sim e não. 

Sim, porque você vai conhecer o pensamento de quem já filosofou profundamente ao longo da história.

Não, se não praticar.

Se a filosofia é uma prática, ela é uma ação.
Logo, precisa ser feita, ser praticada por você para ter sentido.

Se você não filosofar, não vai aprender.

Por isso, te convido: vamos filosofar para aprender filosofia?

Veja o que diz esse texto de André Comte-Sponville:

Apresentação da filosofia. p. 13

Viram, ninguém pode filosofar por nós.

E quando estamos prontos para fazer isso?

Veja esse outro texto de Epicuro:

EPICURO, apud MONDOLFO. O pensamento antigo. 

Parece que não há idade para filosofar porque não há idade para saber como viver e viver bem, sendo assim, tão feliz quanto conseguir.

Porque uma coisa tão especial quanto a felicidade não deve ser fruto do acaso, mas de muita estratégia para não errar e não botar todo o esforço a perder. A felicidade é um alvo pequeno e precisa ser ótimo na pontaria para acertar.

Daí vem a questão: como devo viver? 

Se você quiser viver feliz, então vai precisar descobrir o que a felicidade é ou seja, VAI PRECISAR COMPREENDER O CONCEITO DA FELICIDADE, isso quer dizer entender de forma precisa o que a felicidade significa. Essa é uma atividade da inteligência humana que nada nem ninguém pode substituir. Se você não encontra a própria verdade ou não se importa com ela, pode acabar vivendo a verdade dos outros sem perceber e sem experimentar a própria liberdade de fazer o seu próprio caminho e suas descobertas mais autênticas.

Mas, o que são a VERDADE e a LIBERDADE?

Também são conceitos...

Então, faço outra pergunta:

Alguém se dedicaria a buscar alguma coisa se não achasse que ela é importante, útil ou prazerosa, como a felicidade, a verdade e a liberdade?

Quando gostamos muito de algo, de alguém, de nós mesmos e queremos o melhor acima de tudo, podemos dizer que amamos isso que gostamos tanto?

Pois é sobre o amor que vamos falar no próximo encontro, já que ele está na própria palavra filosofia.

Fechado?

Então, aguarde a próxima postagem no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) que o amor vai ser nosso centro de reflexões filosóficas! 

Acho que você vai amar!!!

Qualquer dúvida, entre em contato pelo mural ou pelo e-mail
charles-ddalberto@educar.rs.gov.br

Filosofe com calma para não gostar de mais, tá!!


terça-feira, 7 de julho de 2020

Pão? Não há padaria

AULA REMOTA DE SOCIOLOGIA PARA A EEEM SANTA ISABEL, 1º #7

O homem pode viver longe da sociedade?

Sem dúvida que pode.

Mas, isso vai provocar inúmeras mudanças no estilo de vida.

Basta imaginar um pouco como seria a rotina de alguém que tenha que fazer tudo, absolutamente tudo sozinho para sobreviver.

Sim, porque afastar-se da sociedade significa não depender dela em nada e em nada contribuir para a vida no meio coletivo.

Agora deu vontade...
de nunca abandonar a sociedade


Pão? 

Não há padaria. 





Água?

Sem fornecimento senão o da natureza.

Luz?

Construa sua usina e sua rede com o que você tiver no meio natural, pois fios, por exemplo, já seriam produtos da indústria e a indústria é um modo de produção social moderno.

E por aí vai.

O que podemos admitir é que o homem evoluiu coletivamente e de forma gregária como mostra a História. Isso resultou em conquistas possíveis apenas para a sociedade humana.

Agora, temos uma pergunta:

Se uma pessoa pode decidir viver totalmente isolada da civilização, a humanidade poderia ter optado em não viver em sociedade?

Em outras palavras, A SOCIEDADE HUMANA É UMA IMPOSIÇÃO NATURAL?

Quer dizer, o homem foi "destinado" pela própria natureza a viver de modo coletivo.

Aristóteles já dizia quatro séculos antes de Cristo e cerca de 1.500 anos antes da Sociologia que assim como as abelhas vivem em sociedade por natureza, o homem também vive em sociedade por natureza.

Então, podemos chegar a mais questões.

Se a sociedade humana é um fenômeno natural como uma ocorrência da biologia, por exemplo, existem leis naturais que obrigam o ser humano a formar a sociedade do jeito que é? 

Vamos ler um texto abaixo.

