Sem a linguagem não há comunicação e, a Verdade sendo atingida, deixa de ser experiência única para ser compartilhada pela linguagem. A Filosofia se dedica à estudá-la.
Entre as formas de linguagem, a verbal e a não verbal, caracterizada por expressões e sinais que indicam algo e possuem sentido. O Verbo divino feito homem vem à humanidade revelar-se por meio da linguagem.
A possibilidade de comunicar é essencial para o homem.
Sem ela não haveria conhecimento. Portanto, não haveria Filosofia.
Pregação
Esta geração testemunha um acontecimento histórico.
Em sete séculos, um Papa renuncia.
É a segunda vez na história que isto ocorre. Bento XVI se diz cansado e incapaz de conduzir a Igreja, envolta em enormes desafios. Para Ratzinger, sua renúncia será positiva para a instituição. Porém, a entrega da cátedra de Pedro envia uma mensagem dúbia aos católicos.
Pastor máximo do catolicismo, o Papa deve ser o primeiro a estar submisso à Vontade Divina. Ele, portanto, é mais do que o chefe da Igreja, ele é o exemplo central para os cristãos. Ou não?
Lembremos a história de São Pedro.
Temendo ser morto e com isso ver a comunidade cristã de Roma despedaçada, Pedro decidiu abandonar a capital do império e se refugiar no Oriente Médio. Salvava sua vida e preservava o trabalho de fé que vinha desenvolvendo. Poupava a si e à Igreja nascente. Numa manhã do Século I ele e um companheiro deixavam a cidade pela Via Appia quando Pedro viu uma figura luminosa. O apóstolo reconheceu ser seu Messias e comovido perguntou: "Quo vadis, Domine? Onde vais, Senhor?" Jesus respondeu: "Vou a Roma ser novamente crucificado, já que me abandonas." Pedro se arrependeu, voltou à capital e depois foi também crucificado.
Mito ou não, a história ilustra o momento.
Jesus também foi íntegro e coerente, não abdicando de seu destino.
O Papa tem direito a se afastar da função e descansar.
Mas como representante mundano de Cristo e sucessor de Pedro e do legado de todos os que deram a vida pelo cristianismo, não caberia a ele se submeter à missão de fé por amor à Deus e ao homem e conduzir a Igreja neste tempo de grandes mudanças onde é ainda mais necessária uma figura que traga segurança e serenidade aos fiéis?
Joseph Ratzinger parece entender que não, que ele não é mais esta pessoa.
Em breve haverá o conclave e especula-se que o próximo Papa seja mais carismático e comunicativo para contornar o momento turbulento e de encolhimento da Igreja. Bento XVI, com 85 anos, é o primeiro Papa a ter conta no twitter. Procurou utilizar da ferramenta midiática para se aproximar do povo, mas não a usou muito. Sua renúncia não foi postada no microblog. Mas uma mensagem do dia 10 deste mês sugere a incoerência entre pregação e ação.
Dobbiamo avere fiducia nella potenza della misericordia di Dio. Noi siamo tutti peccatori, ma la Sua grazia ci trasforma e ci rende nuovi.
"Devemos ter fé no poder da misericórdia de Deus. Nós somos todos pecadores, mas a Sua graça nos transforma e nos renova."
O próximo Papa precisará dialogar bem internamente para acomodar dissidências na Santa Sé e externamente para expandir o catolicismo e renovar a imagem da religião.
Para quem não é católico, esta questão se torna irrelevante.
No entanto, religião e ética estão próximas e isto deve importar.
Então, que papel as religiões ocupam ou podem ainda ocupar na formação moral e ética das pessoas?
A atitude de Bento XVI induz a se pensar em si em primeiro lugar ou como afirma a Igreja, é um gesto altruísta, pelo bem da instituição e seus adeptos?
Por que religiões caem em descrédito e são abandonadas?
A perda de fiéis tem relação com a comunicação das religiões? Em que sentindo?
É possível conviver apenas sob valores morais e éticos leigos, sem a necessidade da religião ou a moral implica em reconhecimento de alguma forma de divindade?
fontes: Folha de São Paulo, twitter, G1
fotos: elliottback, reporterdecristo, protestantismo.iedcg, G1