Sua revista escolar de filosofia.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Questões de estudo 2

A unidade 2 do Caderno de Estudos de Filosofia Geral e da Educação traz a introdução a algumas áreas relacionadas à Filosofia.

São a sequência para explorar os temas e a abrir perspectivas maiores da análise filosófica.
Aqui vão algumas sugestões para acrescentar ao estudo.
O tópico 1 trata da Teoria do Conhecimento. Ao falar sobre o que é conhecer é preciso mergulhar na metafísica e perpassar a história do pensamento, já que em todas as épocas, filósofos se dedicaram a investigar o que seja conhecer e como é possível. Este tema será tratado como mais profundidade na disciplina específica.
Neste momento, é importante ir se familiarizando com o assunto. Uma das obras fundamentais dedicadas à epistemologia é o livro Teeteto, de Platão, considerado por alguns o inaugural sobre o tema e atual nas reflexões que traz.
“Ora, seria o cúmulo da simplicidade, estando nós à procura do conhecimento, vir alguém dizer-nos que é a opinião certa aliada ao conhecimento, seja da diferença ou do que for. Desse modo, Teeteto, conhecimento não pode ser nem a sensação, nem opinião verdadeira, nem a explicação racional acrescentada a essa opinião verdadeira.” (PLATÃO, p. 98)
Nas palavras de Sócrates, podemos afirmar que conhecemos, porém não respondemos com satisfação como se dá o ato de conhecer.
A fenomenologia, por exemplo, vai tratar o homem como sujeito consciente de si e do mundo dos entes, condição que o eleva a ser luz entre as coisas e ter por essência existir e reconhecer sua própria existência e das coisas do mundo. O espírito humano percebe o que se enquadra, a seu modo, naquilo que é conhecimento.
“Pusemos a questão sobre o que é conhecer. A resposta é possível porque estou presente ao cognoscente que sou. Minha existência é consciência-de-conhecer, sem ser de conhecimento. [...] Essa resposta, portanto, jamais pode ser provada, no sentido estrito da palavra, como p. ex., deduzo, raciocino, provo de um círculo ou esferas as propriedades necessárias. No explicitar não há provas: apenas posso apontar. Só consigo esforçar-me por apreender e exprimir aquilo a que estou presente.” (LUIJPEN, p. 90)
Contudo, não se pode pretender trabalhar com metafísica e teoria do conhecimento sem se apropriar do pensamento de Immanuel Kant.
Mas isto é para mais adiante.
Na página 68 há uma relação de identidade entre conhecimento mítico e religioso como fundamentados na fé como critério de verdade. É preciso fazer uma distinção.
O conhecimento demonstrável de modo racional é lógico. Há religiões amparadas em verdades filosóficas profundas, não sendo produto da fé se esta significar o inconcebível lógico. Deus, por exemplo, é uma ideia para a filosofia e para a teologia. Ele só não é empiricamente demonstrável como é um objeto do mundo real e concreto.
Mesmo a ciência positiva se ampara em certa espécie de fé. Confia na maior probabilidade de certeza de seus enunciados por confiar na certeza de seus métodos.
“Não existe, por conseguinte, um mundo-em-si científico. Em princípio, há tantos mundos científicos especialmente distintos, quantas são as atitudes especificamente diversas de perguntar.“ (LUIJPEN, p. 170)
Por isto, diversas ciências e não somente uma. Como diz Heidegger, a ciência é uma teoria sobre o real. Baseia-se no rigor da razão e reivindica a pretensão de falar a verdade sobre o ser concreto. Porém, submete-se ainda à Filosofia da Ciência, cujo papel é manter a crítica sobre aquilo que se afirma ser a verdade a respeito da realidade. A ciência não é totalizante, já que não explica tudo à luz de seu método. Não consegue, por exemplo, responder se o conhecimento parte do sujeito ou do objeto. Descreve leis mecânicas, mas não sabe responder como foram elaboradas de fato.
Na mesma página, onde se fala em conhecimento filosófico, afirma-se que a filosofia não pretende estabelecer um conhecimento absoluto, mas questionar e refletir. Não seria bem assim. Há sistemas filosóficos que pretendem chegar a verdades imutáveis e, portanto, absolutas. O cartesiano é um exemplo. A dúvida metódica arrasa o conhecimento inconsistente para propor um verdadeiro e metafísico. Descartes anuncia a realidade inquestionável do ser que pensa de modo absoluto. A própria lógica, como a matemática, possui verdades absolutas e com elas a filosofia propõe conhecimentos inquestionáveis pela razão. Alguns carecem é de demonstração na instância do real empírico, como a existência de Deus.
Ou alguém tem dúvida de que para os platônicos os seres ideais são absolutos?
Lógica
O tópico 2 traz noções bastante elementares sobre lógica. Opta por não ingressar na linguagem artificial ou apresentar a gramática lógica. Isto provavelmente virá com profundidade na disciplina de lógica.
Para se ter uma ideia do que será necessário aprender, os fundamentos passam por definição de sentença e argumento, legitimidade, ilegitimidade e analiticidade, proposição, possibilidade, etc.
Por exemplo, uma sentença é analítica quando jamais pode ser falseada.
Argumentos que trazem sentenças condicionais possuem legitimidade a analiticidade se o condicional correspondente for analítico:
“Se todos os homens são mortais e todos os gregos são homens, então todos os gregos são mortais.”  
Em lógica fica: Se todo A é B e todo C é A, então todo C é B.   
Grego? Nem tanto, vai...
Ética
O capítulo é resumido a algumas perspectivas éticas e distingue ética de moral.
É o começo.
Em toda a história da filosofia os pensadores falam mais ou menos sobre ética. Logo, é muito mais do que o exposto no livro. Uma boa viagem nesta história está no livro Ética, conceitos-chave em filosofia, de Dwight Furrow. Uma obra bem didática editada pela Artmed.
Porém, uma recomendação é se aproximar das origens gregas. Além da obra Ética a Nicômaco,de Aristóteles já recomendada, outro livro interessante é o diálogo Mênon, de Platão. Neste livro o filósofo destrincha a questão da Virtude e se ela pode ou não ser ensinada. Outro diálogo é o Filebo, sobre o prazer, a felicidade e o Bem, temas recorrentes na literatura platônica.