Para quem está no ambiente Google Sala de Aula, o texto está lá com o da semana passada para ajudar na consulta e na resposta.



Responda as questões que estão abaixo de texto e envie para o e-mail

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br 

Bom estudo!!


Heráclito, a banana e a ontologia

Heráclito, também conhecido no seu tempo como o "obscuro".

Da cidade grega de Éfeso, viveu entre os séculos VI e V a.C. e foi considerado pelos seus contemporâneos uma pessoa de temperamento desconfiado e inconstante.

Quando chamado a participar das questões públicas, uma obrigação para os gregos antigos, recusou por achar inútil.

Flagrante de Heráclito espremendo um pensamento
interessante
Do seu pensamento, chegaram até nós vários fragmentos da obra Sobre a Natureza. Com frases enigmáticas, Heráclito marcou definitivamente a filosofia e a cultura, pois o fundamento da sua compreensão da realidade convive conosco até hoje.

Que ver?!

Na lição anterior, você deveria apresentar uma provável filosofia para música Como uma onda no mar, de Lulu Santos.

A letra fala da mudança perpétua das coisas, quer dizer, nada permanece do jeito que está.

Esse pensamento é o de Heráclito e contraria totalmente a filosofia de Parmênides, que afirma que a mudança é só uma aparência, na essência, tudo é estático, por exemplo, a cor branca sempre é branca, mesmo que aquela camiseta envelheça e fique amarelada. A camisa fica amarelada, mas a essência do branco continua intacta, por isso é que sabemos que branco é branco e não outra cor.

Para Heráclito, Parmênides tá... viajando... 

Sério!!

Heráclito propõe justamente o oposto: enquanto Parmênides defende o imobilismo do Ser, Heráclito afirma o mobilismo do Ser, o mobilismo ontológico. 

Ontologia = estudo do Ser

Quer dizer, as coisas mudam porque é a natureza de todo o cosmos mudar sempre.

Vou dizer de novo de outro jeito:

A ÚNICA COISA QUE NÃO MUDA NO UNIVERSO É QUE TUDO MUDA O TEMPO TODO.

O Ser jamais é o mesmo em qualquer intervalo de tempo!

Lembram da banana da última aula?

Pois bem, uma banana nunca é a mesma e Parmênides diz que isso é só a aparência. Heráclito não, ele diz que você pode até não ver, mas em cada segundo ou fração de segundo, as células da banana estão mudando, envelhecendo, evoluindo de um estado para outro e isso é a natureza, a physis. Por isso, apesar de chamarmos a banana sempre de banana como se ela fosse estática e o termo "banana" fosse um conceito que mostra o conhecimento verdadeiro do que é uma banana, na verdade ela nunca é a mesma coisa! 

Heráclito diz:

"Não se entra no mesmo rio duas vezes." 

Se radicalizarmos a ontologia dele, podemos dizer que não entramos no mesmo rio nem uma vez, pois, por mais rápido que se entre, o rio já mudou.

E no entanto, chamamos sempre de... RIO!

Isso mesmo, Heráclito coloca para nós um problema entre a LINGUAGEM e as COISAS, os nomes, os conceitos, as proposições nunca expressam exatamente o que a REALIDADE É, são apenas convenções, abstrações e nunca conhecimento racional e verdadeiro da essência do Ser.

Por isso que Parmênides está viajando!!

A realidade não pode ser conhecida com quer Parmênides, pois quando se diz que se conhece uma coisa, ela já mudou...

Que paulada!

E não é assim?

Quem pode dizer que sabia que viria um vírus novo com exatidão? 
Quem pode dizer o que será do amanhã?
Que as coisas serão o que são hoje? 

Por que a ciência, por mais que avance, nunca alcança o conhecimento definitivo, mas somente o provisório?

Para Heráclito, a única certeza constante é que tudo é incerto e inconstante.

DIALÉTICA

O modo de Heráclito raciocinar não é o mesmo de Parmênides.

Para Parmênides, a lógica não pode ser contraditória: esse é um dos princípios lógicos.

- Uma coisa é igual a si mesma;
- Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob as mesmas condições; 
- Uma coisa é ou não é, jamais pode ser uma terceira coisa.

Então, o que é, é.

Para Heráclito, uma coisa, que vamos chamar genericamente de SER, uma coisa que existe, é algo em mudança de um estado para outro sem parar jamais. Então, ela é o que é e também o que não é porque está deixando de ser a cada instante para se tornar outra coisa. 

