Sua revista escolar de filosofia.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Não sabia que se aprendia isso na escola

CONTEÚDO PARA PRIMEIRO ANOS - ENSINO MÉDIO 

Vamos ler juntos uma pequena história?

No interior da França, em uma zona rural, pelo começo do século XX, um jovem professor de filosofia visitava o local com um amigo. Durante um percurso, eles encontram um agricultor, amigo do amigo do professor. Eles são apresentados e conversam um pouco. 

O agricultor pergunta: 

- O que o senhor faz? 

- Sou professor de filosofia. 

- Isso é profissão?

- Por que não? Acha estranho?

- Um pouco! 

- Por quê? 

- Um filósofo é uma pessoa que não liga para nada... Não sabia que se aprendia isso na escola.* 

Você também pode ter pensado em algum momento por que aprender filosofia. Talvez, ainda agora tenha dúvida sobre o que ela realmente é. Pode ser até que acredite que um filósofo é alguém que não liga para nada como se ele estivesse acima das outras pessoas em sua dimensão intelectual, sem ser afetado pelos problemas do dia a dia. Tipo um sábio que tem todas as respostas. 

Essa é uma visão distorcida da filosofia, mas se alguém pensa assim, como o agricultor, não está errado. Apenas tem a imagem incompleta e até mesmo fantasiosa de quem reconhece, mas não conhece exatamente a filosofia. 

Um filósofo é alguém que procura pela sabedoria. 

Se ele procura, é porque não tem. 

O que move o filósofo atrás dessa carência senão aquele Eros Platônico que já conhecemos, que é o desejo de encontrar a verdade além das aparências e assim se sentir completo? 

O que move o filósofo senão aquela amizade fiel à prática do estudo e da reflexão para andar de mãos dadas com a sabedoria?

Se o filósofo não ligasse para nada, ele nada procuraria. 

Porém, é claro que o filósofo já não se inquieta tanto com suas próprias ingenuidades, nem com as futilidades do mundo. Já não se importa tanto com a ignorância e seus prejuízos porque seu esforço em conhecer e saber o tornam mais hábil e compreender a realidade e a vida. 

O filósofo tem um objetivo, que é conhecer a verdade. 

E quem é o filósofo?

Todas as pessoas podem filosofar.

Eu sou uma pessoa. 

Logo, eu posso filosofar. 

Essa simples dedução nos lembra Gramsci, que já estudamos, e se justifica porque todos somos inteligentes e isso nos faculta a dedicação à filosofia, não a obrigação. Pois, alguém de repente pode ainda achar que ela não importa e que há coisas mais úteis a serem feitas. 

O que essa pessoa não percebe é que esse também é um modo de filosofar. 

É preciso muita filosofia para afirmar que a filosofia não importa. 

O poeta português Fernando Pessoa (1888-1935), em Guardador de Rebanhos, diz que "Há metafísica bastante em não pensar em nada."

Percebem que não dá para fugir da filosofia? 

A resposta do agricultor já contém algo da filosofia dos cínicos, que acreditavam que o desapego material e o abandono das pretensões intelectuais conduziria à sabedoria legítima e à felicidade autêntica. 

Portanto, o que nós fizemos desde o nosso primeiro encontro foi filosofar para não apenas conhecer o que é a filosofia já feita pelo filósofos antes de nós, mas também filosofamos para fazer dessa prática uma ação pessoal, de cada um de nós. 

Como diz o filósofo Kant (1724-1804),

"A filosofia é a doutrina e o exercício da sabedoria e não uma simples ciência... a filosofia é, para o homem, esforço no sentido da sabedoria, que é sempre inacabado." 

Alguém que não liga para nada, não há de se esforçar. 

Então, a filosofia é uma ação poderosa que vem mudando o mundo desde seu início, na região da Jônia, na Grécia antiga, território diferente do que é o país hoje, por volta do século VII a.C., porque é lá que começa essa tradição de questionar a realidade para compreendê-la pelo meio natural da razão e não mais pela autoridade sobrenatural dos deuses como tinha sido anteriormente, pensamento que ainda hoje coexiste entre nós nos diálogos entre religião, filosofia e ciência. Assim como a crença que o útil e bom é ter influência social, força política e basta. Isso tudo é importante, mas, mais importante é saber o que fazer com tudo isso.  

O poder material não muda o mundo.

O que muda o mundo são as ideias. 

Quando mudamos de ideia, mudamos o mundo. 

A filosofia é uma evolução intelectual grega que desde seu começo vem mudando ideias, pensamentos e conceitos ao longo da história. 


O filósofo Descartes (1596-1650) já nos alertava que a filosofia é "julgar bem para fazer bem." 

Na nossa jornada conceitual em torno do amor, aprendemos a julgar melhor o que ele é como fenômeno e assim conhecê-lo bem, julgando melhor sua manifestação para vivê-lo mais sabiamente do que antes. 

Para isso, tivemos que percorrer alguns caminhos: 

o senso comum, que era nossa primeira impressão, nossas experiências e conclusões ainda confusas e incompletas; 

o mito, que era um tipo remoto de sabedoria simbólica com alguma universalidade sobre o tema;

a religião, que é uma cultura presente e que fundamenta sua atividade também no sentimento de fraternidade;

a arte, que hoje abriga as narrativas mitológicas e expressam a sentimentalidade humana de variadas maneiras;

a ciência, que busca observar a emocionalidade humana e de seus fatos extrair conhecimentos válidos. 

