Se você fosse um doente terminal, preferiria morrer?
Escolheria a morte voluntária assistida, a eutanásia, como é permitido em alguns estados como Oregon, Montana nos Estados Unidos ou em países como a Bélgica?
O assunto é sério, implica uma profunda reflexão e remete a liberdade do arbítrio de cada sujeito e o que ele faz em relação à própria vida.
Peter Singer, utilitarista australiano que milita em causas relacionadas à ética, sendo um dos mais influentes filósofos contemporâneos, defende a livre decisão privada nestes casos. Nem a lei, nem a moral possuem legitimidade ao arbitrar sobre a ação individual naquilo que o indivíduo faz com sua própria vida, pois entende-se que o sujeito é soberano e independente para deliberar e agir em relação a si.
Vejamos um pouco do ponto de vista utilitarista.
O cálculo utilitarista prevê que a autonomia do
indivíduo seja exercida a partir do critério elementar do prazer e da dor.
Pode ser?
Vejamos o correspondente epicurista: prazer e dor
são sensações do corpo e o homem é essencialmente estético, material,
biológico. A natureza o dotou, como a outros seres sensíveis, deste critério
anterior à racionalidade para ele conduzir sua ética. Por isto o hedonismo tem
o prazer como móvel da ação.
Uma vida feliz é uma vida de prazeres.
A prudência
entra como segundo critério que permite julgar com maior propriedade se certos
prazeres são necessários à vida feliz ou não. E como o sujeito tem na base da
experiência as sensações, temer a morte ou o julgamento moral dos deuses é
ingenuidade. A morte é o fim das sensações, os deuses são indiferentes, a
realidade físcia é regulada pela mecânica dos átomos.
Para o utilitarista, a boa ação é aquela que aumenta
o prazer da maioria e reduz a dor. Em casos clínicos irreversíveis, o
sofrimento que causa no doente e no círculo próximo a ele, poderia ser
diminuído com a morte voluntária. Ela cessa a dor do doente e restabelece assim
as condições para construir novo bem-estar nos que ficam.
Parece justo se o sofrimento for visto como
desprovido de qualquer utilidade.
Parece lícito se depois da morte houver o nada.
Parece ético se cria um parâmetro pelo qual a comunidade possa
balizar a decisão privada nestes casos.
Mas, e as outras éticas que afirmam um fim para a
vida humana em qualquer condição e vetam ao homem dispor da própria vida sendo
ela um bem maior em si?
A ética não faz parte do mundo.
Não se exprime por proposições.
Não é a descrição de um estado de coisas objetivo.
Não é a descrição de um estado de coisas objetivo.
Como é que fica?
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imagens: bioedge, valorizeaebd, numerocin
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