Uma coisa é UM SER QUE ESTÁ MUDANDO PARA ALGO QUE ELE AINDA NÃO É. Quando for esse algo novo, já estará mudando de novo em um ritmo perpétuo.

SER → NÃO-SER 

Esse FLUXO chamamos de dialética ontológica, quer dizer o Ser (ontos) muda do que é para o que não é e vice-versa, como um "diálogo" entre dois pontos de vista diferentes - nesse caso, estados diferentes - por isso, dialético.

Heráclito pensa assim porque percebeu que a razão também funciona desse modo.

Só conhecemos o frio porque comparamos com o calor.
Só conhecemos a escuridão porque comparamos com a luz. 

Podemos conhecer algo sem ter com que comparar?

Sabemos o que uma coisa é comparando com aquilo que ela não é.

Então, a natureza, que é a essência (physis) desse universo organizado e inteligente chamado cosmos (ordem), que é a matriz da nossa inteligência humana, também deve ser assim, funciona pelo choque entre forças opostas criando sempre o novo no futuro. A natureza é assim porque a força que a originou (arché), a inteligência cósmica ou Logos é assim

Volte à banana: a banana nova pela manhã será velha à tarde. O estado velho da banana é o novo estado que vem com o passar do tempo naturalmente. O novo será ser podre, depois ser adubo, depois uma nova planta, etc. Essa mudança é imperceptível no curto espaço temporal, porém, ocorrendo em cada fragmento do tempo. Nada jamais é sem não-ser porque transita de um para o outro sem intervalos estáticos.

Logo, a natureza funciona assim bem diante dos nossos olhos!  

A incrível dialética da banana
Uau!!

Heráclito, a banana e a ontologia, fazem todo o sentido! 



Lulu em fundo banana e
cara de.. sábio!
"Nada do que foi será, igual ao que a gente viu há um segundo

Tudo muda o tempo todo no mundo..." 




Gostou?!


O que aprendemos hoje foi um pouco mais sobre ontologia ou metafísica.
Nos apropriamos da história do pensamento filosófico e científico dentro de competências como Pensamento Científico, Crítico e Criativo, Conhecimento e Argumentação. 

__________________________________________________________________


* Compare as filosofias de Parmênides e Heráclito, diga qual a que parece mais sensata e justifique com argumentos que provem o que você está afirmando. Use exemplos concretos para fundamentar.  Apenas opinião não vale! 

Poste aqui no blog no espaço dos comentários.

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br 

Até +!!

Editado em 01/10/2021

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Jorge ou Francisco

AULA REMOTA DE ENSINO RELIGIOSO DA EEEM SANTA ISABEL - 3º ANOS #8

Somos testemunhas de uma episódio histórico para o cultura cristã.

Jorge Mario Bergoglio, atual Papa, é o primeiro pontífice a adotar o nome Francisco.


Isso tem implicações variadas para o mundo cristão ao reviver o carisma e os ensinamentos do Pobrezinho de Assis, como ficou carinhosamente conhecido o herdeiro da rica família italiana Bernardone, São Francisco de Assis.

São marcas da sua espiritualidade e de sua ética:

- vivência de um amor universal por toda a natureza;
- defesa intransigente da vida e da paz;
- respeito total ao outro; 
- humildade e fraternidade absolutas;
- renúncia ao poder, à glória e às riquezas sociais;
- serviço ao próximo. 

Francisco de Assis é patrono da ecologia e exemplo de solidariedade e por isso vai ao encontro daquilo que estamos conhecendo da Doutrina Social da Igreja e da teologia ambiental.

Mas, para entender melhor a vida e os propósitos de Francisco de Assis e de como ele pode influenciar a ética cristã, vamos conhecer sua vida a partir de um documentário.

Ele será a referência para construirmos um projeto pedagógico à distância.

Prontos para a ação?!

PRIMEIRA FASE

Nessa primeira etapa, você deve entrar em contato por e-mail, telefone ou rede social com colegas da turma e organizar uma dupla ou um trio para fazer o trabalho.

Depois, todos devem assistir o documentário.

Anote o que achar interessante porque do documentário vocês precisam tirar ou criar um TEMA PARA PESQUISAR.

Calma!

Vou ajudar a organizar tudo, inclusive vamos aprender a formatar a pesquisa nas normas técnicas.

Por enquanto é isso!

No próximo encontro vamos organizar o tema.