Com tudo isso, fizemos filosofia juntos. 

Hoje você é herdeiro mais consciente de uma tradição do pensamento e pode levar isso com você a todas as partes, porque a sabedoria está em cada um e é feita com o instrumento que a natureza já dotou cada um, a inteligência.  

Escola de Atenas (1511) - Rafael Sanzio.
Filósofos gregos da antiguidade.

ANTES DE NÓS

Somos herança de uma história que começa na Grécia e pode ser dividida em grandes períodos que servem para nos posicionar em relação aos grandes temas e paradigmas culturais de suas épocas. 

No link abaixo você encontra a historiografia simplificada da filosofia com seus principais períodos e destaques. Tem algo que já vimos e também novos conhecimentos.

Desejo que você aproveite e conheça mais do caminho que vamos ainda trilhar com mais detalhes conhecendo a filosofia, seus conceitos e expoentes. 

Bem-vindo à comunidade filosófica!

___________________________________________

Clique no link para saber mais:

Mundo Educação: filosofia


*Extraído de André Comte-Sponville, 2011.

Imagens: internet

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

É brincadeira!

Salve, estudante! 

Você gosta de aprender brincando?

E de brincar aprendendo?

A partir de agora nós vamos pensar uma pouco mais a respeito do ato de brincar como uma ação pedagógica de altíssimo valor para nós, educadores ou futuros educadores e também seres humanos que procuram extrair o prazer da vida para viver bem, óbvio. 

Talvez vocês já tenham notado que esse assunto vai ao encontro do vídeo atribuído à turma onde Edgar Morin fala sobre a vida em prosa e a vida em poesia. 

Quer dizer, aquilo que fazemos como compromisso e que os dá desgosto e aquilo que fazemos por alegria e sentido de realização. 

A educação como processo formal pode e deve incorporar a alegria e promover assim a sensação de diversão e satisfação em aprender. Caso contrário, ela se torna uma atividade cansativa e que nos afasta em vez de atrair. 

Aqui nós podemos ver um ponto crítico: 

quando a alegria está fora da escola, manter-se na sala de aula se torna uma tarefa difícil e assimilar o que é ensinado esbarra em bloqueios. 

Em vez de ser poética, se torna uma enfadonha prosa...

Vamos, então, a algumas considerações sobre a importância pedagógica do ato de brincar. 

BRINCO, LOGO EXISTO

Parafraseando o filósofo René Descartes (1596-1650) que disse "Penso, logo existo" como a síntese da certeza ontológica humana, quer dizer, enquanto eu penso eu tenho a única certeza indubitável de que estou realmente existindo, podemos afirmar que o ser humano é muito mais do que sua inteligência lógica. 

Descartes - filósofo e matemático
Não estamos desmentindo Descartes, até porque ele mesmo considera que pensar envolve as operações da mente, do espírito e nisso está também nossa emocionalidade, a nossa fantasia. 

O que queremos dizer é que o ser humano de todas as idades também brinca, também se diverte e que o aprendizado humano não abre mão das sensações positivas do divertimento, do brincar como um fazer estético. 

Então, o homem (humanidade) brinca ao longo de toda a existência, na infância, na idade adulta e na velhice, o que é comprovado com uma simples experiência de convívio ou de autoconsciência. 

Bom, mas por que é assim?

PENSAR E SE DIVERTIR

De acordo com Johan Huizinga, a dimensão ludens, quer dizer lúdica, do ser humano está presente desde a formação das primeiras sociedades. Ela se manifesta na cultura dos jogos, das festas, das celebrações e está conectada à interatividade, ao intercâmbio de experiências e àquilo que se chama vínculo entre as pessoas. 

Huizinga - historiador holandês

Essa dimensão lúdica, que expressa o lado imaginativo, criativo e alegre, coexiste com a dimensão sapiens, que expressa o conhecimento racional humano. 

Assim, pensar e se divertir fazem parte da vida humana em sua integralidade. 

Portanto, os processos educativos informais, não formais e formais fazem bem ao considerar em suas manifestações o perfil total do ser humano naquilo que se refere ao seu ser e como ele aprende. 

Na escola, a sistematização do ensino-aprendizagem que valoriza a dimensão lúdica em sua organização tende a criar a atmosfera positiva apropriada ao bem-estar não somente do aluno menor, mas também dos adultos, sejam aprendizes ou profissionais. 

BRINCAR É COISA SÉRIA 

De acordo com os professores Carlos Medrano e Fernanda Germani, a atenção da ciência passou a ser maior sobre o ato pedagógico de brincar a partir de século XIX. Significa que mesmo sendo um traço humano, brincar nem sempre foi visto com parte do processo de aprendizagem e construção da psicologia humana. 

Um dos motivos está na tradição anterior que dava maior destaque ao lado racional humano e àquilo considerado conhecimento legítimo. 

Incorporar investigações sobre a seriedade e necessidade da brincadeira na formação humana tem sido uma atitude que desafia as barreiras epistemológicas que resistem ao novo e também uma ruptura que leva a outros olhares sobre a atividade docente como parte da educação em suas diferentes formas. 

Medrano e Germani - Conceitos sobre o brincar. 2011. 

Então, você acha que brincando fica mais fácil ensinar e aprender?

Volte agora ao AVA Sala de Aula que já um exercício para você se divertir lá!  

