Olá, pessoal!
Firmeza?!
Humanos evoluídos fazendo poses inteligentes. |
Desse patamar nós avançaremos, o que quer dizer que alguns saberes serão retomados para construirmos a nossa organização da informações e assim chegar ao aprendizado ao qual nos propomos, que é refletir a educação pelo seu viés ético e político.
Na aula anterior, deixamos um texto de Carlos Luckesi para fazer a ponte para aquilo que nos interessa mais.
Vamos analisar alguns detalhes que podem ser úteis.
De saída, Luckesi diz que
"Filosofia e Educação são dois fenômenos que estão presentes em todas as sociedades."
Poderíamos pensar: "Claro, em todas elas há ou houve escolas!"
Está certo isso?
Claro! Que não...
A escola resulta de um processo histórico que foi se consolidando com as transformações sociais e tem sua formatação atingida na modernidade como instituição responsável pela guarda e transmissão dos saberes agregados no tempo e que compõem a cultura das sociedades.
LUCKESI, Filosofia da educação. p. 84 |
Desse modo, a escola enquanto espaço funcional de transmissão sistematizada de saberes, como a conhecemos, é recente, mas a educação não. Ela é um fenômeno de todos os tempos e de todas as sociedades, cada uma delas com características próprias correspondentes aos contextos históricos de cada uma delas.
No mundo antigo teremos a educação grega, por exemplo, centrada na formatividade integral do sujeito tendo por modelo as tradições constituídas em mitos que narram as virtudes heroicas dos antepassados. Não havia escolas, mas mestres preceptores. Já no contexto clássico, surgem "professores", os sofistas, que ensinavam a retórica como ferramenta essencial à ambição política no ambiente democrático ateniense. Górgias e Protágoras são dois dos maiores representantes desse período que, por sua vez, vai estimular a reação de Sócrates à decadência da sabedoria grega provocada pelos sofistas e levar à renovação da filosofia tornando-a antropológica, centrada no ser humano e no autoconhecimento.
Sócrates vai legar ao mundo o conceito de maiêutica, que você já ouviu ou deveria ter ouvido falar, que provoca a extração do conhecimento da própria subjetividade. Quer dizer, o conhecimento deve ser verdadeiro, porém, a verdade não é alcançada pela aparência das coisas particulares do mundo e sim pela essência universal das coisas. O essencial é atingido apenas pelo raciocínio por abstração. Logo, é a razão de cada pessoa que vai levá-la à verdade. A verdade não é outra coisa senão o conceito universal e exato sobre cada coisa.
Exemplo: conhecer a justiça é dominar o conceito de justiça, ou seja, saber dizer o que ela é de modo que a definição já não seja refutada facilmente por qualquer objeção.
Vamos ver, então...
O que é educação?
Responder a isso é dominar o conceito de educação. Quem der uma resposta profunda e que se aproxime da resposta definitiva é porque tem o conhecimento verdadeiro do que seja a educação. Chegar a esse conceito exige informação, conhecimento e muita reflexão, que é examinar o próprio conhecimento para ver se ele está certo. Esse trabalho é da razão!
Sooor, por que a gente tá vendo isso?!
Vem comigo!!
Por que será que Sócrates levou a filosofia a uma revolução e com isso mexeu na educação grega com consequências até hoje?
Falei em Górgias e Protágoras, os sofistas, né...
Vamos ver o que eles propunham.
Górgias (Séc. V a.C.) - Para ele, nada existe. Se existe, não pode ser conhecido. Se pode ser conhecido, não pode ser comunicado. Se pode ser comunicado, não pode ser entendido.
Cético e niilista, Górgias afirmava a impossibilidade de conhecer a verdade sobre a realidade. Sua educação era para a finalidade política e conquista do poder social.
*Sabe o que é niilista?
Consulte e amplie seu vocabulário!
Se alguém pensa assim, para que estudar?
Para que ir à escola?
Que sentido há para a vida se tudo for apenas um jogo de poder?
Protágoras (Séc. V a.C.) - Para ele o cada pessoa é a medida de tudo o que ela considera real.
Relativista e subjetivista, Protágoras considerava que as pessoas tem suas verdades próprias e que a verdade de cada um possui valor equivalente. Sobre um mesmo objeto, pessoas que pensam de forma contraditória estão ambas certas. A verdade é o que prevalece ao final da persuasão.
