Sua revista escolar de filosofia.

domingo, 20 de novembro de 2016

Tempo ou dinheiro?

Questão dourada da filosofia, ser feliz pode ser apontado como meta de vida, para todos.

Por isto, voltamos a falar da felicidade. 

Contudo, encontrar o significado para ela talvez seja uma das mais escorregadias tarefas.

"Todos aspiramos à felicidade, mas quanto a conhecer seu caminho, tateamos como nas trevas.” É o que nos sugere Sêneca. 

E neste tatear, podemos imaginar que a felicidade é possuir tudo o que se quer. No entanto, não se pode ter tudo. E se fosse possível ter, somente com a condição de não querer mais nada. Do contrário, continuar a desejar algo é querer possuir o que ainda não se tem e que trará a felicidade. É confessar-se infeliz. 

O tédio da conquista resultante da perda do interesse por já possuir o que se queria leva ao novo desejo e à perseguição à felicidade.

Como viver?

A filosofia aposta na sabedoria, no saber viver e isto implica conhecimento e posse da verdade.

Como diz Aristóteles, engana-se quem acredita que a felicidade seja diversão. Ela vem com atitudes virtuosas e isto para o homem é agir esforçadamente com a razão acima de tudo. Tem a ver com viver com consciência uma vida que se aprova, uma vida com sentido e alegria por ela ser como é quando aquilo que se faz, na maior parte do tempo, produz bem-estar autêntico, jamais prejuízos como os decorrentes dos vícios, desvios ou inconsequências. Se não fosse assim, venceria o cinismo.

Tem a ver com fazer o que se gosta com aprovação ética e gostar do que se está fazendo, desejando e possuindo numa relação de apreço ou amizade (filia) pela vida.

Amar o que se tem ou o que se é a cada instante, sem nada esperar além do que há e que pode não vir a ser, pois o que há é o presente que satisfaz, o real que completa, a verdade que confirma a verdade daquilo que se vive. 

 


Uma reportagem do jornal El País (clique no link para ler) se propõe a analisar a felicidade sob a seguinte questão: mais dinheiro ou mais tempo faz feliz?

E o que mais?


Uma leitura fácil e agradável para entender o percurso filosófico sobre a felicidade é o livro de André Comte-Sponville, A felicidade, desesperadamente. 




Quer ser feliz?
Desesperadamente?

imagens: Filosofósforos, Google 

sábado, 15 de outubro de 2016

Consciência, responsabilidade e respeito: lições práticas para a vida. (TRABALHO DE ENSINO RELIGIOSO APENAS PARA TERCEIROS ANOS)



Nossa jornada pelo Ensino Religioso nos permitiu uma visão teórica ampla a respeito do fenômeno da religião. 

Percebemos suas características sociológicas, antropológicas, históricas, étnicas, psicológicas, médicas, legais e filosóficas.

Isto nos fez ver as religiões de cima, fora de qualquer discussão sobre particularidades doutrinárias, para encontrar um núcleo comum na espiritualidade: a relação homem/sagrado.

Ao completar nosso percurso, cada um poderá olhar para a sua própria religião e para as outras com mais conhecimento e com a possibilidade de encontrar razões mais fortes para a própria fé ou mesmo para o seu ceticismo, porém, com respeito a todas as crenças.  Esta é uma postura ética que demonstra educação e compreensão de um princípio maior que deve unir todas as pessoas: o amor com igualdade.

Vejamos uma passagem de Immanuel Kant:


“Dever e obrigação são as denominações exclusivas que devemos dar à nossa relação com a moral.” (Crítica da Razão Prática)

O filósofo alemão nos diz que o único dever que temos é respeitar a lei moral.

A lei moral é a fazer somente aquilo que poderia se transformar em um mandamento para todas as pessoas em todos os tempos.

E quem nos diz qual é a lei moral?

Nossa própria razão.
 

Ela nos diz que o ideal maior de bondade é fazer o bem por fazer, sem interesse. Fazer o bem por amar o bem e nada mais.