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Sistema de ensino e educação formal

 CONTEÚDO PARA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - 2º ANO 

Edgar Morin pensa a educação 
a partir da filosofia e da sociologia
Quando enxergamos a educação como um processo em três tipos - formal, informal e não formal - de ocorrências que podem ser simultâneas ou consecutivas, percebemos a dimensão do impacto de todas as experiências na construção do conhecimento de cada sujeito. 

Com isso, a função do educador se amplia em responsabilidades, uma vez que ele é mediador entre saberes e aprendizagens no espaço formal de educação que é a escola. 

Sobre isso é que vamos conversar um pouco, sobre a formalidade da educação pela escolarização. 

De acordo com Cristina Kuroski, pesquisadora na área do ensino, a escola é "a instituição social que torna possível o aceso ao saber sistematizado." 

Significa dizer que a escola é pensada e tudo nela é intencional e para ela convergem a diversidade cultural que constitui toda a comunidade que a ela recorre. 

Você pode começar a visualizar que a escola abriga as mais diferentes pessoas com as mais variadas experiências que formam o todo chamado educação. À escola ingressam os sujeitos modelados pelas tensões históricas dos contextos onde vivem e que nela vão participar do processo de escolarização que se dá a partir da sistematização das ações. 




 

 




Cabe à escola, como nos diz a autora, organizar as experiências múltiplas de cada educando dando a ele um sentido de pertencimento ao mundo e também de agente construtor do conhecimento. Para isso, a escola integra o sistema de ensino regrado por normas que regem a sua atividade. No Brasil a lei federal que normatiza a atividade educacional é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9394/96. 

A lei delimita legalmente a função escolar e, portanto, a educação formal em todo o país. 

Há também um outro ponto importante: a escola é a formadora dos próximos educadores! 

É dela que saem aqueles que vão repassar saberes e técnicas voltados à educação formal das próximas gerações. Portanto é fundamental compreender a formalização do ensino-aprendizagem como um instrumento efetivo de formação histórica de pessoas em uma determinada sociedade. Aquilo que uma comunidade é ou será passa também pela escola.

DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO FORMAL 

No exercício de sua função, a escola e a educação formal se encontram em duas dimensões: a vertical e a horizontal. 

Na sua dimensão vertical, a escola se estrutura nos diferentes níveis de ensino. Por exemplo, uma escola de Educação Básica pode oferecer desde a educação infantil até o ensino médio. Os níveis estão na Educação Básica e Educação Superior. 

Já na dimensão horizontal, o sistema escolar não somente apresenta níveis, como também modalidades, como a Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Indígena, Educação à Distância, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação Ambiental. 

Sobre a primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil, a LDB determina em seu artigo 29 que ela  deve promover o "desenvolvimento integral da criança até os cinco anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da famílias e da comunidade."

Percebe o que diz o fim da citação?

"Complementando a ação da família e da comunidade"

Isso não remete a escola enquanto espaço de educação formal à dialogar diretamente com os processos educativos informais e não formais desde o ingresso do sujeito no sistema de ensino? 

O educador precisa pensar seu trabalho inserido numa dimensão muito maior do que a sala de aula se ele quiser efetivamente contribuir na formação integral do educando. 

Em seu livro A cabeça bem-feita, o sociólogo Edgar Morin apresenta reflexões sobre a educação do século XXI e afirma a necessidade de fazer da escola um espaço de união e não de segregação, de valorização e inclusão e jamais de exclusão, de compreensão dos sujeitos em sua complexidade sem reduzi-los àquilo que é apenas um recorte de sua individualidade e de sua identidade formada por inumeráveis experiências de vida e necessidades de satisfação de sua curiosidade epistemológica, quer dizer, seu desejo de conhecer que não se limita às dimensões formais da educação e se conecta a vários pontos nem sempre previstos ou explorados pela educação sistematizada. 


Então, pessoal!

Conseguiram compreender melhor os tipos de educação em relacionamento tendo a escola como elemento de convergência do amplo processo educativo?

Claro que este é apenas um ângulo da abordagem à questão que pode enriquecer seu conhecimento e prepará-lo para os caminhos da docência.  

Até mais! 

sábado, 26 de setembro de 2020

Autoridade do professor

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - 3º ANOS

Olá, gente!

A escola com perfil redentor é aquela que prepara para a sociedade sem se envolver efetivamente com as transformações sociais, colocando-se à margem de qualquer conflito e reservando sua ação para o horizonte interno da instituição.

Isso foi o que começamos a ver na postagem anterior, estabelecendo também um contraponto por meio do conceito de alienação e de uma pedagogia crítica progressista e libertária a partir do exemplo do texto de Paulo Freire extraído do livro Pedagogia do Oprimido, onde a ideia central é de que a educação constitui-se de uma dinâmica coletiva de troca de experiências significativas onde todos possuem espaço, saberes e valores a contribuir na formação educacional uns dos outros.

A educação, nessa concepção, liberta porque é construída com liberdade e para a liberdade de pensamento, de opinião, de busca do conhecimento, de autonomia dos costumes e das práticas sociais e políticas. 

Porém, vamos lançar nossa atenção um pouco mais na direção dessa ideia da escola redentora e perceber seu caráter tradicional e conservador.

Vamos fazendo isso pensando que não há uma pedagogia ou filosofia certa ou errada. Há sim tendências que são diferentes e atendem a propósitos distintos que se inclinam mais para um tipo ou outro de sociedade.


