Sua revista escolar de filosofia.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Feliz or not feliz?

O comercial do chinelo Rider apresenta o conceito do #lifeaholic, um viciado na vida.
 
Mas, não qualquer vida.
Viciado na vida feliz.
 
A mensagem sugre que vale o que proporcionar a alegria de ser e estar. Este ideal hedonista extremo, imediatista, individualista e até inconsequente é forte nos dias de hoje.

E subverte até alguns valores. Por exemplo, a virtude, segundo a clássica definição de Aristóteles, está no equilíbrio. Porém, conforme a propaganda, enquadrada na cultura contemporânea, virtude agora é experimentar o excesso, o  que caracteriza o vício.

Uma cultura pós-metafísica centra o sujeito como fim em si mesmo. Dele e nele estão as razões pelas quais agir. O sistema de crenças deposita em cada um a capacidade de criar autonomia e conduzir a vontade com idependência e cuidado próprio, sem a necessidade de princípios universais e pretensamente verdadeiros que sirvam de modelo de conduta.

Você entende por que as religiões estão em crise, a não ser algumas que prometem satisfação já, com pouco sacrifício ou renúncia, garantida e com possibilidade de esticá-la pela eternidade?
 
Feliz or not feliz?

Definir felicidade pode não ser difícil. O complicado é realizá-la. Se entendida como o bem maior a ser alcançado por nós, onde reside?

No prazer?

Em qual tipo de prazeres?
Todos são iguais por definição?
 
Se assim for, o prazer em si mesmo torna-se indefinível e inefável, pois, se afirmarmos que o prazer é o prazer e pronto, nada dizemos sobre ele. Deste modo, é preciso acrescentar ao prazer qualidades que o expliquem. Com isto, são criadas distinções entre os prazeres. Nesta tarefa entram o intelecto e valores que orientam os julgamentos.

As relações entre o Bem, o prazer e o intelecto e qual o balanço entre hedonismo e racionalismo a ser feito para se ter uma vida feliz podem ser encontradas no Filebo, de Platão.
 
"[...] não dissimulemos as diferenças que há entre o teu bem e o meu bem; pelo contrário, salientemo-las e consideremo-las audaciosamente. Pode ser que, submetidas ao exame, elas nos revelem se devemos dizer que o bem é o prazer, a sabedoria ou uma terceira coisa." (PLATÃO)
 
O que se deve pesar na hora de determinar o que é lícito ao se agir com o objetivo de sentir prazer?
O que uma pessoa pensa sobre isto vale para todas?
 
Há princípios que podem ser universais para a conduta? 
São os princípios éticos?
 
E a moral, que diferença tem da ética?
Ela pode orientar seguramente ao prazer e à felicidade?
 
A mensagem do comercial da Rider se enquadra melhor na ética ou na moral?

Até onde se pode viver como um lifeaholic ou um pleasureaholic?

imagens: Rider.com, lelivros.club