Conhecer o pensamento estóico é também de fundamental importância.


A concepção kantiana de moral e ética é magnífica, mas exige conhecimentos prévios para entender o sistema do filósofo e o que ele diz sobre liberdade e dever na perspectiva transcendental. Assim como a estética por Kant, que já mencionamos no post Que bonito!
Na sequência, o terceiro capítulo.
Bons estudos!
REFERÊNCIAS

LUIJPEN, William. Introdução à fenomenologia existencial. São Paulo: EPU/USP, 1973.
PLATÃO. Teeteto. Belém: UFPA, 1988.

imagens: cassao, portugues.free.ebooks, Filosofósforos

Um comentário:

  1. Nós o testemunhamos, repliquei eu. Então, o filósofo se voltou para nós e respondeu: “bem, se vocês realmente ouvirão, podem me descrever o que entendem como sendo tendência atual do ginásio. Além disso vocês estão muito mais próximos desta esfera, de modo que podem portanto comparar meus pensamentos com suas experiências e suas impressões” .
    Ate agora, sempre tínhamos a acreditado que a única intenção do ginásio era preparar para a universidade. No entanto, esta preparação deseja nos tornar autônomos o suficiente, em harmonia com a condição extraordinariamente livre que é aquele de um estudante universitário. Portanto, me parece que, em nenhuma outra esfera da vida atual, é permitido ao indivíduo tomar decisões e dispor sobre tentas coisas como na esfera da vida estudantil. Ele deve poder se guiar por si mesmo durante um bom punhados de anos,num terreno vasto.
    O indivíduo deve, nesta ocasião, congratular-se com os seus pontos de vistas e com os seus propósitos, para poder andar por si mesmo e sem muletas .
    Sendo despertado nele o sentido cientifico, o desejo de uma rigorosa causalidade na descoberta, a sede de achar e inventar. e sem duvida são muitos os que, ao descobrir uma nova maneira de lera prendida no ginásio, captada por um instinto juvenil, ficam seduzidos por longo tempo pelos encantos da ciência.
    Em suma, acreditamos que a tendência do ginásio consiste em preparar e habituar o aluno de tal maneira que depois ele pudesse continuar a viver e a aprender autonomamente, tal como teve de viver e aprender sob o constrangimento do regulamento do ginásio.
    O estudante esta ligado a universidade pelos ouvidos o estudante escuta quando fala, quando vê quando anda, quando esta acompanhado, quando tem uma atividade artística, em suma, quando vive, ele é autônomo, quer dizer, independente do estabelecimento de ensino. Com bastante frequência, o estudante escreve enquanto ouve. Estes são os momentos em que está preso pelo cordão umbilical à Universidade.
    Ele pode escolher o que quer ouvir, não precisa acreditar na quilo que ouve, pode tapar os ouvidos quando não queira ouvir. Eis o método de ensino oral.
    Quanto ao Professor, ele por sua vez fala aos estudantes que o escutam. O que ele pensa ou faz está, aliás, separado por um imenso abismo da percepção dos estudantes. Uma só boca que fala para muitos ouvidos e metade de mãos que escrevem.
    O estudante esta ligado a universidade pelos ouvidos, uma só boca que fala para muitos ouvidos é uma matade de mãos que escrevem- eis o aparelho acadêmico externo, eis a maquina cultural universitária posta em funcionamento.
    Através do ginásio se revela uma autonomia, com um ar de orgulho, sob a foma de uma auto-educação acadêmica da cultura.
    Os profissionais, mantendo uma cultura degenerada, viciada, falsificada, ver este golpe terrível observar que todos os nossos homens públicos, eruditos e jornalistas, levam consigo este sinal de de degeneração.
    Ensino e filosofia: Educação como formação crítica
    Prof. Felipe Szyszka Karasek

    ADRIANO DE OLIVEIRA FREIRE

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