No caso da pedagogia tradicional, como o próprio conceito informa, ela é centrada em um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos conectados às origens de um determinado modelo social e sua ação parte para a conservação desse estado de coisas.

Certos tipos sociais e suas funções são garantidas pelo modelo tradicional de ensino e aprendizagem, como por exemplo o saber acumulado do professor e sua figura como autoridade ativa na transmissão do conhecimento.

No lado oposto está o jovem aprendiz, passivo para receber o conhecimento e sem legitimidade de contestação, uma vez que ele é considerado ignorante e está sendo "formado" para uma sociedade que o espera e para a qual ele vai ser preparado pelo "especialista".

Essa tendência pedagógica levanta uma questão:

Que espaço ela deixa para a inovação?

Acesse o link abaixo e leia mais sobre a pedagogia tradicional e depois volte ao AVA Sala de Aula que há um exercício para você.

Clique aqui  → PROPOSTA PEDAGÓGICA TRADICIONAL  

Até mais!!

domingo, 13 de setembro de 2020

Trakinas, nunca mais

Oi, gente!!

Chegamos ao último tipo de amor.

Isso mesmo, depois de conhecer algumas características de Eros e Ágape na tradição filosófica clássica, vamos ao amor que nos falta compreender.

Para chagar lá, uma pequena história cotidiana de ficção, mas que permite marcar bem a característica desse modo de amar.

TRAKINAS, NUNCA MAIS

Início do ano letivo.

Primeiro ano do Ensino Médio e muita expectativa. Colegas novos e tals.

Controlando a insegurança, você espera que coisas boas aconteçam ao longo do ano. Uma delas, vai ocorrer em breve.

É que aquela sua amiga ou o seu amigo do fundamental está na mesma sala que você.

Legal!!

Já sentam juntas ou juntos e tudo começa a parecer mais fácil. Afinal, vocês são pessoas parceiras, de grande amizade, fazem as tarefas juntas, até dividem o lanche se precisar, o que não é nenhum sacrifício.

Outro dia mesmo, dividiram um pacote cobiçado, sonhado de Trakinas.

Na hora da fome, aquela foi a melhor bolacha recheada de todos os tempos na história milenar do universo. É que amigos de verdade são exagerados às vezes e prometem fazer tudo pela parceria, custe o que custar, " nada vai nos separar"!

Tudo muito bem, até que outra surpresa deixa o primeiro dia de aula ainda mais interessante.

É que você vê uma colega ou um colega novo, bonito, passando pelo corredor.

Bastou segundos "filmando" o/a colega e Eros já começou a fazer seu trabalho.

Você entende, né?!

Eros não brinca em serviço, ele provoca paixões do nada e com a rapidez da sua flechinha danada.

Vamos imaginar que esses melhores amigos sejam duas colegas.

Uma diz pra outra:

"- Migaaaaa!! Você viu?! Quem é aquele?!" 
"- Ai, não vi!" 

Agora elas tê uma missão juntas, descobrir quem é o colega novo e interessante da escola. No recreio, elas procuram.

"- Não olha agora, ele tá vindo..." 

Então, ele passa e Eros crava sua flecha ainda mais fundo.

"- Eu preciso saber quem é ele!" 
"- Eu acho que ele era do Adventista... Conheço uma galera lá, vou descobrir pra ti!" 
"- Ai, migaaa, brigaaaadaaaa!" 

Ainda mais unidas, elas dividem outro pacotinho de Trakinas selando o pacto entre fiéis companheiras.

Boralá, a missão segue!

Uma semana depois, a amiga que ficou de descobrir quem era o colega da outra turma, só enrola, não fala nada. Até que numa das saídas da aula, a amiga que se apaixonou pelo colega novo vê a melhor amiga conversando com ele numa esquina e, de longe, ela percebe que a coisa tá contra ela até que ele pega na mão da amiga... Opa! Ex-amiga...

A casa caiu!

Naquela hora, caiu...

No outro dia, elas se encontram na sala. Mas, a amiga traída agora sentou lá no fundo com o fone enterrado no ouvido e a cara como se tivesse lascado uma unha. A falsiane vê, finge que não é nada, senta do lado e pergunta:

"- Oi! Que tu tem? Tu tá bem?"

Pra que fazer isso?...

"- Tu é muuuuito fingida... Não tem vergonha, não?! Veem falar comigo por que, pra zoar da minha cara, é?! 
Eu viiiiiiiii vocêêêês doiiiiiiisss!!!! 
Agora não vem se fazer pro meu lado! 
Não quero mais ver a tua cara, falsaaaa!! 

Você, que vê e ouve a cena de longe e sabe do que se trata, nesse momento chega a uma conclusão certeira:



Trakinas, nunca mais.  



AMOR QUE É FILIA

O que aconteceu nessa história?

Simples, a confiança foi rompida e as amigas agora não têm mais relação uma com a outra, como todos viram.

Isso nos mostra uma característica inconfundível do amor chamado FILIA, que significa AMIZADE: ele precisa de reciprocidade.

A amizade é mantida enquanto há a troca equivalente de afetos ou, em outras palavras, os amigos precisam ser leais uns com os outros, honestos uns com os outros, parceiros uns com os outros, carinhosos uns com os outros, sinceros uns com os outros, etc. Caso contrário, a amizade se rompe.

Veja que Aristóteles (384 a.c - 322 a.c.) em sua mais importante obra sobre ética, a Ética a Nicômaco, diz que a amizade implica em "comportar-se com o amigo como consigo mesmo", quer dizer, ver no outro alguém que merece o mesmo tratamento que uma pessoa gostaria para si própria.

