São a sequência para explorar os temas e a abrir
perspectivas maiores da análise filosófica.
Aqui vão algumas sugestões para acrescentar ao estudo.
O tópico 1 trata da Teoria do Conhecimento. Ao falar sobre o
que é conhecer é preciso mergulhar na metafísica e perpassar a história do
pensamento, já que em todas as épocas, filósofos se dedicaram a investigar o que
seja conhecer e como é possível. Este tema será tratado como mais profundidade
na disciplina específica.
Neste momento, é importante ir se familiarizando com o
assunto. Uma das obras fundamentais dedicadas à epistemologia é o livro Teeteto,
de Platão, considerado por alguns o inaugural sobre o tema e atual nas
reflexões que traz.
“Ora, seria o cúmulo da simplicidade, estando nós à procura
do conhecimento, vir alguém dizer-nos que é a opinião certa aliada ao
conhecimento, seja da diferença ou do que for. Desse modo, Teeteto,
conhecimento não pode ser nem a sensação, nem opinião verdadeira, nem a
explicação racional acrescentada a essa opinião verdadeira.” (PLATÃO, p. 98)
Nas palavras de Sócrates, podemos afirmar que conhecemos,
porém não respondemos com satisfação como se dá o ato de conhecer.
A fenomenologia, por exemplo, vai tratar o homem como
sujeito consciente de si e do mundo dos entes, condição que o eleva a ser luz
entre as coisas e ter por essência existir e reconhecer sua própria existência
e das coisas do mundo. O espírito humano percebe o que se enquadra, a seu modo,
naquilo que é conhecimento.
“Pusemos a questão sobre o que é conhecer. A resposta é
possível porque estou presente ao cognoscente que sou. Minha existência é
consciência-de-conhecer, sem ser de conhecimento. [...] Essa resposta, portanto,
jamais pode ser provada, no sentido estrito da palavra, como p. ex., deduzo,
raciocino, provo de um círculo ou esferas as propriedades necessárias. No
explicitar não há provas: apenas posso apontar. Só consigo esforçar-me por
apreender e exprimir aquilo a que estou presente.” (LUIJPEN, p. 90)
Contudo, não se pode pretender trabalhar com metafísica e
teoria do conhecimento sem se apropriar do pensamento de Immanuel Kant.
Mas isto é para mais adiante.
Na página 68 há uma relação de identidade entre conhecimento
mítico e religioso como fundamentados na fé como critério de verdade. É preciso
fazer uma distinção.
O conhecimento demonstrável de modo racional é lógico. Há religiões
amparadas em verdades filosóficas profundas, não sendo produto da fé se esta
significar o inconcebível lógico. Deus, por exemplo, é uma ideia para a
filosofia e para a teologia. Ele só não é empiricamente demonstrável como é um
objeto do mundo real e concreto.
Mesmo a ciência positiva se ampara em certa espécie de fé. Confia
na maior probabilidade de certeza de seus enunciados por confiar na certeza de seus
métodos.
“Não existe, por conseguinte, um mundo-em-si científico. Em
princípio, há tantos mundos científicos especialmente distintos, quantas são as
atitudes especificamente diversas de perguntar.“ (LUIJPEN, p. 170)
Por isto, diversas ciências e não somente uma. Como diz
Heidegger, a ciência é uma teoria sobre o real. Baseia-se no rigor da razão e
reivindica a pretensão de falar a verdade sobre o ser concreto. Porém,
submete-se ainda à Filosofia da Ciência, cujo papel é manter a crítica sobre aquilo
que se afirma ser a verdade a respeito da realidade. A ciência não é
totalizante, já que não explica tudo à luz de seu método. Não consegue, por
exemplo, responder se o conhecimento parte do sujeito ou do objeto. Descreve
leis mecânicas, mas não sabe responder como foram elaboradas de fato.
Na mesma página, onde se fala em conhecimento filosófico,
afirma-se que a filosofia não pretende estabelecer um conhecimento absoluto,
mas questionar e refletir. Não seria bem assim. Há sistemas filosóficos que
pretendem chegar a verdades imutáveis e, portanto, absolutas. O cartesiano é um
exemplo. A dúvida metódica arrasa o conhecimento inconsistente para propor um
verdadeiro e metafísico. Descartes anuncia a realidade inquestionável do ser
que pensa de modo absoluto. A própria lógica, como a matemática, possui verdades
absolutas e com elas a filosofia propõe conhecimentos inquestionáveis pela razão.
Alguns carecem é de demonstração na instância do real empírico, como a
existência de Deus.
Ou alguém tem dúvida de que para os platônicos os seres ideais
são absolutos?
Lógica
O tópico 2 traz noções bastante elementares sobre lógica.
Opta por não ingressar na linguagem artificial ou apresentar a gramática lógica.
Isto provavelmente virá com profundidade na disciplina de lógica.
Para se ter uma ideia do que será necessário aprender, os
fundamentos passam por definição de sentença e argumento, legitimidade,
ilegitimidade e analiticidade, proposição, possibilidade, etc.