Se for assim, a verdade é apenas um ponto de vista?
Como fica a ciência, que é objetiva e sua conclusões são universais enquanto persistem?
Como ensinar algo a todos se cada pessoa pensa por si?
Como fica um sociedade onde cada acha que sua opinião é a verdade?
Esses são grandes problemas que ainda hoje podemos enxergar claramente em nosso meio.
Ou não?!
Só sei uma coisa: que nada sei. |
Portanto, o ensino-aprendizado deve levar cada pessoa a desenvolver o próprio potencial da inteligência vasculhando o seu interior, a sua "alma", o seu intelecto, para de lá tirar (maiêutica) a verdade: conheça-te a ti mesmo!
De outro modo, cada um é que aprende. O ensino é a ajuda que o educador oferece para o sujeito-aluno aprender. E aquilo que é aprendido, quando é verdadeiro, todos podem ver desde que usem bem o raciocínio para entender.
Tranquilo até aqui?
Vamos dar um pulo, então:
Por que escolher diferentes princípios para a educação?
O que nos leva a preferir a filosofia de Sócrates ou dos sofistas, que são nossos exemplos?
Entre as diferentes filosofias e suas tendências pedagógicas, por que adotar umas e não outras?
Essas questões vão nos levar a pensar na questão do VALOR.
Você sabe o que são os valores, como eles são constituídos, quais seus "eixos" teóricos?
Pensar sobre isso vai nos permitir visualizar nossas próprias crenças e condutas enquanto estudantes e futuros educadores.
É sobre valores que o texto de Luckesi (lembram?) fala exatamente em seu final!
"Se a ação pedagógica não se processar a partir de conceitos e valores explícitos e conscientes, ela se processará, queiramos ou não, baseada em conceitos e valores que a sociedade propõe a partir de sua postura cultural."
Quer dizer: se o educador não escolher seus conceitos e valores, a educação será guiada por aquilo que a sociedade quer.
Aquilo que a sociedade quer e pratica como cultura é sempre o melhor?
Se a educação escolar só reproduzir o que a sociedade pratica ela vai avançar?
Volte a olhar a imagem e pense:
Essa cultura é a que queremos reproduzir?
O que podemos fazer como educadores para interromper isso?
Que conceitos e valores adotar em nossas vidas para transformar essa cultura?
Não tá faltando nada?
Faaaaalta, siiiiim!
Deixei uma pergunta que você respondeu lá no AVA Sala de Aula sobre sua relação como futuro educar com o aluno.
Todos foram na direção do respeito ao educando. Ao se posicionar assim, o professor está adotando para si um significativo perfil da cultura contemporânea de valorização da autonomia do aluno como sujeito livre e dotado de possibilidades latentes a serem desenvolvidas em forma de competências e habilidades. Se está adotando uma pedagogia que transita entre a liberal renovada e a histórico-social. Na base delas há filosofias libertárias a respeito da natureza ou da condição humana e de sua autonomia cognitiva.
Uma resposta nunca é banal, assim como uma atitude quando se trata de educar.
Se vocês tivessem sido educados com tendências conservadoras tradicionais, a preocupação não seria o respeito ao aluno, mas o respeito ao professor e à escola em primeiro lugar fazendo o estudante se adequar a ela ou então sofrer um processo excludente.
Percebem, né?!
Educar se relaciona com a cultura e com os valores, volto a dizer.
Uma reportagem de arquivo reflete ainda hoje a realidade do Brasil quanto ao acesso e permanência na escola (clique aqui). Leia e se enriqueça.
Um vídeo bem didático vai dar uma noção geral do que são os valores (axiologia) e como eles são constituídos.
(clique aqui para ver). Confira, porque ele nos ajudará a seguir no conteúdo.
Anote o que achar necessário.
Cada postagem fica sempre à disposição;
Dúvidas ou comentários, enviem pelo mural do Classroom ou e-mail
Agora, volte ao AVA Sala de Aula que há uma tarefa para você que relaciona realidade socioeconômica, educação e valores.
charles-ddalberto@educar.rs.gov.br
Você vai desenvolver:
- Habilidades críticas textuais, leitura semiótica, comparação entre culturas.
- Competências de Pensamento científico, crítico e criativo; Trabalho e Projeto de Vida; Responsabilidade e Cidadania.
Firmou?!
Até mais!!
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