A amizade, então, é uma afeto que gravita em torno do amor e a tradição filosófica por vezes a considera como o legítimo amor humano, pois é amar quem nos ama.

Amar, mesmo quem nos odeia não é amizade, é o amor incondicional, Ágape, um amor para os candidatos a santos, difícil de praticar.

Amar quem não nos corresponde é paixão, participa de Eros, um amor impulsivo, irracional, para os "loucos", fácil de se perder por ele.

Amar quem nos ama é amizade, participa da Filia, um amor sereno, racional porque sabe quais razões para amar, um amor sábio, digno de quem se valoriza e sabe valorizar os outros.

O filósofo Plutarco (47 - 120 d.C) tem uma das suas mais populares obras dedicada à amizade. O tratado moral "Como distinguir o bajulador do amigo" é tipo um manual sobre a verdadeira amizade e uma orientação para reconhecer as pessoas que fingem ser amigas, porém exploram a vaidade dos outros por interesse. O bajulador é aquele "puxa-saco" que parece parça, mas não é. Diz Plutarco:

"Escolhe, como amigos, homens cheios de honra, 
Que nunca tentam alimentar teus vícios;
Mas expulsa de tua corte todo covarde e vil bajulador
Que, querendo te agradar, adula teus caprichos"  

Porque amigos de verdade querem nosso bem assim como queremos o deles. Fazemos o que podemos pelos amigos e vice-versa. 

Então, a Filia tem características próprias:

- é a troca de afetos positivos;
- não se baseia primeiramente em interesses úteis, mas na bondade recíproca, por isso um amigo não usa o outro;
- é intensa no encontro, no convívio entre pessoas que se estimam e se tratam bem enquanto se mantém essa relação de troca positiva de bons sentimentos


Veja só:

Eros é intenso na falta porque manifesta desejo que sofre para possuir aquilo que não tem.

Ágape é intenso em si mesmo porque ama sem esperar retribuição, sem interesse, desejo de posso e paixão.

Filia é intenso no encontro porque se sustenta na troca de afetos positivos em convívio sereno sem envolver desejos de posse ou sentimento incondicional.

"Ela não é o amor que toma (Eros), nem o amor que dá (Ágape). É o amor que se regozija e compartilha." André Comte-Sponville, filósofo. 

Regozijar-se é estar contente.

A amizade contenta e felicita, deixa alegre quem tem amigos, neles pode confiar e por eles ser também confiado.

Quem não quer sentir a alegria de ter amigos?

Quando você publica algo na sua rede social e ninguém curte, como você se sente?

"A amizade é o que há de mais necessário para viver" volta a dizer Aristóteles, pois uma vida sem amigos ele considera vazia e sem sentido, apagada como uma sombra

Pois, bem, agora que falamos de Eros, Ágape e Filia, você já é capaz de diferenciar o que alguém quer dizer quando diz que ama.

Se alguém te disser, "- Nossa, eu aaamoooo", você pode perguntar na hora:

"- Que tipo de amor você ama?"

A pessoa vai ficar pensando...

Mas, você não, você já filosofou um pouco sobre o amor para não ficar sem resposta. 

TAREFA:

Vamos agora para o AVA Sala de Aula que lá tem umas perguntas para vocês responder sobre os tipos de amor e a filosofia, afinal, nossa meta é entender porque a filosofia foi chamada assim, lembram disso?

Até +!

Editado em 15/08/2021

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Ingenuidade e alienação

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO PARA TERCEIROS ANOS. #10

Salve, pessoal!

Várias reflexões sobre o texto de Paulo Freire e o curta-metragem "Meu amigo Nietzsche".

Nosso propósito circula em torno da educação e seu compromisso ético, social e político.

Desse modo, o avanço está agora em observar certos aspectos da educação escolar e portanto formal, no que diz respeito aos seus objetivos sociais. Isso vai provocar uma intersecção entre tendências pedagógicas e a função da escola.

Em primeiro lugar, vamos pensar um pouco no objetivo social redentor da escola.

O que é isso, sor?!

Peraíííí!!!

Vamos lá!!!

Isso quer dizer que a escola pode assumir o papel de ser uma instituição voltada a integrar na sociedade aqueles que estão à margem dela e por isso, ela assume a postura de redimir a sociedade e seus integrantes das suas incapacidades.

De outro jeito: a escola redentora coloca a sociedade como ela é na posição de ser a sociedade adequada. Portanto, ela eleva a sociedade e suas estruturas a uma posição praticamente infalível. Sua função é atuar na correção de desajustes e não em alterações de padrões.

Por exemplo, a sociedade liberal de classes, como a nossa, é a sociedade adequada e quem não se adapta a ela é que tem problemas. O papel da escola vai ser preservar a sociedade como ela está e agir com esforços para trazer para dentro dessa sociedade aqueles que estiverem fora dela. Mais para frente vamos ver as teorias pedagogias relacionadas a esse modelo social.

The Wall - Pink Floyd; educação
padronizadora.

Essa tendência está constantemente "salvando" o modelo social como se ele fosse naturalmente o melhor e também agindo para corrigir os desvios daqueles que seriam potenciais riscos para esse modelo de sociedade. A escola, assim, coloca-se como a guardiã dos conhecimentos e costumes atuando não dentro, mas ao lado da sociedade para conservá-la.

