Sua revista escolar de filosofia.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Razão para ter fé?


Sou muito racional para crer em Deus.

É o que muitos costumam dizer e com isto separam , como dado revelado, de ciência, dado empírico racionalmente metodizado.

No entanto, as provas da existência de Deus são racionais. Elaboradas rigorosamente lógicas, elas sustenta-se, em última instância, no racionalismo como base do conhecimento. Quer dizer que uma epistemologia sensorial remete ao ceticismo, já que os sentidos enganam. Tanto é que a ciência muda.

Você conhece o falibilismo e o pensamento de Karl Popper? 

Voltando ao assunto em questão, sob o ponto de vista do racionalismo, algo, para ser verdadeiro, precisa suportar o exame da razão sem ser falseado, sustentando como verdade da razão não sujeita às alterações que dão ao concreto, base do empirismo, aparências de realidade definitiva. A realidade concreta é mutável, transitória. Portanto, move-se sujeita ao tempo.
 
Sob a perspectiva do racionalismo, os conceitos de finitude e infinitude vão guiar Descartes a elaborar sua prova ontológica.

Um ser finito como o homem possui ideias de seres finitos, isto significa que alguns deles existem fora da mente. Porém, a ideia do infinito não é a representação de algo existente no mundo das coisas finitas, o real, mas, ela está no homem. Sendo o finito tomado por negação do infinito pelo princípio lógico de que aquilo que pode o mais pode o menos e não o contrário, deve haver algo infinito, pelo menos um que seja existente e confira realidade à sua ideia. A infinitude é o predicado que totaliza todos os outros do que se chama Deus: infinitamente bom, poderoso, etc. Então, Deus, de realidade essencial pensada é admitida como realidade ontológica, existente.
 
 “[...] Deus existe; pois, ainda que a ideia de substância esteja em mim, pelo próprio fato de eu ser uma substância finita, eu não teria, todavia, a ideia de uma substância infinita, eu que sou um ser finito, se ela não tivesse sido colocada em mim por uma substância que fosse verdadeiramente infinita.” (Meditações Metafísicas, 3ª)
 
Tipo, se você pensa em Deus, o representa conceitualmente, é porque ele existe em algum lugar e a ideia dele no ser pensante é sinal de um contato intuitivo entre o sujeito e o objeto que vem exposto pela via racional.
 
Descartes diz que a ideia de Deus é como uma marca deixada pelo criador no criado.
 
Isto parece lógico para você?
É possível acreditar nisto?
Por quê?
 
O argumento cartesiano vai ser amplamente problematizado na modernidade.
 
 
imagem: filosofósforos/facebook/internet