Sua revista escolar de filosofia.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Militares tomam o poder na Tailândia. É golpe?

A Tailândia, no sudeste da Ásia, está sob lei marcial e sob o controle do Exército nacional.

O anúncio foi feito hoje às 17h do horário local, 7h no horário de Brasília, pelo general comandante Prayuth Chan-Ocha em rede de televisão. Com a medida, a Constituição foi suspensa temporariamente.

A decisão ocorreu após o fracasso para encontrar saídas políticas para a crise no país que se prolonga desde 2006 e já resultou em 28 mortes. Segundo o Exército, a ação tem por objetivo a restauração da ordem civil.

É a instalação de uma ditadura?
A medida se faz necessária e justifica-se ou seria melhor manter o status civil democrático, mesmo em colapso, pela manutenção do princípio das liberdades políticas?

Vamos refletir com Rousseau.

"Mas só os perigos muito grandes podem compensar o de alterar a ordem pública, e jamais se deve sustar o poder sagrado das leis, senão quando se trata da salvação da pátria. Nesses casos raros e evidentes, previne-se a a segurança pública por um ato particular que confere a responsabilidade ao mais digno. Essa comissão pode se dar de dois modos, segundo a espécie de perigo. Se, para remediá-lo, basta aumentar a atividade do Governo, há que concentrá-lo em um ou dois de seus membros. Desse modo, não é a autoridade das leis que se altera, mas somente a forma de sua administração. Se o perigo for tal que o aparelho das leis represente um obstáculo a evitar, nomeia-se então um chefe supremo que faça com que todas leis se calem e, por um momento, suspenda a autoridade do soberano. Em todo caso, a vontade geral não é duvidosa e evidencia-se, como primeira intenção do povo, que não pereça o Estado." (Do contrato social, cap. VI, Da ditadura)




A vontade geral, segundo Rousseau, o consenso necessário para que a Constituição seja o soberano legítimo. Significa que o soberano é a configuração máxima da liberdade política ao representar a forma expressa da relação civil onde cada indivíduo entrega parte de sua liberdade particular para receber a liberdade social contratada.

Ou como diz Montesquieu, liberdade "é o direito de fazer tudo aquilo que as leis permitem." (1990, p. 754)

No caso da Tailândia, tomamos a Constitução por teto legal civil e por soberano. Estando as leis e as instituções em crise severa e sem poder de aplicar as normas, o instrumento do Estado de Exceção é a medida de segurança aplicada para resturar a ordem.

O próximo problema passa a ser a decorrência da medida.

Ela tem apoio popular para ser obedecida e com isto recuperar a paz interna e o restabelecimento da lei democrática?
Uma vez no poder, as forças armadas vão largá-lo aos partidos políticos após a contenção da crise?

Até o momento os Estados Unidos não consideraram a ação militar um golpe de Estado.

O chamado pronunciamento militar, distinto do golpe, é uma medida enérgica contra um governo e que provoca sua deposição sem a intenção de usurpar o poder ou alterar o sistema vigente. Seria o caso?

E você, acredita se tratar de golpe?

fontes: ZeroHora
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. Vol.II. São Paulo: Paulus, 1990.
Ministério da Educação, Argentina
imagens: AFP, wikipedia

domingo, 11 de maio de 2014

Paulo Freire online

Paulo Freire é um dos pensadores mais influentes quando o assunto é educação.

Adorado por muitos, criticado por outros, Freire é um expoente obrigatório a ser conhecido por quem se interessa pelo tema. Suas ideias de uma pedagogia libertária conectada com a realidade social e suas desigualdades são essenciais para entender o processo do ensino e da aprendizagem no contexto educacional contemporâneo.

A obra de Paulo Freire e outras publicações relacionadas ao autor poder ser acessadas online.

Clique aqui, relembre, reforce ou descubra o universo deste intelectual brasileiro.

imagem: pedagogyoftheoppressed

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Você leva isto a sério?

Por que filosofar?

Porque não se trata de um dever moral, mas de uma necessidade de usar a inteligência para viver um pouco melhor, já que a vida é muito difícil.

Este pensamento é de André Comte-Sponville, filósofo francês contemporâneo.

Como dira Pascal, o homem é ontologicamente f'rágil e forte, miserável e grande.

Mas, diferente de Pascal, que via a razão como impotente para resolver as questões humanas fundamentais, Comte-Sponville defende a filosofia e sua capacidade de oferecer respostas racionais para as inquietações da existência.

Comte-Sponville tem umas tiradas provocativas.

No seu livro Dicionário Filosófico ele afirma, por exemplo, que o mito é "uma fábula que é levada a sério."

Você leva isto a sério?

Se desejar conhecer um pouco melhor o filósofo, leia aqui uma entrevista dele a Gabriel Arnaiz para a revista Filosofía Hoy.

imagem: Roger Marrón