"Com esta compreensão, a educação como instância social que está voltada para a formação da personalidade dos indivíduos, para o desenvolvimento de suas habilidades e para a veiculação dos valores éticos necessários à convivência social, nada mais tem que fazer do que se estabelecer como redentora da sociedade, integrando harmonicamente os indivíduos no todo social já existente." LUCKESI, p.37

A pergunta é:

e se essa sociedade não for a melhor que poderíamos ter?

Quem vai transformá-la e como?

Se a escola considerar que a sociedade está bem como está e que o problema são as pessoas que não se enquadram nela, a escola está contribuindo para modificar o que está errado ou para perpetuar esses erros?

Quanto dos problemas sociopolíticos brasileiros passa por uma escola que não investe em formar cidadãos mais esclarecidos e ativos?

Pense na pandemia... a falta de empatia de muitos, incluindo o Estado Brasileiro, não seria a consciência precária de não pensar no direito do outro, mas, mais em si, o que demonstra uma falha na educação republicana de igualdade e solidariedade entre todos?

A sociedade liberal não está formando sujeitos individualistas extremos?

Com isso, voltamos à pergunta:

o que você quer despertar no ser humano quando o educa?

No vídeo onde Rubem Alves fala em ser professor de nada, ele sugere que educar é despertar curiosidades. O sujeito curioso é aquele que vai questionar o mundo.

A questão em torno dessa tendência escolar redentora social está em que a escola renuncia à crítica e trabalha mais para conformar do que para libertar, mais para conservar do que para progredir e assim gera alienação. 

"Este é um modo ingênuo de entender a relação entre educação e sociedade." Idem, p.38 

Marx meme: alienação da imagem.
Pois o assunto do podcast é sobre a alienação como um problema a ser enfrentado pela escola.

Lá a gente troca uma ideia sobre Nietzsche e Marx para você refletir melhor.

Ouça no Sala Virtual.

Basta clicar aqui ou voltar para o AVA Sala de Aula.

Aproveite!!

LUCKESI, Carlos. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1994.

Aprender com o meio

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO. SEGUNDO ANO, ENSINO MÉDIO #10

São as múltiplas interações sociais que formam o ser humano, nos diz Luckesi e nisso ele direciona sua concepção sobre aprendizagem às teorias modernas e contemporâneas a respeito da ontologia humana e do conhecimento.

De forma simples, essa concepção vem ao encontro de um pensamento comum a quem educa e a quem aprende: de que o ser humano é quem humaniza o ser humano.

É um sentido distante das ideias essencialistas que tratam o sujeito como uma alma que contém dentro de si informações que são acessadas por processos críticos internos de levam ao autoconhecimento.


"São as ações, as reações, os modos de agir (habituais ou não), as condutas normatizadas ou não, as censuras, as convivências sadias ou neuróticas, as relações de trabalho, de consumo, etc. que constituem prática, social e historicamente o ser humano. Numa dimensão geral, o ser humano é o "conjunto das relações sociais" das quais participa de forma ativa." Luckesi, p.110



O que diz essa teoria sobre o aprendizado vai ao encontro de uma perspectiva fenomenológica, que considera que o conhecimento se dá numa relação intencional entre sujeito e objeto, quer dizer, a mente humana vai ao encontro das coisas para descobrir o que elas são a partir de como elas aparecem para nós.

No vídeo onde Rubem Alves fala em ser professor de nada, ele sugere que educar é despertar curiosidades. O sujeito curioso é aquele que vai questionar o o porque das coisas.

Na perspectiva hermenêutica, o conhecimento humano se dá quando a consciência se percebe no mundo em meio a outros seres e fatos e procura dar significado a tudo, interpretando a realidade e chegando também a um significado para si mesmo.

Desse modo, as teorias metafísicas sobre a essência ou natureza humana perdem espaço para a ideia de que o ser humano é um ser histórico e social construído pelas suas experiências.

"A concepção histórico-social se expressa em inúmeras tendências. O que importa destacar, apesar das diferenças entre elas, é a preocupação com o processo (nada é estático), com a contradição (não há linearidade no desenvolvimento que resulta do embate e do conflito) e com o caráter social do engendramento humano (o ser do homem se faz permeado pelas relações humanas e por isso se expressa de forma diferentes ao longo da história)." Aranha, p. 115 

Tranquilo?!

Agora acesse o podcast Locke, o brinquedo e a bolacha, no Youtube. (clique aqui ou vá para o AVA Sala de Aula).

Lá você vai conhecer um pouco sobre o filósofo John Locke (1632-1704) e como ele relaciona experiências, ideias, conhecimento e razão.

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br




LUCKESI, Carlos. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1994.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 2006. 

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O pití de uma hora atrás

CONTEÚDO PARA ENSINO HÍBRIDO DE FILOSOFIA - PRIMEIROS ANOS. 

Oi, gente!!

Preparados para continuar nossa investigação sobre o conceito de amor?

Já conhecemos algumas características de Eros e do amor platônico, certo?

Mas, essas não são todas as manifestações do amor.

Lembro a vocês que o amor é único, porém, ele é sentido com características diferentes. Por isso, entender o que é amar, passa pela racionalização do sentimento e isso requer que saibamos de que amor estamos falando quando falamos de amor.

Como de Eros nós já sabemos e se alguém tem alguma dúvida é só procurar as postagens, agora vamos falar daquele amor que a gente às vezes chama de "amor de mãe".

