Sua revista escolar de filosofia.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Fé e Filosofia

A tragédia de Santa Maria vai ficar para sempre na memória de quem se emocionou com o episódio.


Dia 27 de janeiro de 2013.






Um dia de dor imensurável e perpétua para parentes e amigos dos mortos e feridos.


Para todos nós que impressionados pelo fato absurdo não nos conformamos.

Na segunda-feira, dia 28, expressamos nossa opinião sobre o ocorrido pelo Facebook escrevendo assim:

O Brasil é um país em condicional. Se houvesse coletes para todos na embarcação, não haveria tantos afogados. Se a empresa tivesse feito a manutenção do ônibus, os freios não teriam falhado. Se a transportadora tivesse respeitado o limite de carga, ela não teria tombado sobre o automóvel. Se não fosse a poupança burra de dinheiro público, a rodovia teria acostamento. Se houvesse saídas de emergência, se extintores funcionassem, se não houvesse excesso de pessoas, se existisse melhor comunicação entre os seguranças, se não fosse a insensatez de usar um sinalizador em local fechado, se houvesse fiscalização constante, planejamento, respeito às regras de segurança, menos ganância, 236 pessoas estariam vivas agora. Morrer, apesar de improvável, é fatalidade. Mas não foi um raio descontrolado que caiu. A tragédia gaúcha foi efeito de diversas causas estúpidas combinadas. Poderia ter sido evitada. Condicional. Mas ela é superlativa, maior do que o entendimento e por isso provoca perplexidade. Não permite sobre ela a vaidade de nenhum jornalista. Não permite competir por audiência. Não permite indignações teatrais. Não permite comoções falsas. Não permite explicações incompletas. Não permite irresponsabilidades. O Brasil é um país em condicional. Estamos todos, TODOS presos nesta mesma circunstância que perpetuamos com esta indolência maliciosa brasileira. Como o primeiro pecado mancha o homem, a tragédia de Santa Maria borra de triteza, culpa e vergonha a alma de cada um de nós que ainda respiramos deste mesmo ar.

Hoje já são 238 mortos.

A mídia nacional fala insistentemente. Até certo ponto é necessário para manter o assunto em pauta.

Mas só isso? 
Não há necessidade também de mercado e com isso a exploração do assunto? 
Como deixar de falar? 
Por onde abordar? 
Todas as abordagens atendem ao interesse público?



As investigações seguem, culpados serão apontados. Mas todos temos um pouco de resposabilidade porque relaxamos, porque somos licenciosos com a fraude, com a ineficiência, com as pequenas corrupções, que crescem.





O jornal britânico Financial Times publicou no dia 28/01 um artigo com o título "Idiotice e Progresso", fazendo severas críticas ao país e apontando o quanto a tragédia expôs a carência geral de preparo e estruturas. Citou ainda, de modo ácido, que é comum no Brasil jovens deixarem os bares sem pagar a conta, sugerindo que este desvio de comportamento, esta desonestidade teria induzido os seguranças a serem mais rígidos ao não permitir a saída da boate Kiss no momento inicial da correria fatal.

Muito precisamos corrigir sobre nós mesmos enquanto o ferimento cicatriza.

E a lenta e necessária catarse há de suavizar a sensação sufocante de finitude. Neste processo, a religião tem sido um dos elementos de amparo para suportar a brutal realidade e tentar entendê-la.


No sábado 02/02 foi celebrada uma missa de sétimo dia na Basílica Nossa Senhora de Medianeira, em Santa Maria. Segundo a polícia militar, 3 mil pessoas estiveram presentes.




Orações e outros comportamentos religiosos demostraram a fé da pessoas desde o início da crise.





A religião é convicção íntima e é também cultura.
Agrega comunidades num mesmo fim, consola, conforta aqueles que acreditam em Deus e no espírito imortal conforme suas doutrinas institucionalizadas ou interpretam a religiosidade à maneira privada.