Agora, voltem ao Google Sala de Aula e acessem o documentário.

Até mais!!

CLIQUE PARA VER O DOCUMENTÁRIO

RECADO IMPORTANTE

Você ainda pode acessar o vídeo por aqui.
Mas saiba que agora a 'sala de aula' é o Google Class Room.
As respostas serão por lá, os registros de atividades realizadas e escore de cada exercício planejado.

Portanto, faça seu e-mail "educar" se você ainda não o fez.

Entre em contato com a escola e atualize seus dados.

O e-mail agora para devolver as atividades é
charles-ddalberto@educar.rs.gov.br 

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Uma teoria sobre o ser humano - Filosofia da educação

CONTEÚDO PARA AULA REMOTA DAS TURMAS  20CN  E 30CN - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO #7 

Olá, pessoal!

Em nosso encontro anterior, falamos de maneira introdutória da relação entre filosofia e educação.
Crítico: sabe como as coisas são e questiona
por que elas nem sempre são como deveriam ser. 

Esse vai ser o roteiro básico do nosso percurso: pensar a educação escolar como prática fundamentada em tendências pedagógicas que, por sua vez, são elaborações filosóficas. Para muitos o assunto não é novo, mas vamos formatá-lo ao nosso modo.

As questões deixada para vocês pediam uma reflexão a respeito da filosofia como, vamos dizer, uma forma de ser.

No texto de Luckesi, autor dedicado à pensar a filosofia envolvida com a educação, ele afirma que a filosofia nos contém, nos envolve.

O que isso quer dizer?

A filosofia surgiu na Grécia antiga no século VII a.C. com a pretensão de ser a TOTALIDADE teórica sobre a realidade. Significa dizer que a filosofia como um "produto" da racionalidade, ela procura explicar de forma coerente e, portanto, LÓGICA, todo o fenômeno observável, seja ele concreto ou abstrato.

Portanto, a filosofia é o ponto de partida da aventura humana do conhecimento adquirido pela própria inteligência do homem, e não mais por revelações vindas de uma fonte sobrenatural.

A filosofia é, em primeiro lugar, um conhecimento natural (da própria inteligência humana) das coisas naturais (tudo o que está no universo natural).

Com o tempo, a filosofia foi abrindo espaço para o que hoje é o conhecimento científico e ela, a filosofia, passou a REFLETIR sobre o REALIDADE HUMANA de modo a entender o que é o homem, sua origem e o que é importante para vida humana, se tornando, assim, ANTROPOLÓGICA. Essa transformação tem seu início no período chamado clássico, por volta dos séculos V e IV a.C, na Grécia.

Quando Luckesi, diz que a filosofia está em tudo e nos envolve, ele está apontando que TODOS NÓS TEMOS A NECESSIDADE DE REFLETIR SOBRE QUEM SOMOS E O QUE DÁ SENTIDO A NOSSAS VIDAS.

Não filosofar tem como consequência DEIXAR DE BUSCAR POR SI MESMO O SENTIDO DA SUA PRÓPRIA VIDA.

Entendido até aqui?




Tome uma água e vamos em frente!





Platão

Agora temos o pensamento de Platão: filosofar é usar o saber em seu próprio proveito.

Ora, se a filosofia é uma prática necessária para que qualquer pessoa aponte o sentido da sua própria vida, quem SABE APONTAR ESSE CAMINHO PARA SI MESMO é quem se dedica a filosofar.

Comte-Sponville


André Comte-Sponville força essa mesma ideia: quem filosofa é alguém que elabora um projeto de vida coerente e executa esse projeto, é alguém que vive seu próprio pensamento e não o pensamento dos outros, sendo, assim, UM SUJEITO AUTÔNOMO, quer dizer, com relativa liberdade, e AUTÊNTICO, porque sua visão de mundo, mesmo que seja parecida com a de outras pessoas, é uma visão que ele próprio construiu com sua própria liberdade de reflexão.



E qual a crítica da charge?

Ela é muito rica e são vários os significados presentes nela, o que uma análise semiótica revelaria sem maiores dificuldades.

Em sociedades desiguais, nem todos possuem acesso aos bens culturais e à escola.

Ser educado, bem educado e escolarizado, nesses casos, é um privilégio.

O que não deixa de ser um preconceito assumido inclusive pelas camadas mais pobres que entendem que o trabalho e renda necessários à subsistência são prioridades e educação é supérfluo.

