Hoje, ao visitar o hospital São Francisco de Assis, na zona norte do Rio de Janeiro, que trata dependentes químicos, o Papa
Francisco emitiu uma opinião política clara e séria.
Disse ser contra a
descriminalização das drogas, sem especificar quais.
Segundo o Papa, tornar o consumo ato não criminoso não reduziria os índices de dependência e seus decorrentes problemas.
O religioso declarou que a lógica gananciosa fomenta tragédias sociais e que aqueles que vendem a droga são mercadores da morte.
Há no Brasil um debate sobre não considerar crime o porte de maconha para consumo próprio, tendo por base não interferir em decisões privadas do cidadão que não afetam terceiros. Uma medida para resguardar legalmente a liberdade de escolha nestes casos que também transfere à sociedade parte da atividade exercida pelo tráfico.
Legalizar o comércio
da maconha, droga considerada de entrada por médicos, ponte
para outros tóxicos mais potentes, criaria o controle do
Estado sobre a produção e circulação do
produto. Haveria arrecadação de impostos e economia em
segurança para o combate ao tráfico, entre outros
ajustes possíveis e profundos.
Claro, não é
a maconha que mata.
O crack e o oxi, por exemplo, são problemas maiores, enquanto entorpecentes. Porém, traficar, em geral, produz tremenda violência.
A mensagem do pontífice foi reta aos países
latino-americanos. O Uruguai, há pouco, debatia a proposta de
legalizar a maconha.
Mas, tornar esta droga um produto legalmente
consumível se relaciona como com a liberdade? É questão só de mercado, de segurança, de saúde, de política? De comportamento, de consciência?
Ela sai da
clandestinidade e passa a ser oferecida a quem queira e possa
adquiri-la num ato de livre vontade que obedece à
rotina da livre economia. Mesmo que haja alguma restrição
ao comércio, ela é menor do que o cometimento de um
crime como é hoje. O traficante sai de cena e entra o comerciante e o usuário se torna consumidor legal. Como ocorre com o cigarro e o álcool. Se adoecer disto, uma consequência, o indivíduo arca com a responsabilidade, ônus da liberdade.
Até onde é
livre a decisão humana se forem levadas
em conta as disposições naturais e comuns a todos como a emotividade e a racionalidade (psicológicos ou subjetivos), fatores determinados como a educação, a cultura, a carga de influência do meio (elementos objetivos)?
Vale aqui lembrar aspectos básicos da definição de liberdade.
- Capacidade de autodeterminação ou autocausalidade e não se encontra sob limites;
- Necessidade relacionada à totalidade;
- Possibilidade condicionada de escolha.
“...o homem é
o princípio e o pai dos seus atos...” Aristóteles,
Ética a Nicômaco, L III
É livre aquele
que obedece à ordem que governa a totalidade do universo por
conhecê-la. O Absoluto impõe a sua liberdade ao
contingente como uma necessidade. O ser finito conquista a liberdade
por autonomia ao associar sua ação ao princípio
infinito, causa eficiente do todo. Por exemplo, o homem se faz livre
ao executar a vontade de Deus.
É livre quem
possui algum grau de possibilidade de escolha para suas ações.
“Somos livres para
fazer quando temos o poder de fazer.” Voltaire, Dicionário
Filosófico.
Então, cada um
pode escolher o que quer para si com qual ou quanta liberdade?
link: Estadão, Abril
fotos: consciencia.org, abril, cdpl, bucknell
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