Mas, para isto, precisamos
aprender uma maneira adequada que permita conquistar esta AUTONOMIA, esta
liberdade de SER conforme as próprias regras, ou com a sua PRÓPRIA RAZÃO.
Não é uma caminhada simples.
Contudo, pode ter o sentido de RENOVAÇÃO da CURIOSIDADE a respeito da
realidade.
Você acha que consegue?
Está pronto para tentar?
Não precisa ter medo, basta
acreditar que você tem o essencial para realizar: o pensamento!
Vamos nessa, então!?
Eis um segredinho: filosofar é um DIZER que requer um modo singular de LER a REALIDADE.
Fazer uma leitura do discurso ao
nosso redor, TEXTUAL ou não textual, que é tudo aquilo que não está expresso em
PALAVRAS, mas manda sua mensagem para nós, como a arquitetura de uma cidade, o
comportamento silencioso das pessoas, uma paisagem...
Decifrar a eloquência do fenômeno
do SER e delimitar aquilo que se diz sobre o que EXISTE.
Veja o que dizem as orientações
curriculares da nossa querida filosofia:
“A pergunta que se coloca é: qual a
contribuição específica da Filosofia em relação ao exercício da cidadania para
essa etapa da formação? A resposta a essa questão destaca o papel peculiar da
filosofia no desenvolvimento da competência geral de fala, leitura e escrita –
competência aqui compreendida de um modo bastante especial e ligada à natureza
argumentativa da Filosofia e à sua tradição histórica. Cabe, então,
especificamente à Filosofia a capacidade de análise, de reconstrução racional e
de crítica, a partir da compreensão de que tomar posições diante de textos propostos
de qualquer tipo (tanto textos filosóficos quanto textos não filosóficos e formações
discursivas não explicitadas em textos) e emitir opiniões acerca deles é
um pressuposto indispensável para o
exercício da cidadania.” MEC, 2008, p. 26
Ou seja, estudante: ao mesmo
tempo em que vamos conhecer a filosofia em sua história, vamos aprender um
pouco o MÉTODO e a TÉCNICA que os filósofos aplicam para filosofar. Assim, você
também vai chegar lá se tiver boa vontade e alegria em DESCOBRIR.
Abaixo estão algumas informações
importantes para você compreender e consultar quando for preciso para resolver
dúvidas sobre o que apresentamos até aqui.
O SENTIDO FORMATIVO
DA FILOSOFIA
Ricardo Nascimento Fabrinni -USP
[...] é preciso ressaltar que cabe ao
professor colocar o aluno em contato com diferentes modalidades discursivas.
“Qualquer que seja o programa escolhido – ética, estética, filosofia política –
não se pode esquecer que a leitura filosófica retém o essencial da atividade
filosófica” (Favaretto, 1995, p.80); ou ainda: “É preciso acentuar que uma
leitura não é filosófica apenas porque os textos são tidos por filosóficos - ou
porque seus autores são considerados autores da história da filosofia, de
Platão a Sartre -, uma vez que se pode ler textos filosóficos sem filosofar e
ler textos considerados artísticos, políticos, jornalísticos filosoficamente”
(Lyotard, 1993, p.117). Em outros termos: o que faz da leitura de um texto uma
atividade filosófica não é a natureza disciplinar do texto lido, mas o modo
como o leitor lê este texto; ou seja, o essencial dessa atividade está no modus operandi do leitor face às
diferentes formas de enunciação. A “leitura filosófica” não se esgota, assim,
na simples aplicação de metodologias de leituras. “Ela é um ‘exercício de
escuta’, num sentido análogo ao da psicanálise, pois se manifesta como uma
“elaboração do texto que desdobra seus pressupostos e subentendidos”
(Favaretto, 1995, p.81).
Outro segredinho: aprender
filosofia aprendendo a filosofar requer três fases indispensáveis a serem
desenvolvidas:
1 – aprender o CONCEITO, ou seja, aquilo que as
palavras significam em filosofia: liberdade, justiça, amor, autonomia, etc. O
que são? Cada conceito é a SÍNTESE, o resumo ou conclusão de um modo de pensar
o PROBLEMA filosófico. O que é tal coisa? A resposta CONCEITUAL oferece uma
explicação coerente, consistente, geral, universal a ponto de ESCLARECER o que
seja a coisa em toda a qualquer ocasião. Exemplo: há vários casos envolvendo a
justiça e eles podem ser diferentes em suas particularidades, mas, a JUSTIÇA
enquanto conceito pretende ser UNIVERSAL E REVELAR O QUE ELA É EM QUALQUER
SITUAÇÃO.
2 – aprender a PROBLEMATIZAR, ou seja, a propor questões,
perguntas que tenham relevância filosófica. Significa olhar para a realidade e
perceber nela LACUNAS que necessitam preenchimentos. Por exemplo: SE TODO O
HOMEM É LIVRE, POR QUE NÃO POSSO FAZER TUDO O QUE DESEJO? Isto vai exigir que
se explique o que é a LIBERDADE enquanto fenômeno real e elaboração conceitual. A resposta
vai levar à terceira etapa.
3 – a terceira etapa é a ARGUMENTAÇÃO. Quer dizer que se vão
criar respostas satisfatórias para defender um PONTO DE VISTA, um modo
filosófico de pensar. Mas, não é qualquer resposta que possa ser invalidada
facilmente. É sim uma RESPOSTA LOGICAMENTE CONSISTENTE, que tenha coerência tão
aprofundada que possa servir de VERDADE PARA SUSTENTAR UM CONCEITO, ter
validade. Exemplo: ao responder o que é a liberdade, se constrói argumentos
apropriados para isto.
Durante o ano, vamos recorrer a
estas etapas sempre que precisarmos para ENTENDER a filosofia que estamos
estudando e o FILOSOFAR que estamos fazendo.
Um abraço e bons estudos!!
imagens: internet/kdfrases