É pensar qual o melhor meio de realizar no mundo os ideais de bondade que gostaríamos tanto de viver em toda a sua pureza.




As religiões nos ajudam a entender o bem e nos orientam no que fazer, cada uma a seu modo.  Para entendê-las, às vezes é preciso refletir e encontrar lógica nas práticas e mandamentos.

“Todas as doutrinas bíblicas e religiosas que conflitem com a razão devem ser interpretadas alegoricamente, como maneiras de expressar noções morais que ganham vivacidade, e não validade em sua formulação religiosa.” (Roger Scruton, Kant)

Em outras palavras: ou aceitamos tudo o que as religiões dizem sem refletir, ou buscamos compreender a profunda sabedoria das religiões pensado melhor naquilo que elas afirmam.

É a diferença entre a postura fanática e a fé crítica.

Pensar com critérios expande a consciência e reforça a responsabilidade, onde cada um cuida melhor de si mesmo e dos outros com solidariedade.

TRABALHO

Após ter lido a introdução de apoio, reflita e escreva um texto pessoal onde você vai responder as seguintes questões:

- o que você acha dos atritos motivados por diferenças religiosas? 


- existe algo acima das diferenças religiosas que deve ser colocado em primeiro lugar? Isto poderia ser ensinado? De que maneira?


- as aulas de Ensino Religioso contribuíram para você aprofundar sua opinião a respeito da cultura religiosa e seus valores básicos? Em que sentido?

SEU TEXTO DEVE SER POSTADO AQUI NO BLOG COMO COMENTÁRIO A ESTA POSTAGEM (ABAIXO DO TEXTO, NA CAIXA DE TEXTO “COMENTÁRIOS”) ATÉ  17/11.

INSTRUÇÕES PARA PUBLICAÇÃO:

- VISUALIZE A BARRA COM FUNDO BRANCO AO FINAL DA POSTAGEM;

- NELA ESTÁ ESCRITO: “POSTADO POR CHARLES DALBERTO ÀS xx:xx (HORA)” (2, 3, 4, ETC.) COMENTÁRIO(S):” (COR LARANJA ESCURO)

- CLIQUE EM CIMA DA PALAVRA “COMENTÁRIO”

- VAI ABRIR UMA CAIXA DE TEXTO;

- COLOQUE SEU COMENTÁRIO NELA COM NOME COMPLETO E TURMA;

- CLIQUE EM “PUBLICAR” (BOTÃO AZUL);

- PRONTO, SUA POSTAGEM SERÁ ANALISADA E VALIDADA.

Bom trabalho!

Imagems: pinterest, frases do bem, habeas mentem

domingo, 9 de outubro de 2016

Morte depois da vida ou vida depois da morte? TRABALHO DE ENSINO RELIGIOSO APENAS PARA PRIMEIROS ANOS

"Aqueles, enfim, cuja vida foi reconhecida como de grande piedade, são libertados, como de cárceres, destas regiões inferiores da terra, e levados para regiões puras, indo morar na superfície da verdadeira terra!" Sócrates (Fédon, Platão) 

Assim Sócrates, o grande filósofo de Atenas, condenado à morte por perguntar demais em 399 a.c., pouco antes da execução, tentava consolar Símias e seus outros discípulos mostrando que não se deveria temer a morte. Afinal, quem filosofa procura a verdade e o bem, vive de maneira justa e não deve ter medo de nenhum julgamento. 

Depois da morte, vida.
Liberdade.
Uma realidade ainda melhor.

"Bela é a recompensa e grande a esperança!" (idem)

O Ser, jamais o nada.

Existir sempre, consciente e íntegro após sair da vida na Terra.

Segundo Sócrates e Platão e toda uma tradição da filosofia e das religiões, a existência humana marcada pelo bem tem como destino a continuidade feliz no mundo da almas.

Em diferentes culturas, a questão é parte de reflexões, recordações e celebrações distintas.

Na tradição mexicana, e de alguns outros povos americanos, a morte é razão para festejos.

Faça uma pesquisa e conheça melhor a relação dos mexicanos com a morte e como sua cultura influencia outras sociedades, como a brasileira.

