Salve, pessoal!
Na aula anterior nós conversamos sobre o processo educativo estar radicado na necessidade humana de autoconstrução por meio do conhecimento e do autoconhecimento.
O texto de Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) do Protréptico, obra dedicada a explicar a importância da filosofia, fala de uma qualidade humana fundamental: a razão.
Aristóteles descoloriu a barba ou pintou o cabelo? |
Por exemplo: "aluno" é um termo universal e portanto aplicado a todos os elementos particulares que possuem as características próprias de um aluno. O "aluno" é o conceito universal abstraído de cada sujeito no mundo que estuda, vai à escola, etc. O conceito "aluno" é uma abstração e só existe no pensamento como conhecimento.
O conhecimento, por sua vez, é transformado em linguagem com a qual é comunicado, como o termo "aluno", que possui extensão e compreensão e é um signo linguístico por compor o conjunto significante+significado. A comunicação é compreendida então por códigos, entre eles, o verbal. A totalidade da expressão dos pensamentos humanos compõe a cultura.
No aprendizado reside a capacidade de reproduzir e produzir cultura.
Outro ponto fundamental do texto é a natureza da razão.
"A razão cognoscitiva é para nós o fim segundo a natureza"
O que isso significa?
Para Aristóteles, a razão é inata, nascemos com ela porque é um atributo natural e possui um objetivo.
O que podemos associar, então: o processo que resulta em conhecimento é uma qualidade natural do ser humano provocado pela inteligência racional.
Isso quer dizer que o legado filosófico para a aprendizagem humana é o de que o razão permite compreender relações de lógicas de causa e efeito no mundo que nos cerca e questionar os porquês, o como é o começo do conhecimento produzido pela inteligência natural.
E esse processo tem implicações totais quando se pensa em educação, seja em qualquer nível.
O ser humano sempre vai procurar conhecer, independente de qual seja sua condição social ou existencial.
A escola é um dos espaços nos quais se compartilham experiências de cultura com certa seletividade voltada à otimização do aproveitamento pessoal com a finalidade de construir sujeitos emancipados e criativos.
Essa, pelo menos, é a meta ideal da escola e do trabalho do educador.
ARANHA, Maria Lúcia. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 2006. p.52
Percebeu no texto acima uma relação com a pergunta que você respondeu no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Sala de Aula?
Em algum momento da sua vida estudantil você sentiu que queria aprender mais do que aquilo que estava sendo ensinado?
Todos nós temos a necessidade de conhecer mais, algo que desde cedo se manifesta. Mesmo os bebês procuram o "novo", aprendem com o meio. Fazem isso por terem a inteligência natural latente para ser desenvolvida. Aristóteles se enquadra na linha dos essencialistas, quer dizer, defende que todos os seres humanos têm uma essência comum, universal, que é o intelecto lógico. Essa atribuição natural é que leva o ser humano da ignorância à sabedoria e a escola, como outros espaços de aprendizagem informais, apenas orientam para o conhecimento.
Por isso, a escola nunca ensina o suficiente, ninguém ensina o suficiente, e ninguém aprende também o suficiente senão por procura daquilo que interessa saber.
Você, como um potencial educador, também um educando, vai sentir que o aluno tem uma orientação interna para o que interessa a ele e querer sempre mais e com maior qualidade é sinal de uma inteligência ativa e normal.
Assim, uma escola ou um educador que limite o interesse do aprendiz pode acabar contribuindo menos com o seu aprendizado.
Vamos ver mais um trecho do texto do Protréptico:
"Portanto, se nascemos, é evidente que existimos para conhecer e aprender"
Ou seja, conhecer e aprender está para nós, seres humanos, como o objetivo para o qual a natureza nos fez assim. E o texto diz na sequência que nascemos para conhecer e contemplar, que de outro modo, quer dizer que o máximo do conhecimento é chegar à verdade total, pois contemplar tem o sentido de admirar algo magnânimo, ou seja, ter a plena sabedoria.
Essa é a meta da vida, da cultura, da educação e do trabalho humanos.
Desse modo, podemos inferir que conhecer e realizar-se pela aprendizagem é um "direito natural" de todos e qualquer interrupção no processo é eticamente questionável.
Aqui está o texto de Aristóteles ↓
Perguntas... perguntas...
- Que tipo de interferência o professor provoca nesse processo?
- A interferência é sempre construtiva?
- Que responsabilidade tem o educador ao participar da construção de um sujeito que tem por natureza a propensão ao conhecimento?
- Qual o melhor modo de contribuir positivamente no processo de aprendizagem sem desviar a busca pelo conhecimento da sua finalidade natural, que é levar o ser humano a alcançar a sabedoria e se tornar pleno de suas potencialidades intelectuais?
São vários os desdobramentos que podemos começar a fazer concentrados em apenas um detalhe da antropologia filosófica...
Com essa breve e incompleta análise, conseguimos resgatar um pouco de conteúdos que vocês já viram relacionados à educação e a filosofia em suas raízes gregas. Mais adiante vamos ver também outras características desse período que ainda hoje nos servem para compreender o ser humano e o que é o conhecimento.
Belê?!
Nesse caminho, você vai desenvolver:
- habilidades de análise textual, reflexivas e comparativas da cultura filosófica e pedagógica;
- competências de Conhecimento, Pensamento Científico, Crítico e Criativo e Trabalho e Projeto de Vida.
Agora, faça a seguinte ATIVIDADE:
Escreva uma dissertação respondendo ao questionamento abaixo:
- A sociedade brasileira proporciona uma escola à altura do fim para o qual o ser humano existe, que é se tornar conhecedor ilustrado e sábio?
Não esqueça de colocar um título.
Depois, envie para o e-mail
charles-ddalberto@educar.rs.gov.br
Até mais!!