Por que, sor?! 

Ora, porque vocês já sabem que ele existe!

Talvez só não conheçam ele muito bem na teoria.

Então, vamos a uma situação prática para exemplificar.

O PITÍ DE UMA HORA ATRÁS

Você chega em casa da rua correndo.

Passa pela mãe, nem pergunta como ela está e se tranca no quarto.


É que você está se sentindo apaixonado ou apaixonada e quer trocar um whats urgente com o crush que você já não vê e não fala  por eternos 10 minutos.

Lembram que Eros é intenso na falta?


Dez minutos são uma vida para quem está dependente do ser amado...

Bom, quando você vai mandar aquele áudio, você vê que seu pacote de internet acabou.


Bora pro wi-fi!

Mas, o wi-fi está... desligado.

Então, você vai ao encontro da sua mãe e acha ela na cozinha. Ainda sem perguntar como ela está, você dispara rapidinho e sobrando confiança:

"- O que aconteceu com o wi-fi?!"   

Sua mãe, com muita calma responde:

"- A professora me ligou... Ela disse que tu não tá acessando as aulas pelo Classroom. Se tu não tá usando a internet pra estudar, então tu não precisa dela pra mais nada tão importante e eu desliguei." 

Ao ouvir isso, você respira fundo e com muita elegância responde:

"-Eu sabia! Porque eu voltei pra essa casa! Só pra me estressaaaaar!! 

Eu não acredito... Tu não sabe nada, como é que eu vô fazê sem internet?! 

Era só o que faltava, eu devia pegar minhas coisas e nunca mais voltar aqui, isso nãããão ééé uma casa, é um hospício!!" 


Assim, de coração aflito e com aquela raivinha deliciosa, você volta para o quarto.

Bate a porta.
Se tranca.
Chora.
E fica lá.

Uma hora depois, quando já está meio escuro, vencida ou vencido pelo desânimo, pela fome e, lá no fundo da consciência, pela certeza de que sua mãe tem alguma razão, você sai do quarto e vai até a cozinha procurar algo para enganar a pança.

Ao entrar, lá está sua mãe.

Você não diz nada. Ela também não. Ela olha pra você, lê na sua cara que você está procurando uma coisa importante e diz:

"-Teu lanche tá no micro."

Meio sem graça, você pega o rango, começa a comer e pergunta para a mãe algo realmente importante:

"- Mãe, que filme tem hoje na Tela Quente?"

A partir daí, um diálogo se constrói e sua mãe não diz nada, nem você fala nada sobre o pití de uma hora atrás.   

INCONDICIONAL

O que esse caso imaginário nos ensina sobre o amor de mãe?

Que ele é incondicional. 

Amor incondicional é aquele que não impõe condições para ocorrer. Ele ama sem que a pessoa mereça.

O ser amado, é importante porque é amado, e não é amado porque é importante.

Esse tipo de amor é chamado também de fraternal demonstra um ideal de sentimento nem sempre fácil de ser vivido. Em situações mais comuns, ao insultar a mãe ela reagiria também com alguma força e colocaria você no seu lugar. Mas, quando o amor incondicional se manifesta, ele releva que  ama desinteressadamente. Esse amor tem características de sacrifício e de santidade, por isso é o tipo de amor fundamental na cultura cristã, que perdoa todas as ofensas porque o amor está acima de qualquer outra coisa.

É o amor de Deus, já que é um amor que renuncia a si mesmo em favor do ser amado sem necessitar dele, mas porque quer amá-lo simplesmente.

Quem consegue dizer aos inimigos, sofrendo na mão deles "todos estão perdoados porque não sabem o que fazem"? Ou então ensina a oferecer o outro lado do rosto para levar outro tapa, sem retribuir o mal com o mal, mas retribuindo o mal com o bem?

Nada simples.

Por isso é o amor também conhecido como caridade.

Quem pratica a caridade faz um gesto de amor sem esperar retorno.

Esse jeito de amar, ama quem não merece ou não tem com retribuir porque entende e sente que o amor tem valor maior e pode restaurar e conservar a harmonia do sujeito que ama, consigo e com o meio a sua volta. Ele é a certeza da calma, da ordem e de que só amando a vida e a realidade como ela é, mesmo que ela seja difícil e contraditória, é que se mantém a paz na consciência e se garante o convívio construtivo e inclusivo.

Sem precisar ser correspondido, esse amor é totalmente livre, já que não depende de nada.

O nome desse amor, para os gregos, é ÁGAPE.

Então, ágape tem algumas características:

- é desinteressado;
- é incondicional;
- é intenso em si mesmo; 
- dispensa reciprocidade; 
- é livre;
- é inabalável; 
- é donativo;
- é sublime. 

Assim, quando se fala em amor de mãe, de pai, de irmão, se está dizendo que o amor é incondicional ou seja, mesmo que em algum momento haja uma crise, uma treta, o amor segue imaculado, não diminui em nada e sempre acolhe o outro sem se sentir ofendido.

Diferente de Eros, esse não é um amor carente, mas abundante, que se doa sem pedir qualquer coisa em troca. Não sofre, poque não deseja, apenas ama sem exigência. 

Mas, esse é o amor que define o sentido do termo filosofia?

Acho que ainda há mais para descobrir sobre essa loucura chamada amor...

Gostou?!

Então, vamos a uma atividade!

Volte ao AVA Sala de Aula e responda com amor a tarefa atribuída...💛

Te +!