Responda as perguntas no seu caderno consultando os links sugeridos abaixo;
Mostre nas aulas de Ensino Religioso na semana entre 24/10 e 27/10 para receber a avaliação.

ROTEIRO DO TRABALHO

- Como os mexicanos comemoram o día de los muertos? 
- Qual a origem histórica da comemoração mexicana?
- Por que eles consideram o dia dos mortos uma ocasiões festiva? 
- Quais os principais símbolos da festa aos mortos (objetos, alimentos, etc.)? 
- Día de los muertos e halloween são a mesma coisa? 
- Quando começou a tradição cristã de rezar pelos mortos em 02 de novembro?  


(Responda conforme sua experiência e opinião pessoais)
- Para você o dia dos mortos pode ser ocasião de comemoração ou isso seria falta de respeito pelos finados? 
- É melhor ser lembrado com tristeza ou com alegria? 
- Como você costuma lembrar dos entes queridos falecidos? 
- Fazer o bem ou o mal em vida faz diferença no destino da alma após a morte? 

LINKS SUGERIDOS (clique em cima do link e vá direto para o site)

Discovery: 9 curiosidades sobre o Dia dos Mortos

InfoEscola: Dia dos Mortos

Jornal Minas: Festa dos mortos (vídeo) 

Brasil Escola: 02 de novembro - Dia de Finados

Imagens: thinkstock; divulgação 

domingo, 19 de junho de 2016

TRABALHO DE ENSINO RELIGIOSO: ESTUDO DE CASOS DE EQM


"A verdade é que o que vou te narrar não é um conto de Alcínoo, mas de um homem valente, Er o Armênio, Panfílio de nascimento. Tendo ele morrido em combate, andavam a recolher, ao fim de dez dias, os mortos já putrefatos, quando o retiraram em bom estado de saúde. Levaram-no para casa para lhe dar sepultura, e, quando ao décimo segundo dia, jazia sobre a pira, tornou à vida e narrou o que vira no além." PLATÃO, A República, L. X. 

 


A narração é um dos trechos mais populares e enigmáticos da obra platônica A República. 

Er, o Armênio, volta do mundo dos mortos e conta como é o julgamento das almas. 

 
A história, tratada por Mito de Er, sustenta na filosofia de Platão a realidade de um mundo espiritual essencial e verdadeiro, distinto da realidade sensível, apenas aparente, onde estão os vivos.  


O caso de Er poderia ser uma Experiência de Quase-Morte, o que a medicina chama hoje de EQM? 


Trata-se de uma experiência humana de todos os tempos e que estaria entre os fatores que são causas das religiões? 

Ciência fala em consciência além da morte

Pesquisa considerada a maior já realizada com casos de morte cerebral - clique aqui para ler - registrou que 40% dos envolvidos tiveram lembranças do período em que estavam clinicamente mortos. 

O estudo foi dirigido pela universidade de Southampton, na Inglaterra com a parceria de hospitais dos Estados Unidos, Áustria e Reino Unido. 

Um dos pacientes relatou com detalhes o que ocorria na sala do hospital enquanto estava em estado de morte. 

Segundo Sam Parnia, pesquisador, isso não deveria ter acontecido porque o cérebro deixa de registrar sensações cerca de 30 segundos após a parada do coração. 

Objetivo do trabalho

O que vamos ver aqui é se os casos de EQM podem trazer alguma contribuição para a investigação sobre a possibilidade de haver alguma realidade naquilo que as religiões dizem de essencial: que a vida continua após a morte. 


Vamos trabalhar o tema e ver o que podemos encontrar. 


O TRABALHO - roteiro de observação a ser seguido

Analisar o vídeo, ler a reportagem e pesquisar os temas apontados abaixo para organizar uma apresentação por grupo. 

(clique aqui para ver o vídeo do NATGEO Channel)

Orientações para o trabalho: 

- Formar SEIS grupos de estudos. 