Todos deveriam ter acesso igual à escola e ao conhecimento. Porém, o conhecimento liberta porque promove a conscientização do indivíduo sobre sua importância social e histórica.


↑ Percebam que a indigência intelectual 
equivale à estética: a ignorância é algo feio, 
a brutalidade é carrancuda, 
a pobreza cultural é uma espécie 
de deformidade, a dependência é triste. 

UM INDIVÍDUO CONSCIENTE É UM INDIVÍDUO EMPODERADO.

E quem ambiciona esse poder, às vezes é visto como alguém com "mania de grandeza"... apenas por que deseja se libertar de uma condição inferior aos próprios potenciais.

- Um sujeito que sabe o que quer e pode colocar em prática sua vontade, é ou não uma pessoa USA O SABER EM SEU PROVEITO? 

- É ou não alguém que PENSA A PRÓPRIA VIDA E VIVE O PRÓPRIO PENSAMENTO? 

- É ou não uma pessoa que compreende a necessidade de refletir sobre o significado da própria existência e com isso, filosofa?

AO SER EDUCADO O SER HUMANO APRENDE A REALIZAR SEUS POTENCIAIS RACIONAIS E EMOCIONAIS TORNADO-SE HUMANIZADO.

E esse é um processo que não tem fim. Aprender é algo que fazemos a vida inteira, sempre há tempo para descobrir algo novo, na escola ou fora dela, tanto que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (9396/96) afirma em seu artigo 3º dos princípios da educação nacional a garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.

Com isso, acho que temos uma apanhado geral do caminho que as repostas às questões devem ter seguido.

Luckesi, Platão e Comte-Sponville se complementam e espero que agora você tenho percebido melhor a razão disso.


Vem comigo mais um pouco? 


Estamos quase no fim... 




FILOSOFIA: PONTO DE PARTIDA PARA A PEDAGOGIA

A filosofia é a atividade que leva à sabedoria.

Ela não é um conhecimento científico. Ela é a reflexão sobre tudo o que se conhece. Quer dizer, a sabedoria não é algo objetivo, externo à pessoa e que possa ser transferido ou ensinado. A sabedoria é UM APRENDIZADO SUBJETIVO, cada um constrói sua própria sabedoria quando conhece e questiona o mundo à sua volta.

O recorte do mundo que nos interessa é a escola e a educação.

Com isso, podemos nos perguntar:

- QUAL O SENTIDO DAQUILO QUE A ESCOLA ENSINA?
- QUAL A UTILIDADE DO CONHECIMENTO?
- POR QUE É PRECISO APRENDER?
- O QUE É APRENDER?
- QUEM É O APRENDIZ?

Percebem que já estamos indo em busca de um significado existencial, ético e epistemológico para a questão do aprendizado?

Certamente ninguém nasce um cientista, nem um sábio.

Conhecimento e sabedoria são conquistas quem vêm da ação esforçada, do trabalho, das experiências, das construções pessoais dos significados de tudo que é vivido.

Porém, há no ser humano uma disposição para aprender?
Querer conhece é uma vontade natural, uma imposição cultural ou uma construção histórica?

A partir de agora, vamos pensar um pouco sobre nós como aprendizes e ver o que a filosofia nos oferece para entender mais da nossa condição como epistemologicamente curiosos, quer dizer, alguém que quer e precisa conhecer.

Vamos ver que a pedagogia, como uma teoria aplicada à educação, tem por trás uma teoria sobre o ser humano.

Agora, volte ao Google Sala de Aula.

NO AMBIENTE DA SUA TURMA VOCÊ VAI ENCONTRAR MATERIAIS DIFERENTES PARA OS SEGUNDOS E TERCEIROS ANOS.

LÁ TAMBÉM HÁ ORIENTAÇÕES SOBRE QUAIS SÃO AS ATIVIDADES PARA CADA ANO.

Bons estudos!!

#FiqueEmCasa

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br 









Segura, coração!

E aí, gente!!

Tudo certo?

É preciso sabedoria e amor para enfrentar essa pandemia, 
ficar longe tanto tempo dos amigos, pensar nas saudades que temos, no inverno
que está chegando... 

 - Cheeeeega, soooor!!!!

 - Tá bom.. Só tava lembrando!

Claro, pois é num momento como esse, de crise, que as pessoas mostram melhor quais são suas prioridades, aquilo para o qual elas dão maior valor, aquilo que elas... amam mais!


Na aula anterior, começamos a retomar o significado do termo filosofia e a questão central é por que a filosofia se chama filosofia.

      FILO + SOFIA
      =
            AMOR + SABEDORIA 


Vamos começar a pensar nisso...

E o primeiro passo é tentar definir o que é o Amor. 

Quer dizer, vamos construir um conhecimento e portanto uma explicação lógica para o fato de cada pessoa sentir o amor. 

Veja, o amor é um sentimento, logo, ele é um fenômeno irracional, está no domínio das emoções. 

Um cão pode amar?

Certamente! 

Se você tem ou teve um cachorro, ou mesmo um outro animal de estimação afetuoso como um cão, sabe como eles amam e demonstram seu carinho. 

Agora, o cão SABE O QUE É AMAR?

Para saber, ele teria que ter um significado intelectual para o amor. 

O que sabemos é que os cães amam, mas não que eles saibam, que conheçam o que acontece com eles quando estão amando. Eles simplesmente sentem como instinto diante daqueles que eles amam, como seus donos, mas não se perguntam nem se respondem por que amam, o que é o amor, se o amor é bom ou ruim, se o amor é facultativo, se eles poderiam não amar, etc... 

Então, saber o que é o amor é resultado da reflexão crítica sobre o sentimento que conhecemos muito bem porque ele acontece conosco. 
Mas, o que isso tem a ver com a filosofia? 

Percebe que ao tentar entender o amor, já estamos filosofando?

Estamos fazendo REFLEXÃO E CRÍTICA, quer dizer, estamos tentando entender racionalmente como o amor funciona (crítica) e estamos fazendo isso pensando em algo que já está em nós como um tipo de experiência (reflexão). Na reflexão, a gente olha para dentro de nós, para o que já pensamos ou conhecemos para entender melhor esses pensamentos e conhecimentos e ver até que ponto eles estão certos, são verdades

Vamos voltar ao amor? 

Bem, se queremos saber o que acontece conosco quando amamos, podemos nos perguntar: o que é amar? O amor se manifesta sempre do mesmo jeito? 

Nossa primeira encruzilhada é delimitar o amor em 3 formas distintas

Segundo a filosofia e algumas outras áreas do conhecimento que estudam a psicologia humana, quando amamos, o amor se enquadra em alguma dessas formas e entre elas se alterna ou se mistura. 

É sempre o mesmo amor, mas ele é sentido e vivido de maneiras diferentes. 

A qual seria a primeira forma de amar? 

Vamos chamar de amor Eros. 

Eros é uma das representações mitológicas do Amor. 
Também conhecido como o Deus grego do Amor

Eros nasceu feio, pobre e, portanto, carente.

Mas também é inteligente e abundante.

Filho da deusa Pênia (Pobreza) e do deus Poros (Astúcia), Eros aprendeu a encantar e até enganar para conseguir o que ele deseja. Como ele tem o "DNA" dos pais, sua "genética" faz dele um ser esperto, mas 
pobretão, um pedincha eterno.

Sempre necessitado daquilo que ele não tem, Eros idealiza as coisas que ama e sofre enquanto não as tem. 

E depois que conquista o objeto ou o sujeito amado, Eros começa a desejar outra vez algo novo e aos poucos vai perdendo o interesse. Todo aquele sentimento que ele tinha vai se tornando indiferença até chegar ao tédio. Então, Eros morre para aquele momento até renascer no futuro quando já está se interessando por outra coisa ou pessoa. 

Aí começa tudo de novo! 

São características de Eros: 

Carência (o feio procura o belo, o solitário procura companhia, o desprezado procura valorização, etc.)
Desejo (o feito deseja a beleza, o triste deseja a alegria, etc;) 
Idealização (a coisa amada é vista como "perfeita", só possuindo-a é que aquele que a ama se sentirá completo) 
Sofrimento (enquanto não se tem aquilo que se ama, se sofre, e depois que tem, se sofre com o medo de perder) 
Tédio (o amor vai se acostumando com a presença da coisa amada e ela vai perdendo o encanto até não ter mais graça e é deixada ou trocada por outra) 

Já sentiram algo parecido? 

Desejaram muito algo e chegaram a dizer 

Nooooossaaaaa, eu aaaamoooooooo!!!    

E depois que o tiveram foram caindo na real, largando a idealização e perdendo o interesse? 

Acontece... 
Flagrante de uma criatura tipicamente
carente e apaixonada.

