Sua revista escolar de filosofia.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O pití de uma hora atrás

CONTEÚDO PARA ENSINO HÍBRIDO DE FILOSOFIA - PRIMEIROS ANOS. 

Oi, gente!!

Preparados para continuar nossa investigação sobre o conceito de amor?

Já conhecemos algumas características de Eros e do amor platônico, certo?

Mas, essas não são todas as manifestações do amor.

Lembro a vocês que o amor é único, porém, ele é sentido com características diferentes. Por isso, entender o que é amar, passa pela racionalização do sentimento e isso requer que saibamos de que amor estamos falando quando falamos de amor.

Como de Eros nós já sabemos e se alguém tem alguma dúvida é só procurar as postagens, agora vamos falar daquele amor que a gente às vezes chama de "amor de mãe".

Por que, sor?! 

Ora, porque vocês já sabem que ele existe!

Talvez só não conheçam ele muito bem na teoria.

Então, vamos a uma situação prática para exemplificar.

O PITÍ DE UMA HORA ATRÁS

Você chega em casa da rua correndo.

Passa pela mãe, nem pergunta como ela está e se tranca no quarto.


É que você está se sentindo apaixonado ou apaixonada e quer trocar um whats urgente com o crush que você já não vê e não fala  por eternos 10 minutos.

Lembram que Eros é intenso na falta?


Dez minutos são uma vida para quem está dependente do ser amado...

Bom, quando você vai mandar aquele áudio, você vê que seu pacote de internet acabou.


Bora pro wi-fi!

Mas, o wi-fi está... desligado.

Então, você vai ao encontro da sua mãe e acha ela na cozinha. Ainda sem perguntar como ela está, você dispara rapidinho e sobrando confiança:

"- O que aconteceu com o wi-fi?!"   

Sua mãe, com muita calma responde:

"- A professora me ligou... Ela disse que tu não tá acessando as aulas pelo Classroom. Se tu não tá usando a internet pra estudar, então tu não precisa dela pra mais nada tão importante e eu desliguei." 

Ao ouvir isso, você respira fundo e com muita elegância responde:

"-Eu sabia! Porque eu voltei pra essa casa! Só pra me estressaaaaar!! 

Eu não acredito... Tu não sabe nada, como é que eu vô fazê sem internet?! 

Era só o que faltava, eu devia pegar minhas coisas e nunca mais voltar aqui, isso nãããão ééé uma casa, é um hospício!!" 


Assim, de coração aflito e com aquela raivinha deliciosa, você volta para o quarto.

Bate a porta.
Se tranca.
Chora.
E fica lá.

Uma hora depois, quando já está meio escuro, vencida ou vencido pelo desânimo, pela fome e, lá no fundo da consciência, pela certeza de que sua mãe tem alguma razão, você sai do quarto e vai até a cozinha procurar algo para enganar a pança.

Ao entrar, lá está sua mãe.

Você não diz nada. Ela também não. Ela olha pra você, lê na sua cara que você está procurando uma coisa importante e diz:

"-Teu lanche tá no micro."

Meio sem graça, você pega o rango, começa a comer e pergunta para a mãe algo realmente importante:

"- Mãe, que filme tem hoje na Tela Quente?"

A partir daí, um diálogo se constrói e sua mãe não diz nada, nem você fala nada sobre o pití de uma hora atrás.   

INCONDICIONAL

O que esse caso imaginário nos ensina sobre o amor de mãe?

Que ele é incondicional. 

Amor incondicional é aquele que não impõe condições para ocorrer. Ele ama sem que a pessoa mereça.

O ser amado, é importante porque é amado, e não é amado porque é importante.

Esse tipo de amor é chamado também de fraternal demonstra um ideal de sentimento nem sempre fácil de ser vivido. Em situações mais comuns, ao insultar a mãe ela reagiria também com alguma força e colocaria você no seu lugar. Mas, quando o amor incondicional se manifesta, ele releva que  ama desinteressadamente. Esse amor tem características de sacrifício e de santidade, por isso é o tipo de amor fundamental na cultura cristã, que perdoa todas as ofensas porque o amor está acima de qualquer outra coisa.

É o amor de Deus, já que é um amor que renuncia a si mesmo em favor do ser amado sem necessitar dele, mas porque quer amá-lo simplesmente.

Quem consegue dizer aos inimigos, sofrendo na mão deles "todos estão perdoados porque não sabem o que fazem"? Ou então ensina a oferecer o outro lado do rosto para levar outro tapa, sem retribuir o mal com o mal, mas retribuindo o mal com o bem?

Nada simples.

Por isso é o amor também conhecido como caridade.

Quem pratica a caridade faz um gesto de amor sem esperar retorno.

Esse jeito de amar, ama quem não merece ou não tem com retribuir porque entende e sente que o amor tem valor maior e pode restaurar e conservar a harmonia do sujeito que ama, consigo e com o meio a sua volta. Ele é a certeza da calma, da ordem e de que só amando a vida e a realidade como ela é, mesmo que ela seja difícil e contraditória, é que se mantém a paz na consciência e se garante o convívio construtivo e inclusivo.

Sem precisar ser correspondido, esse amor é totalmente livre, já que não depende de nada.

O nome desse amor, para os gregos, é ÁGAPE.

Então, ágape tem algumas características:

- é desinteressado;
- é incondicional;
- é intenso em si mesmo; 
- dispensa reciprocidade; 
- é livre;
- é inabalável; 
- é donativo;
- é sublime. 

Assim, quando se fala em amor de mãe, de pai, de irmão, se está dizendo que o amor é incondicional ou seja, mesmo que em algum momento haja uma crise, uma treta, o amor segue imaculado, não diminui em nada e sempre acolhe o outro sem se sentir ofendido.

Diferente de Eros, esse não é um amor carente, mas abundante, que se doa sem pedir qualquer coisa em troca. Não sofre, poque não deseja, apenas ama sem exigência. 

Mas, esse é o amor que define o sentido do termo filosofia?

Acho que ainda há mais para descobrir sobre essa loucura chamada amor...

Gostou?!

Então, vamos a uma atividade!

Volte ao AVA Sala de Aula e responda com amor a tarefa atribuída...💛

Te +!

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br

Editado em 12/07/21

Um comentário: