Você tem medo do mal?
Do mal que pode sofrer?
Do que pode praticar?
Afinal, o que é o mal e porque ele está no mundo, é velha questão filosófica em eterno retorno à reflexão, philosopher, my friend.
Veja nossos dias como estão.
Na região norte do Iraque, famílias yazidis abandonam suas terras. Elas receberam um ultimato das forças jihadistas do Estado Islâmico, que por sua vez instituiu o antigo regime despótico do califado em algumas áreas controladas, para que se convertam ao Islã ou sejam executadas.
Cerca de 500 pessoas foram mortas nos últimos dias por razões religiosas no país pelos radicais muçulmanos.
Centenas já foram mortos em várias cidades desde o início do levante e na semana passada os Estados Unidos lançaram um bombardeio aéreo sobre os combatentes da jihad.
Segue o conflito na Síria, na Palestina, em nações africanas e entre nós, por outras razões absurdas que levam à violência, como o futebol.
Outro fator que assusta o planeta agora é a possibilidade real de uma pandemia do Ebola.
As autoridades brasileiras em saúde já informaram estar preparadas para combater o vírus, caso ele chegue. Na semana passada a Organização Mundial da Saúde decretrou emergência de saúde pública internacional.
Até aí, nada de novo, apesar de trágico.
Atritos homem-homem e homem-natureza são riscos em todas as épocas.
E eles remetem a reflexão ao mal moral e ao mal metafísico.
Entende-se o mal sob algumas concepções fundamentais. O mal como oposição ao ser; o mal como estrutura antagônica do ser e o mal como juízo de valor.
O mal como o não ser afirma que não há substância no mal, logo, ele não existe de modo concreto e é a percepção da ausência de realidade. Para o idealista, como para o neoplatônico ou o cristão, o mal é próprio do mundo físico constituído de matéria, a oposição ao ser real ideal. O mal é a privação do bem, o não estar do ser. O mal moral ocorre quando o homem se deixa levar pela finitude de sua condição e age por interesses a ela ligados, como os vícios em vez das virtudes.
No livro Cândido, Voltaire combate a tese de Leibniz de que este é o melhor dos mundo possíveis porque entre todas as possibilidades, este é o que existe e há mais perfeição naquilo que existe do que naquilo que não existe.
No entanto, este é um mundo repleto de dores.
Como pode ser tão bom?
O mal real estrutural diz que ele é substancial e contrário ao ser. São coexistentes e fundamentados por princípios antagônicos. Para os maniqueístas, por exemplo, bem e mal são forças em combate no universo e ambas existem com a mesma realidade. No romantismo, algo semelhante a esta ideia vai dizer que Deus contém tanto o ser quanto uma natureza irracional e obscura em luta para se tornar consciente. O homem é uma partícula reflexiva desta estrutura.
O mal como juízo de valor desconsidera a substância do mal e o entende como resultado do julgamento moral. O bem é o que se quer e o mal o que se repele. Assim, o mal moral fica definido segundo os costumes ou pela deontologia como lei ética universal e o mal metafísico como interpretação dos fenômenos reais.
Um vírus que mata pessoas é mais mau do que vírus que mata só animais.
Você era indiferente ao ebola enquanto ele parecia mais distante?
Agora ele parece um mal maior por estar mais próximo?
Deve-se temer o mal no mundo ou ele é uma ilusão, tem menor valor do que o imaterial, real e original?
Para você o mal pode ser vencido? Como?
Ou o mundo é como é e dele não devemos ingenuamente esperar mais do que aquilo que temos, nem ser mais do que aquilo que somos?
imagens: La Nueva España, NBC, informecritica
links: euronews, Estadão
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