Sua revista escolar de filosofia.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Segura, coração!

E aí, gente!!

Tudo certo?

É preciso sabedoria e amor para enfrentar essa pandemia, 
ficar longe tanto tempo dos amigos, pensar nas saudades que temos, no inverno
que está chegando... 

 - Cheeeeega, soooor!!!!

 - Tá bom.. Só tava lembrando!

Claro, pois é num momento como esse, de crise, que as pessoas mostram melhor quais são suas prioridades, aquilo para o qual elas dão maior valor, aquilo que elas... amam mais!


Na aula anterior, começamos a retomar o significado do termo filosofia e a questão central é por que a filosofia se chama filosofia.

      FILO + SOFIA
      =
            AMOR + SABEDORIA 


Vamos começar a pensar nisso...

E o primeiro passo é tentar definir o que é o Amor. 

Quer dizer, vamos construir um conhecimento e portanto uma explicação lógica para o fato de cada pessoa sentir o amor. 

Veja, o amor é um sentimento, logo, ele é um fenômeno irracional, está no domínio das emoções. 

Um cão pode amar?

Certamente! 

Se você tem ou teve um cachorro, ou mesmo um outro animal de estimação afetuoso como um cão, sabe como eles amam e demonstram seu carinho. 

Agora, o cão SABE O QUE É AMAR?

Para saber, ele teria que ter um significado intelectual para o amor. 

O que sabemos é que os cães amam, mas não que eles saibam, que conheçam o que acontece com eles quando estão amando. Eles simplesmente sentem como instinto diante daqueles que eles amam, como seus donos, mas não se perguntam nem se respondem por que amam, o que é o amor, se o amor é bom ou ruim, se o amor é facultativo, se eles poderiam não amar, etc... 

Então, saber o que é o amor é resultado da reflexão crítica sobre o sentimento que conhecemos muito bem porque ele acontece conosco. 
Mas, o que isso tem a ver com a filosofia? 

Percebe que ao tentar entender o amor, já estamos filosofando?

Estamos fazendo REFLEXÃO E CRÍTICA, quer dizer, estamos tentando entender racionalmente como o amor funciona (crítica) e estamos fazendo isso pensando em algo que já está em nós como um tipo de experiência (reflexão). Na reflexão, a gente olha para dentro de nós, para o que já pensamos ou conhecemos para entender melhor esses pensamentos e conhecimentos e ver até que ponto eles estão certos, são verdades

Vamos voltar ao amor? 

Bem, se queremos saber o que acontece conosco quando amamos, podemos nos perguntar: o que é amar? O amor se manifesta sempre do mesmo jeito? 

Nossa primeira encruzilhada é delimitar o amor em 3 formas distintas

Segundo a filosofia e algumas outras áreas do conhecimento que estudam a psicologia humana, quando amamos, o amor se enquadra em alguma dessas formas e entre elas se alterna ou se mistura. 

É sempre o mesmo amor, mas ele é sentido e vivido de maneiras diferentes. 

A qual seria a primeira forma de amar? 

Vamos chamar de amor Eros. 

Eros é uma das representações mitológicas do Amor. 
Também conhecido como o Deus grego do Amor

Eros nasceu feio, pobre e, portanto, carente.

Mas também é inteligente e abundante.

Filho da deusa Pênia (Pobreza) e do deus Poros (Astúcia), Eros aprendeu a encantar e até enganar para conseguir o que ele deseja. Como ele tem o "DNA" dos pais, sua "genética" faz dele um ser esperto, mas 
pobretão, um pedincha eterno.

Sempre necessitado daquilo que ele não tem, Eros idealiza as coisas que ama e sofre enquanto não as tem. 

E depois que conquista o objeto ou o sujeito amado, Eros começa a desejar outra vez algo novo e aos poucos vai perdendo o interesse. Todo aquele sentimento que ele tinha vai se tornando indiferença até chegar ao tédio. Então, Eros morre para aquele momento até renascer no futuro quando já está se interessando por outra coisa ou pessoa. 

Aí começa tudo de novo! 

São características de Eros: 

Carência (o feio procura o belo, o solitário procura companhia, o desprezado procura valorização, etc.)
Desejo (o feito deseja a beleza, o triste deseja a alegria, etc;) 
Idealização (a coisa amada é vista como "perfeita", só possuindo-a é que aquele que a ama se sentirá completo) 
Sofrimento (enquanto não se tem aquilo que se ama, se sofre, e depois que tem, se sofre com o medo de perder) 
Tédio (o amor vai se acostumando com a presença da coisa amada e ela vai perdendo o encanto até não ter mais graça e é deixada ou trocada por outra) 

Já sentiram algo parecido? 

Desejaram muito algo e chegaram a dizer 

Nooooossaaaaa, eu aaaamoooooooo!!!    

E depois que o tiveram foram caindo na real, largando a idealização e perdendo o interesse? 

Acontece... 
Flagrante de uma criatura tipicamente
carente e apaixonada.

Esse tipo de amor, que sofre, corresponde a uma palavra grega, PATHOS, que significa, sofrimento

Traduzindo para o Português, quer dizer... PAIXÃO!! 

Quem está apaixonado, sente amor do tipo Eros, por isso, chamado erótico. 

Tomado como um amor básico, rude e por isso vulgar, o Eros sensorial ou físico é o estágio inicial que pode levar a sentimentos mais sublimes.   

Esse amor que deseja apaixonadamente não precisa necessariamente ser correspondido e ele é intenso enquanto há a carência. Assim se diz que Eros é intenso na ausência do ser amado. 

Pathos, a paixão, é a palavra da onde vem patologia, doença, desequilíbrio, desarmonia. 

Então, o ser humano tem uma condição natural de ser emocionalmente carente e desde muito cedo demonstra sofrer por aquilo que lhe falta. Ao crescer, essa condição amadurece mas permanece e é ela que nos move a vida inteira em direção ao que desejamos, ou que completa nossa existência. 

Ou seja, somos seres que amam por natureza e precisam do amor para buscar aquilo que os completa, dando assim sentido à existência. 

Será que esse amor já explica melhor o que é amar a sabedoria?

Na próxima aula vamos ver mais!! 

Seguuuuuura, coração! 

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