Dois princípios : Um
deles representa a ordem, o saber, o intelecto, a razão e está ligado ao deus
grego Apolo, por isso se chama “apolíneo”; o outro representa a desordem, a
emotividade, a sensualidade, o corpo, irracionalidade e é expressado pelo deus
grego Dionísio, sendo o poder “dionisíaco”. O equilíbrio está no balanço entre
mente e corpo, os dois são o próprio homem, ser desse mundo físico regido pela dialética ordem-desordem.
A filosofia de Sócrates e Platão (séc. V a.c.), no
entendimento de Nietzsche, rompeu o equilíbrio dessas forças afirmando que o
homem deve privilegiar a razão (apolíneo), pois ela é sua própria alma, imortal
e de outro mundo, o mundo intelectual. Isso tornou o ser humano mais “espiritual”
do que ele realmente é, negando a vida material e natural (dionisíaco) em
detrimento do intelecto como essência ou alma humana. O “bem” virou produto do
raciocínio, atividade própria do intelecto/alma e depois o cristianismo
reafirmou sua origem em Deus, “razão” transcendente criadora e absoluta. Assim,
o “bem” e outros valores se tornaram absolutos por causa de sua fonte.
Criaram-se duas morais: a moral dos fracos ou escravos, que afirma
que o “bem” está na humildade, na piedade, na obediência, ela é absoluta e
provém de Deus; a moral dos fortes ou senhores, histórica e humana, que diz que
o “bem” está em viver os prazeres, o poder, a alegria, a criatividade, a vontade.
A moral dos fracos venceu essa disputa histórica, invertendo os valores. O “bom” é aquele que obedece e aquele que manda agora é o “mau”, e o desfrute do “bem” está depois deste mundo. Nietzsche denuncia essa inversão como uma farsa, como niilismo - o idealismo-espiritualismo é o nada, é ausência do ser - uma vingança dos ressentidos desse mundo, incapazes de mudar a realidade e que apelam a Deus, força dominadora em outro mundo transcendente, espiritual e improvável, como o senhor que recompensa o “bom”, o fraco e humilde e pune do “mau”, o forte, o orgulhoso, o poderoso, que só pode ser assim por não depender de ninguém a não ser de si mesmo e, por isso, é livre.
A moral dos fracos venceu essa disputa histórica, invertendo os valores. O “bom” é aquele que obedece e aquele que manda agora é o “mau”, e o desfrute do “bem” está depois deste mundo. Nietzsche denuncia essa inversão como uma farsa, como niilismo - o idealismo-espiritualismo é o nada, é ausência do ser - uma vingança dos ressentidos desse mundo, incapazes de mudar a realidade e que apelam a Deus, força dominadora em outro mundo transcendente, espiritual e improvável, como o senhor que recompensa o “bom”, o fraco e humilde e pune do “mau”, o forte, o orgulhoso, o poderoso, que só pode ser assim por não depender de ninguém a não ser de si mesmo e, por isso, é livre.
Nietzsche propõe a restituição do equilíbrio dos valores por
meio da transvaloração.
Seria criar uma nova moral fundada no sentido da moral do
senhor, mas para todas as pessoas que a quisessem assumir. Ela seria o início
da renovação do ser humano e a consolidação da sua autonomia por meio da
libertação do jogo de oposição entre “bem” e “mal” como são conhecidos hoje,
resultado da luta histórica entre fortes e fracos. Essa moral viria com algumas
atitudes:
- um sim à vida: poder
de afirmação corajosa da vida com alegria, com amor, existir realizando
todas as potencialidades pessoais agora, sem esperar a felicidade em outro mundo
ou outra vida além deste;
- criatividade: poder
de criar valor onde ele não há, beleza onde ela não existe, inovar os
costumes sempre para melhorar a vida e aumentar a liberdade, criar novos
significados para tudo;
- liberdade: poder
realizar-se sem a necessidade da permissão social ou de qualquer autoridade,
ser livre para viver a própria vida, sua racionalidade e emotividade como se quer sem se submeter aos condicionamentos da cultura ou moralismos, questionar tudo
e buscar sempre a sua própria verdade.
Deste processo surgiria um novo tipo humano, mais livre,
mais altivo, com mais autoestima: Nietzsche o chamou de “além do homem” ou o “super-homem”,
que vive o poder de sua vontade ou sua vontade de poder.
1 - Do que você se
libertaria para se tornar mais “senhor” de sua própria vida?
2 - Isso daria mais
alegria a você agora, nessa vida? Por quê?
3 – Que relação há
entre o conceito de autonomia, já estudado, e a filosofia de Nietzsche?
4 - Na primeira imagem de Nietzsche há uma citação do livro Aurora. Como você interpreta o texto que está no foto?
4 - Na primeira imagem de Nietzsche há uma citação do livro Aurora. Como você interpreta o texto que está no foto?
imagens: Quora, internet