- GRUPO 1: EXPLICAR O QUE AS RELIGIÕES CHAMAM ALMA OU ESPÍRITO E QUAL A OPINIÃO DA CIÊNCIA SOBRE ISSO (PESQUISA)  
- GRUPO 2: EXPLICAR O QUE SÃO OS E.Q.M. EM GERAL (PESQUISA)
- GRUPO 3: EXPLICAR A REPORTAGEM SOBRE A PESQUISA COM E.Q.M. (NO LINK NESSA POSTAGEM)
- GRUPO 4: EXPLICAR O PRIMEIRO CASO DO VÍDEO (NO LINK NESSA POSTAGEM)
- GRUPO 5: EXPLICAR O SEGUNDO CASO DO VÍDEO (NO LINK)
- GRUPO 6: EXPLICAR O TERCEIRO CASO DO VÍDEO (NO LINK)

FINAL - Seminário com todos os grupos. 

Os casos são intrigantes e vão despertar a sua curiosidade e a sua opinião.

Bom trabalho a todos!



link: NatGeo Channel/Youtube
imagens: guia, escritas, anquibasia

ATUALIZADO EM 06/03/2023 

sábado, 18 de junho de 2016

Moral total


Pode haver uma moral universal


A filosofia cristã propõe uma ética universal baseada no dever respeitoso ao princípio moral de valor absoluto do ego paralelo à alteridade uma vez que o divino reside no sujeito: amor a Deus e ao próximo como a si mesmo.


A história mostra os tropeços desta moral deontológica porque com ela compete o consequencialismo utilitário que visa o maior bem à maioria e neste ponto é preciso considerar o que é o bem, variável conforme os interesses pessoais e sociais em jogo.

 
A ética cristã transfere deste mundo para outro a possibilidade de felicidade e conduz ao exaustivo trabalho em função da alma, o que afasta os sujeito da ação política e econômica, problema que o luteranismo procurou equacionar. Depois Weber também vai propor uma moral pessoal e outra social que vai chamar de éticas da convicção e da responsabilidade. A primeira relacionada à noção íntima de bem e mal e a segunda às consequências práticas da ação, o que considera fins e meios, não somente princípios. 

Com Kant ressurge a ideia de uma ética universal deontológica que incorpora o trabalho e a política sem a espera contemplativa pela vinda do governo divino no fim da História ou a ascensão celeste da alma enquanto outros decidem o que fazer das questões existenciais mundanas e da administração da justiça.

Diante da diversidade dos interesses humanos e suas visões de mundo, seria possível uma moral universal, total, baseada no utilitarismo, ou seja, em uma decisão racional, portanto calculada, de qual o bem ideal a ser realizado?


O amor, mesmo se metafísico e revelado, pode ser a essência deste tipo de moral humanista? 


Seria possível tornar o amor um conceito unívoco, fundamento do bem moral, eliminando ambiguidades que o torne significante de um significado único? 

 

O termo amar é relativo. Ou não?
 

"O fim da moralidade é a manutenção da reta ordem, pois esta se identifica à bondade objetiva [...] A força motriz para a realização da ordem moral é o amor, que remata na caridade. [...] O amor é a própria essência do homem [...] amar sinceramente a outrem significa amá-lo como a nós mesmos, o que só é possível num plano de igualdade" BOEHNER e GILSON, Santo Agostinho. Filosofia Cristã, Petrópolis: Vozes, 1991. p. 187, 188 e 189. 

Colocar o amor na posição de critério objetivo das escolhas da vontade eliminaria a relatividade dos interesses e permitiria compreendê-lo em sua função civilizatória histórica mesmo em relação à consequência da sua adoção e não apenas ao seu princípio normativo como manifestação ontológica.  

A passividade de Cristo diante da própria execução, exemplo de sacrifício por dever submisso ao poder divino de absoluta justiça com amor e graça pode ser visto sob a ótica utilitarista da morte de um para a salvação de todos?  

(acesse o hiperlink no início e leia mais sobre o tema na revista Filosofía Hoy)

link: Filosofía Hoy
imagem: Filosofía Hoy,  atestemunhafiel