Esse tipo de amor, que sofre, corresponde a uma palavra grega, PATHOS, que significa, sofrimento

Traduzindo para o Português, quer dizer... PAIXÃO!! 

Quem está apaixonado, sente amor do tipo Eros, por isso, chamado erótico. 

Tomado como um amor básico, rude e por isso vulgar, o Eros sensorial ou físico é o estágio inicial que pode levar a sentimentos mais sublimes.   

Esse amor que deseja apaixonadamente não precisa necessariamente ser correspondido e ele é intenso enquanto há a carência. Assim se diz que Eros é intenso na ausência do ser amado. 

Pathos, a paixão, é a palavra da onde vem patologia, doença, desequilíbrio, desarmonia. 

Então, o ser humano tem uma condição natural de ser emocionalmente carente e desde muito cedo demonstra sofrer por aquilo que lhe falta. Ao crescer, essa condição amadurece mas permanece e é ela que nos move a vida inteira em direção ao que desejamos, ou que completa nossa existência. 

Ou seja, somos seres que amam por natureza e precisam do amor para buscar aquilo que os completa, dando assim sentido à existência. 

Será que esse amor já explica melhor o que é amar a sabedoria?

Na próxima aula vamos ver mais!! 

Seguuuuuura, coração! 

______________________________________________

Envie suas dúvidas para o e-mail

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br  

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Mídia, poder e crítica

AULA DIGITAL PROGRAMADA/AULA REMOTA - TURMAS 91 E 92 EJA BARÃO
#7

Salve, pessoal!!

Que acharam das leituras da aula anterior?

Realmente, se pensarmos um pouco em como os produtos de mídia, quer dizer, aquilo que nós vemos na TV, lemos nos jornais, revistas, internet e ouvimos nas emissoras de rádio, vamos perceber que todo o conteúdo é pensado, tem intencionalidade.

Significa que não há casualidade, mas causalidade.

Você sabe a diferença entre esses dois termos?

O primeiro quer dizer que casual, ao acaso.
O segundo nos diz que há uma causa identificada, uma intenção em fazer.

Os produtos de mídia são planejados para atingir o público e provocar nele um efeito.

Causa e efeito, entendeu?

Uma propaganda, por exemplo, quer fazer o público acreditar nas qualidades daquele produto que está sendo oferecido para a compra.

Mas, nem sempre o produto real é tão bom quanto no comercial.
Consumir a mídia sem crítica pode
levar à manipulação da opinião.

Aí está a manipulação.

Agora, imagine isso funcionando nas campanhas políticas, nos noticiários, nas novelas que mostram um mundo ideal, onde tudo é bonito, limpo, sem esforço...

O mundo real é assim no dia a dia?

Para muitas pessoas, não.

Portanto, os produtos de mídia da chamada cultura de massa são elaborados em série como numa fábrica, a chamada indústria cultural.

Guarde bem a relação entre esses dois conceitos.

Com ele você vai poder identificar que por um lado há a intenção em oferecer produtos culturais dirigidos ao consumidor, mas, por outro, há no consumidor a capacidade de questionar a qualidade e os objetivos com os quais esses produtos são oferecidos e até recusá-los ou mesmo expor suas reais intenções.

Com isso, temos uma questão para pensar:

vamos simplesmente rejeitar os produtos de mídia ou devemos desvendar seus segredos para entender como eles são e assim exigir maior qualidade e representatividade dos nossos principais interesses?

Cada pessoa tem a liberdade de compreender o que há por trás daquilo que consome nos meios de comunicação.

Mas, para chegar a essa autonomia, é preciso conhecer, saber criticar a fundo: o conhecimento é um grande poder que dá grande liberdade a cada sujeito. 

Então, podemos perceber que a comunicação social está impregnada de intenções e envolvida em relações de poder.

Vamos ler esse texto abaixo e pensar mais nisso.


O autor é Fabrício da Mata Corrêa, advogado.

Ele levanta a discussão sobre a relação da mídia com a democracia, sistema político brasileiro.

ATIVIDADE: 

Qual é a crítica exposta pelo texto de Fabrício da Mata? 

ENVIE SUA RESPOSTA PELO E-MAIL OU PELO MURAL DO GOOGLE SALA DE AULA. 
ENTREGUE ATÉ O DIA 16/07


Para facilitar, faça também uma pesquisa sobre o significado de autonomia. 

Até a próxima!!

profilocharles@gmail.com 

#FiqueEmCasa