O que é a fé religiosa e como ela se relaciona com a Filosofia?  
Filosofia e fé são sempre compatíveis?

fonte: G1, Financial Times
fotos: G1, ZH, uol, em.com, veja

5 comentários:

  1. Concordo com a opinião do colega, mas gostaria de acrescentar que estamos vivendo em uma tempo de banalidade. A banalidade com que a vida humana esta sendo tratada, onde morrer um ou mais em situação violenta ou por fatalidade já não provoca espanto, apenas um fusto, mas longo tudo volta a rotina.
    Outro ponto a destacar é a forma com que os meios de comunicação exploram as imagens e expõem as pessoas vítimas de uma tragédia, tudo em busca de maior audiência. O sensacionalismo é algo assustador, basta ver como as mídias estão "manipulando" as informações que hoje já não possuem imparcialidade e estão carregadas de juízo de valor.
    E, por fim quero colocar a "individualidade". Esta individualidade que a sociedade capitalista provoca, onde cada um se preocupa com si mesmo e quando alguém se preocupa com o outro é tratado como herói. Penso que os valores estão perdidos em uma sociedade que visa o consumo, o lucro, individualismo, o jeitinho brasileiro......

    E, agora como será que o nosso legislativo, executivo e judiciário agirá diante de uma tragédia e de uma "pressão" popular??????????

    Ana Alves

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  2. A comunicação de massa é um fenômeno complexo. Alicerçado em técnicas, se permite ser dissecado por diferentes ciências, normalmente a psicologia, a sociologia, a filosofia e a própria comunicação social enquanto teoria. De modo simplório, se pode dizer que os meios propõem uma visão da realidade e que esta visão encontra correspondência no receptor da mensagem, o público. Há cumplicidade entre receptor e emissor, rompida somente na quebra desde contrato tácito. Em momentos de grandes mudanças sociais a mídia sofre impacto, por exemplo. Aquilo que é feito notícia é extraído do cotidiano sob critérios que envolvem competências profissionais dos jornalistas, decisão editorial dos meios e presumida relevância para o público. O newsmaking se dá, portanto, dentro desta engrenagem ativa. "O objectivo declarado de qualquer órgão de informação é fornecer relatos dos acontecimentos significativos
    e interessantes. A notícia é o produto de um processo organizado que implica uma perspectiva prática dos acontecimentos, perspectiva essa que tem por objectivo reuni-los, fornecer avaliações, simples e directas, acerca das suas relações, e fazê-lo de modo a entreter os espectadores (Altheide, 1976, 112). A definição e a escolha daquilo que é noticiável - em relação àquilo que, pelo contrário, não o é - são sempre orientadas pragmaticamente, isto é, em primeiro lugar, para a "factibilidade" de produto informativo a realizar em tempos e com recursos limitados. Essa "factibilidade" contribui para "descontextualizar ou para remover um acontecimento do contexto em que se verificou, para o poder recontextualizar dentro das dimensões do noticiário."(Altheide, 1976, 179). (WOLF, 1999).

    A informação, portanto, nunca é neutra. Contém intencionalidade.

    A massificação de certos assuntos pela exploração excessiva traz estas razões acima descritas. No cenário hipermoderno (LIPOVETSKY) tem-se a saturação por todos os canais por onde repercute a informação. Em casos relevantes o noticiário excessivo gera pressão. Por outro lado, flerta com a posterior rejeição por esgotamento da capacidade de renovação e de assimilação pelo receptor da mensagem. Na hipermodernidade a velocidade e a efemeridade corroem o fato e impulsionam ao "novo".

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    A quantidade e a qualidade do que os meios oferecem estão relacionadas à capacidade profissional dos produtores de conteúdo e do público consumidor e, num âmbito maior, à cultura de uma sociedade. Frequentemente a defesa do modelo usa o volume de consumo para justificar aquilo que produz. Na democracia, se a liberdade de expressão é irrestrita, respeitando-se a lei, os meios selecionam o que pretendem. Ao público cabe reconhecer o jogo de influência ao qual está exposto e aceitar ou rejeitar o que lhe oferecem.