Por exemplo, uma sentença é analítica quando jamais pode ser
falseada.
Argumentos que trazem sentenças condicionais possuem
legitimidade a analiticidade se o condicional correspondente for analítico:
Em lógica fica: Se todo A é B e todo C é A, então todo C é
B.
Grego? Nem tanto, vai...
Ética
O capítulo é resumido a algumas perspectivas éticas e
distingue ética de moral.
É o começo.
Em toda a história da filosofia os pensadores falam mais ou
menos sobre ética. Logo, é muito mais do que o exposto no livro. Uma boa viagem
nesta história está no livro Ética, conceitos-chave em filosofia, de Dwight
Furrow. Uma obra bem didática editada pela Artmed.
Porém, uma recomendação é se aproximar das origens gregas. Além
da obra Ética a Nicômaco,de Aristóteles já recomendada, outro livro interessante
é o diálogo Mênon, de Platão. Neste livro o filósofo destrincha a questão da Virtude
e se ela pode ou não ser ensinada. Outro diálogo é o Filebo, sobre o prazer, a
felicidade e o Bem, temas recorrentes na literatura platônica.
Conhecer o pensamento estóico é também de fundamental importância.
A concepção kantiana de moral e ética é magnífica, mas exige conhecimentos prévios para entender o sistema do filósofo e o que ele diz sobre liberdade e dever na perspectiva transcendental. Assim como a estética por Kant, que já mencionamos no post Que bonito!
Na sequência, o terceiro capítulo.
Bons estudos!
REFERÊNCIASLUIJPEN, William. Introdução à fenomenologia existencial. São Paulo: EPU/USP, 1973.
PLATÃO. Teeteto. Belém: UFPA, 1988.
imagens: cassao, portugues.free.ebooks, Filosofósforos
Nós o testemunhamos, repliquei eu. Então, o filósofo se voltou para nós e respondeu: “bem, se vocês realmente ouvirão, podem me descrever o que entendem como sendo tendência atual do ginásio. Além disso vocês estão muito mais próximos desta esfera, de modo que podem portanto comparar meus pensamentos com suas experiências e suas impressões” .
ResponderExcluirAte agora, sempre tínhamos a acreditado que a única intenção do ginásio era preparar para a universidade. No entanto, esta preparação deseja nos tornar autônomos o suficiente, em harmonia com a condição extraordinariamente livre que é aquele de um estudante universitário. Portanto, me parece que, em nenhuma outra esfera da vida atual, é permitido ao indivíduo tomar decisões e dispor sobre tentas coisas como na esfera da vida estudantil. Ele deve poder se guiar por si mesmo durante um bom punhados de anos,num terreno vasto.
O indivíduo deve, nesta ocasião, congratular-se com os seus pontos de vistas e com os seus propósitos, para poder andar por si mesmo e sem muletas .
Sendo despertado nele o sentido cientifico, o desejo de uma rigorosa causalidade na descoberta, a sede de achar e inventar. e sem duvida são muitos os que, ao descobrir uma nova maneira de lera prendida no ginásio, captada por um instinto juvenil, ficam seduzidos por longo tempo pelos encantos da ciência.
Em suma, acreditamos que a tendência do ginásio consiste em preparar e habituar o aluno de tal maneira que depois ele pudesse continuar a viver e a aprender autonomamente, tal como teve de viver e aprender sob o constrangimento do regulamento do ginásio.
O estudante esta ligado a universidade pelos ouvidos o estudante escuta quando fala, quando vê quando anda, quando esta acompanhado, quando tem uma atividade artística, em suma, quando vive, ele é autônomo, quer dizer, independente do estabelecimento de ensino. Com bastante frequência, o estudante escreve enquanto ouve. Estes são os momentos em que está preso pelo cordão umbilical à Universidade.
Ele pode escolher o que quer ouvir, não precisa acreditar na quilo que ouve, pode tapar os ouvidos quando não queira ouvir. Eis o método de ensino oral.
Quanto ao Professor, ele por sua vez fala aos estudantes que o escutam. O que ele pensa ou faz está, aliás, separado por um imenso abismo da percepção dos estudantes. Uma só boca que fala para muitos ouvidos e metade de mãos que escrevem.
O estudante esta ligado a universidade pelos ouvidos, uma só boca que fala para muitos ouvidos é uma matade de mãos que escrevem- eis o aparelho acadêmico externo, eis a maquina cultural universitária posta em funcionamento.
Através do ginásio se revela uma autonomia, com um ar de orgulho, sob a foma de uma auto-educação acadêmica da cultura.
Os profissionais, mantendo uma cultura degenerada, viciada, falsificada, ver este golpe terrível observar que todos os nossos homens públicos, eruditos e jornalistas, levam consigo este sinal de de degeneração.
Ensino e filosofia: Educação como formação crítica
Prof. Felipe Szyszka Karasek
ADRIANO DE OLIVEIRA FREIRE