Sua revista escolar de filosofia.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Viver ou morrer?

Se você fosse um doente terminal, preferiria morrer? 

Escolheria a morte voluntária assistida, a eutanásia, como é permitido em alguns estados como Oregon, Montana nos Estados Unidos ou em países como a Bélgica? 
Mesmo quando há uma procuração ou autorização, ela é legitimada pelo indivíduo, que a expressou enquanto cognitiva e emocionalmente capaz. 

O assunto é sério, implica uma profunda reflexão e remete a liberdade do arbítrio de cada sujeito e o que ele faz em relação à própria vida. 

Peter Singer, utilitarista australiano que milita em causas relacionadas à ética, sendo um dos mais influentes filósofos contemporâneos, defende a livre decisão privada nestes casos. Nem a lei, nem a moral possuem legitimidade ao arbitrar sobre a ação individual naquilo que o indivíduo faz com sua própria vida, pois entende-se que o sujeito é soberano e independente para deliberar e agir em relação a si. 

Vejamos um pouco do ponto de vista utilitarista.

O cálculo utilitarista prevê que a autonomia do indivíduo seja exercida a partir do critério elementar do prazer e da dor.

Pode ser?

Vejamos o correspondente epicurista: prazer e dor são sensações do corpo e o homem é essencialmente estético, material, biológico. A natureza o dotou, como a outros seres sensíveis, deste critério anterior à racionalidade para ele conduzir sua ética. Por isto o hedonismo tem o prazer como móvel da ação

Uma vida feliz é uma vida de prazeres

A prudência entra como segundo critério que permite julgar com maior propriedade se certos prazeres são necessários à vida feliz ou não. E como o sujeito tem na base da experiência as sensações, temer a morte ou o julgamento moral dos deuses é ingenuidade. A morte é o fim das sensações, os deuses são indiferentes, a realidade físcia é regulada pela mecânica dos átomos.

Para o utilitarista, a boa ação é aquela que aumenta o prazer da maioria e reduz a dor. Em casos clínicos irreversíveis, o sofrimento que causa no doente e no círculo próximo a ele, poderia ser diminuído com a morte voluntária. Ela cessa a dor do doente e restabelece assim as condições para construir novo bem-estar nos que ficam.

Parece justo se o sofrimento for visto como desprovido de qualquer utilidade.

Parece lícito se depois da morte houver o nada.

Parece ético se cria um parâmetro pelo qual a comunidade possa balizar a decisão privada nestes casos.

Mas, e as outras éticas que afirmam um fim para a vida humana em qualquer condição e vetam ao homem dispor da própria vida sendo ela um bem maior em si?


Valores éticos, como diz Wittgenstein, são transcendentais.

A ética não faz parte do mundo.

Não se exprime por proposições. 

Não é a descrição de um estado de coisas objetivo. 


Como é que fica? 

link: youtube
imagens: bioedge, valorizeaebd, numerocin

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