    WOLF, M. Teorias da Comunicação. Ed. Presença. Lisboa. 1999.

    http://webdav.sistemas.pucminas.br:8080/webdav/sistemas/sga/20121/485465_Teorias%20da%20Comunica%C3%A7%C3%A3o%20%20Mauro%20Wolf.pdf

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  3. Banal, segundo o Dicionário DB Gamma,(Ed. Civilização Brasileira, Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira), possui os seguintes significados: aquilo que pertence aos senhores feudais e que pode ser usado pelos vassalos pagando um tributo; aquilo que é vulgar, trivial, corriqueiro. Banalizar, portanto, é vulgarizar. Proporia a seguinte interpretação: dispor daquilo que é importante como se não o fosse, rebaixar o nobre ao vulgar, ter acesso e direito a algo, antes, inacessível, por meio de licença. Usar o que "é do senhor" (o dono) conforme vontade arbitrária particular, do "vassalo". Reduzir de valor ao realizar o trânsito da classe superior à inferior.

    A banalização da vida é, assim, uma dessacralização da mesma. Implica em rebaixamento de valores primordiais humanos e em retrocesso a relações bárbaras por ausência de civilidade. A vida, bem disponível ao "Senhor que a criou", passa a estar disponível ao próprio criado, que a usa conforme deseja.

    Por trás da banalização pode-se perceber a decadência dos costumes, a perda da sociabilidade, o aumento do hedonismo, do individualismo, do egoísmo. A autoridade superlativa do ego está envolvida com a banalização da vida, presente onde falta maturidade emocional e intelectual. "Essa banalização da vida é característica do totalitarismo e dos Estados sem direitos, em que as pessoas são tratadas como meros instrumentos para a manutenção do poder." ( MATOS, 2011) O exercício de poder sem mediação de direitos comuns e expressos se dá entre entes individuais e coletivos.

    Quando a banalização da vida se torna crônica, valores que sustentam o bem viver já foram corrompidos. Percebe-se crise na identidade, no amor próprio, nos relacionamentos conjugais, nas amizades, insubordinações, exageros de liberdades, exposição a riscos, desorientações, desonestidades, ganâncias, etc. São manifestações soberbas do ego que foge à angústia de estar só, pois perdeu as conexões com a coletividade nesta luta pela satisfação própria. "A pós-modernidade caracterizou a “sociedade da solidão”, uma solidão nova, intermediada por tecnologia." (VIETTA, 2012)

    Sendo cultura média da sociedade, este comportamento é estimulado pela retroalimentação provocada pela comunicação de massa, criando um ciclo. A banalização da vida estaria assim, associada ao sentimento próprio de perda de valor, à angústia e à necessidade irracional de aplacá-la, ao egoísmo individual e coletivo e à retroalimentação midiática destes comportamentos. Caracteriza ainda a banalização da vida um desinteresse por direitos, logo também por deveres e suas substituições por valores mais ou menos privados, nem sempre claros, mas impregnados de egoísmos, o que reflete o perfil violento evidenciado nestes cenários.

    MATOS, J. A banalização da vida humana. JurisWay. 2011.
    http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=6962

    VIETTA, E. Solidão e pós-modernidade. UFRGS. 2012.
    http://www6.ufrgs.br/psicoeduc/ed23/2012/05/04/solidao-e-pos-modernidade/

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  4. O ser é objeto da filosofia. Aquilo que aparece aos sentidos ou é concebido pelo pensamento. Preocupar-se com a existência de Deus e do próprio homem é tarefa da filosofia. Aquilo que não é evidenciado pela experiência sensorial, pode ser admitido como verdadeiro pela fé. "Fé é a garantia das coisas esperadas e a prova das que não se vêem." (Hebreus, II, I). A fé, assim, é distinta da ciência e do conhecimento intelectual por seu objeto não poder ser intuído, isto é, percebido pelos sentidos do ente conhecedor. A fé é esta certeza das coisas não demostráveis de modo concreto e das bem-aventuranças. Em Platão, temos a razão socrática provando a existência da alma e as recompensas no Hades, após a morte, para aqueles que foram virtuosos. (FÉDON) Ao longo da Idade Média, a filosofia tentará fundamentar a existência de Deus e o destino do espírito humano fiel à dividade e à religião. Neste período a filosofia chega a ser considerada "serva da teologia". (GILSON; BOEHNER, 1991). Pensadores místicos, como Mestre Eckhart, entendem a fé religiosa como via direta para conhecimento das coisas divinas, colocando a razão em plano inferior à fé. Para Spinoza, ter fé pode ser medido pela presença de sentimentos que só existem quando se obedece a Deus. Enquanto filosofia, a questão permanece presente e envolve o estudo da teodicéia, metafísica, epistemologia, ética em diferentes épocas e escolas de pensamento.

