Sua revista escolar de filosofia.

domingo, 24 de maio de 2015

Linguagem filosófica: filosofar é libertar seu pensar, comunicar e agir

Mas, para isto, precisamos aprender uma maneira adequada que permita conquistar esta AUTONOMIA, esta liberdade de SER conforme as próprias regras, ou com a sua PRÓPRIA RAZÃO.

Não é uma caminhada simples. Contudo, pode ter o sentido de RENOVAÇÃO da CURIOSIDADE a respeito da realidade.

Você acha que consegue?
Está pronto para tentar?

Não precisa ter medo, basta acreditar que você tem o essencial para realizar: o pensamento!

Vamos nessa, então!?

Eis um segredinho: filosofar é um DIZER que requer um modo singular de LER a REALIDADE.

Fazer uma leitura do discurso ao nosso redor, TEXTUAL ou não textual, que é tudo aquilo que não está expresso em PALAVRAS, mas manda sua mensagem para nós, como a arquitetura de uma cidade, o comportamento silencioso das pessoas, uma paisagem...

Decifrar a eloquência do fenômeno do SER e delimitar aquilo que se diz sobre o que EXISTE.

Veja o que dizem as orientações curriculares da nossa querida filosofia:


“A pergunta que se coloca é: qual a contribuição específica da Filosofia em relação ao exercício da cidadania para essa etapa da formação? A resposta a essa questão destaca o papel peculiar da filosofia no desenvolvimento da competência geral de fala, leitura e escrita – competência aqui compreendida de um modo bastante especial e ligada à natureza argumentativa da Filosofia e à sua tradição histórica. Cabe, então, especificamente à Filosofia a capacidade de análise, de reconstrução racional e de crítica, a partir da compreensão de que tomar posições diante de textos propostos de qualquer tipo (tanto textos filosóficos quanto textos não filosóficos e formações discursivas não explicitadas em textos) e emitir opiniões acerca deles é
um pressuposto indispensável para o exercício da cidadania.” MEC, 2008, p. 26

Ou seja, estudante: ao mesmo tempo em que vamos conhecer a filosofia em sua história, vamos aprender um pouco o MÉTODO e a TÉCNICA que os filósofos aplicam para filosofar. Assim, você também vai chegar lá se tiver boa vontade e alegria em DESCOBRIR.

Abaixo estão algumas informações importantes para você compreender e consultar quando for preciso para resolver dúvidas sobre o que apresentamos até aqui.

O SENTIDO FORMATIVO DA FILOSOFIA
Ricardo Nascimento Fabrinni -USP

[...] é preciso ressaltar que cabe ao professor colocar o aluno em contato com diferentes modalidades discursivas. “Qualquer que seja o programa escolhido – ética, estética, filosofia política – não se pode esquecer que a leitura filosófica retém o essencial da atividade filosófica” (Favaretto, 1995, p.80); ou ainda: “É preciso acentuar que uma leitura não é filosófica apenas porque os textos são tidos por filosóficos - ou porque seus autores são considerados autores da história da filosofia, de Platão a Sartre -, uma vez que se pode ler textos filosóficos sem filosofar e ler textos considerados artísticos, políticos, jornalísticos filosoficamente” (Lyotard, 1993, p.117). Em outros termos: o que faz da leitura de um texto uma atividade filosófica não é a natureza disciplinar do texto lido, mas o modo como o leitor lê este texto; ou seja, o essencial dessa atividade está no modus operandi do leitor face às diferentes formas de enunciação. A “leitura filosófica” não se esgota, assim, na simples aplicação de metodologias de leituras. “Ela é um ‘exercício de escuta’, num sentido análogo ao da psicanálise, pois se manifesta como uma “elaboração do texto que desdobra seus pressupostos e subentendidos” (Favaretto, 1995, p.81).

Outro segredinho: aprender filosofia aprendendo a filosofar requer três fases indispensáveis a serem desenvolvidas:

1 – aprender o CONCEITO, ou seja, aquilo que as palavras significam em filosofia: liberdade, justiça, amor, autonomia, etc. O que são? Cada conceito é a SÍNTESE, o resumo ou conclusão de um modo de pensar o PROBLEMA filosófico. O que é tal coisa? A resposta CONCEITUAL oferece uma explicação coerente, consistente, geral, universal a ponto de ESCLARECER o que seja a coisa em toda a qualquer ocasião. Exemplo: há vários casos envolvendo a justiça e eles podem ser diferentes em suas particularidades, mas, a JUSTIÇA enquanto conceito pretende ser UNIVERSAL E REVELAR O QUE ELA É EM QUALQUER SITUAÇÃO.

2 – aprender a PROBLEMATIZAR, ou seja, a propor questões, perguntas que tenham relevância filosófica. Significa olhar para a realidade e perceber nela LACUNAS que necessitam preenchimentos. Por exemplo: SE TODO O HOMEM É LIVRE, POR QUE NÃO POSSO FAZER TUDO O QUE DESEJO? Isto vai exigir que se explique o que é a LIBERDADE enquanto fenômeno real e elaboração conceitual. A resposta vai levar à terceira etapa.

3 – a terceira etapa é a ARGUMENTAÇÃO. Quer dizer que se vão criar respostas satisfatórias para defender um PONTO DE VISTA, um modo filosófico de pensar. Mas, não é qualquer resposta que possa ser invalidada facilmente. É sim uma RESPOSTA LOGICAMENTE CONSISTENTE, que tenha coerência tão aprofundada que possa servir de VERDADE PARA SUSTENTAR UM CONCEITO, ter validade. Exemplo: ao responder o que é a liberdade, se constrói argumentos apropriados para isto. 

Durante o ano, vamos recorrer a estas etapas sempre que precisarmos para ENTENDER a filosofia que estamos estudando e o FILOSOFAR que estamos fazendo.

Um abraço e bons estudos!!

imagens: internet/kdfrases

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