Novamente, porque, em dado momento, eles foram parte do ethos ou da episteme de um povo que o constituiu e o consagrou.
É o caso da palavra alétheia, usada para batizar a operação da Polícia Federal que no dia 04/03/2016 levou o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva a depor obrigado pelo instrumento de condução coercitiva. Uma detenção temporária para prestar esclarecimentos em um inquérito, no caso aqui, parte das investigações de corrupção da Lava Jato.
Alétheia.
Αλήθεια.
Significa o que é lembrado, o não esquecido. Vem do grego
léthe, esquecimento, com o prefixo “a”, negação. A alétheia é uma concepção de
verdade ligada ao mito da encarnação das almas, quando bebiam a água do rio
Léthe, que impregnado pela deusa de mesmo nome, fazia o homem esquecer a
verdade do mundo inteligível. Na República há o relato posto por Platão no mito de Er.
No mundo original está a essência do Ser.
Lá, a justiça, por exemplo, é ideal e perfeita, modelo a ser copiado no
mundo material para realização do bem. Pretender a alétheia é querer alcançar o
extremo da verdade.
O que é a essência do justo?
Há a justiça perfeita?
Como ela é?
O que é a essência do justo?
Há a justiça perfeita?
Como ela é?
A concepção platônica aponta para o dualismo da realidade, sendo primordial a intelectiva e ideal, da qual deriva em simulação transitória e imperfeita do real concreto.
Para os gregos, o ser estava dado como fato real e objetivo.
Conhecer significava apreender a totalidade da coisa em sua estabilidade e identidade.
O que é a coisa, sua causa?
Parmênides diz que o ser é aquilo que é e sua essência só se alcança racionalmente.
O ser é razão.
"Pensar e ser são idênticos."
É um exemplo de como os gregos tratavam o conhecimento e a verdade: o ser é verdade em si mesmo que o sujeito capta.
A verdade está em o sujeito atingir o ser-em-si.
O objeto (ser) se mostra ao sujeito e o condiciona.
O que se conhece é o que o objeto revela.
O que é o fato?
A operação policial sugere que quer a verdade radical dos acontecimentos.
A epistemologia moderna se preocupa com o processo do conhecimento e as faculdades do sujeito.
Como é possível conhecer?
Para os antigos, a preocupação é: como é possível se enganar, se o ser é fenômeno dado?
Alétheia é a perfeita adequação entre o intelecto e a própria coisa, diferente da noção de veritas, a verdade por correspondência entre os enunciados da linguagem e as coisas.
Alethéia pretende conhecer a realidade ou irrealidade da própria coisa.
Veritas, a verdade ou a falsidade do discurso sobre a coisa.
Alethéia pretende conhecer a realidade ou irrealidade da própria coisa.
Veritas, a verdade ou a falsidade do discurso sobre a coisa.
Alethéia é evidência.
Verdade manifesta e intuída do ser que é fato, que é fenômeno, onde não há espaço para seu oposto, o pseudo, o engano.
link: FolhaSP
imagem: internet, OSul
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