    Aquele que crê sente necessidade de preencher uma ausência em si, promotora de angústia. Em momentos comoventes e de fragilidade esta necessidade de relação com o divino tende a se acentuar. Nos termos de Kierkgaard, o desejo de ter fé já é uma manifestação divina no homem impulsionado para Deus. Não crer seria negar esta manifestação. "A fé, diz Kierkegaard em Temor e Tremor, é a certeza angustiante, a angústia que se torna segura de si e de uma relação oculta com Deus. O homem pode rogar a Deus que lhe conceda a fé, mas a possibilidade de rogar não é em si mesma um dom divino? Assim, há na fé uma inegável contradição, que a torna paradoxal. O homem é colocado num dilema: crer ou não crer. Por um lado, a ele cabe escolher, e por outro qualquer iniciativa é impossível, porque Deus é tudo, e dele deriva inclusive a fé. Esse conceito foi substancialmente retomado por Karl Barth, que interpretou a fé como inserção da Eternidade no tempo, da Transcendência na existência." (ABBAGNANO).

    Antes, em Agostinho, a consciência transita da razões externas, inferiores, para as internas, superiores para reconhecer-se criatura de um Deus bom. Passa a se deixar conduzir pela divindade para retornar à pureza original perdida pelo pecado, causa da existência na Terra. (GILSON; BOEHNNER, 1991). Reconhecer-se homem é ver-se imperfeito e privado da graça, pela qual roga e luta, para si e, por caridade, pelos que estima e ama.

    A fé pode independer da razão (sensação ou conhecimento místico, aceitação doutrinária por coerência ou incondicionalmente). A via filosófica propõe explicações para a fé, o que possibilita o diálogo entre a filosofia e outras ciências do comportamento humano como a sociologia, a antropologia e a psicologia. A parapsicologia e a neurociência também possuem avançadas investigações de fenômenos ligados à fé. Contudo, o fim último do conhecimento, que seria compreender Deus, se ele existe e de que forma, a essência humana e a do universo, ainda não é possível de modo definitivo e a divindade e o que dela emana seguem sendo objetos de fé.

    ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 1998. http://pt.scribd.com/doc/4776000/Dicionario-de-Filosofia-Nicola-Abbagnano

    BOEHNER P., GILSON E. História da Filosofia Cristã. Ed. Vozes. Petrópolis. 1991.
    PLATÃO Fédon. Ed. Globo. Porto Alegre.

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  5. BOATE KISS


    Um dos caso principal da tragedia foi, o motivo de impedirem a saida dos freqüentadores, por não pagarem a consumação, por este gesto indolente, indecente que tirou a vida de vários univercitarios.
    Com está atitude podemos comparar com os sete pecados capitais:



    Luxúria: apego e valorização extrema aos prazeres carnais, à sensualidade e sexualidade; desrespeito aos costumes; lascívia.

    2. Gula: comer somente por prazer, em quantidade superior àquela necessária para o corpo humano.

    3. Avareza: apego ao dinheiro de forma exagerada, desejo de adquirir bens materiais e de acumular riquezas.

    4. Ira: raiva contra alguém, vontade de vingança.

    5. Soberba: manifestação de orgulho e arrogância.

    6. Vaidade: preocupação excessiva com o aspecto físico para conquistar a admiração dos outros.

    7. Preguiça: negligência ou falta de vontade para o trabalho ou atividades importantes.

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    http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/sete_pecados_capitais.htm
    Novos Pecados Capitais


    ADRIANO DE OLIVEIRA FREIRE

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