Sou muito racional para crer em Deus.
É o que muitos costumam dizer e com isto separam fé, como
dado revelado, de ciência, dado empírico racionalmente metodizado.
No entanto, as provas da existência de Deus são racionais.
Elaboradas rigorosamente lógicas, elas sustenta-se, em última instância, no
racionalismo como base do conhecimento. Quer dizer que uma epistemologia
sensorial remete ao ceticismo, já que os sentidos enganam. Tanto é que a
ciência muda.
Você conhece o falibilismo e o pensamento de Karl Popper?
Voltando ao assunto em questão, sob o ponto de vista do
racionalismo, algo, para ser verdadeiro, precisa suportar o exame da razão sem
ser falseado, sustentando como verdade da razão não sujeita às alterações que
dão ao concreto, base do empirismo, aparências de realidade definitiva. A
realidade concreta é mutável, transitória. Portanto, move-se sujeita ao tempo.
Sob a perspectiva do racionalismo, os conceitos de finitude e infinitude vão guiar Descartes a elaborar sua prova ontológica.
Um ser finito como o homem possui ideias de seres finitos, isto significa que alguns deles existem fora da mente. Porém, a ideia do infinito não é a representação de algo existente no mundo das coisas finitas, o real, mas, ela está no homem. Sendo o finito tomado por negação do infinito pelo princípio lógico de que aquilo que pode o mais pode o menos e não o contrário, deve haver algo infinito, pelo menos um que seja existente e confira realidade à sua ideia. A infinitude é o predicado que totaliza todos os outros do que se chama Deus: infinitamente bom, poderoso, etc. Então, Deus, de realidade essencial pensada é admitida como realidade ontológica, existente.

Tipo, se você pensa em Deus, o representa conceitualmente, é
porque ele existe em algum lugar e a ideia dele no ser pensante é sinal de um
contato intuitivo entre o sujeito e o objeto que vem exposto pela via racional.
Descartes diz que a ideia de Deus é como uma marca deixada
pelo criador no criado.
Isto parece lógico para você?
É possível acreditar nisto?
Por quê?
O argumento cartesiano vai ser amplamente problematizado na
modernidade.
imagem: filosofósforos/facebook/internet