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br

Editado em 12/07/21

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Você tiraria a foto?

Olá, pessoal!

Tudo certo com vocês?

Viram que atitude a da María?! 

Não conhece a história? Clique no link acima para ver e depois continue lendo essa postagem que ela vai fazer mais sentido. 

Como vocês leram, a atitude dela é uma daquelas que fazem a gente questionar quais o limites da nossa liberdade de ação, da nossa atividade profissional, da nossa conduta pessoal...

Com isso eu gostaria de perguntar: se você tivesse a chance de tirar um foto histórica, mas para isso, não pudesse interferir na cena, você tiraria a foto?
Clube do Bang Bang

Pense bem!

Claro que alguns devem ter se justificado: bom, eu tiraria, já que se trata de uma imagem importante.

Mas, e se na cena uma pessoa estivesse correndo risco de vida?

Você tiraria a foto ou salvaria a pessoa?

Se salvar a pessoa, perde o registro.
Se registrar, perde a pessoa.

E se você achar que a pessoa fosse ser perdida de qualquer maneira?

Valeria a foto histórica?

Bom, esse seria um dilema e tanto para nós decidirmos qual a melhor ação e com isso debater ética se ele fosse apenas um caso hipotético.

Porém, ela se refere a um caso real.

Envolveu um fotojornalista prestigiado e deu a ele um dos maiores prêmios do jornalismo, o Pulitzer.
Foto de Kevin Carter 

O nome dele é Kevin Carter.

Portanto, vou deixar vocês conhecerem a história dele, que envolve cobertura de guerra, problemas emocionais e um intenso debate em torno da atividade jornalística  e de repórteres em zonas de conflitos armados. (clique aqui para ler sobre a foto e Kevin).

A história de Carter é retratada no cinema.

Se você quer ver um bom filme, procure por Repórteres de Guerra, The Bang Bang Club, de 2010.

Desse modo, você pode sentir um pouco mais daquilo que está envolvido quando temos que lidar com nossos valores e ainda assim tomar grandes decisões que colocam à prova nosso senso moral e nossa consciência moral.

Depois, leiam o texto sobre senso moral e consciência moral ( clique aqui) para ver se você entende melhor a diferença entre os dois. Um está ligado aos sentimentos diante de situações boas ou más e o outro tem relação com as decisões boas ou más tomadas e justificadas por cada pessoa. 

Atualizada em 24/03/22

Escola para quê?

CONTEÚDO DA AULA REMOTA - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - 30CN #9

O título provoca inquietação?

Para que precisamos da escola?

A escola desempenha qual função no mundo intercultural, transnacional e tecnológico de hoje?

E escola educa com qual objetivo?

Você, caro estudante que se prepara para a provável carreira de professor, seja de qual nível for, tem diante de si a complexa tarefa de construir sujeitos históricos.

Isso pode ser resumido de maneira simplificada e incompleta, mas também clara: construir sujeitos históricos é construir sujeitos do seu próprio tempo.

Quais as características do nosso tempo?

Como a escola contribui para reproduzir ou transformar as características do tempo alterando no presente a sociedade que fará o futuro?

A ação pedagógica, como a estamos refletindo e nisso filosofando sobre o conceito de educação, ao não ser neutra, pratica escolhas e interfere na realidade porque ela é uma teoria sendo colocada em prática, como você tantas vezes já deve ter ouvido, lido, comentado.

Desse modo, ser consciente da sua função e da dimensão social que ela representa é a maneira de se construir também como um sujeito histórico crítico e ativo em colaboração com a sociedade de seu tempo e comprometido com o futuro. 

No encontro anterior, falamos sobre VALORES e como eles são constituídos, expressando preferências qualitativas em função de objetos que norteiam ações.

Vimos que podemos melhor identificar nossa compreensão de mundo - estabelecer juízos - relacionados aos fatos, que são descritivos e objetivos, e relacionados aos valores, que são predicativos e subjetivos.

Percebemos também que há no Brasil, de modo geral, uma disparidade entre realidades de classes pela distribuição de renda e isso tem impacto intenso no acesso das populações mais pobres aos bens culturais materiais e imateriais, entre os últimos estão a produção cultural de qualidade - com conteúdo crítico e transformador - e a educação.


Nas trilhas percorridas por nós, temos cruzamentos e paralelismos entre a educação e a atividade política que para essa jornada é entender que toda a nossa ação civilizada se dá em sociedade, naquilo que os latinos chamam civitas e os gregos polis, a "cidade e a cidadania".

POLIS  = CIDADE → A atividade que se relaciona com a cidadania 
é política porque diz respeito à polis. 


Para avançar no percurso, vamos ler um trecho de um texto daquele que é um dos mais prestigiados intelectuais brasileiros, Paulo Freire (veja a biografia dele aqui). A polêmica em torno da sua obra se dá justamente por ela ser crítica e expor elementos fortes da sociedade de classes desigual e das diferenças de privilégios que há não só no Brasil, mas em qualquer sociedade socialmente injusta. Freire denuncia a desigualdade porque ele é um democrata e nas democracias, desigualdades provocadas por privilégios são uma contradição ao princípio de igualdade universal de oportunidades. Para ele a educação é um bem universal público.

Esse texto vai nos permitir pensar mais nas questões lá do começo da postagem:

Escola para quê?

O que ela têm feito para melhorar nossa sociedade está correto?
Precisa mudar?
Em quais pontos?

Meu, vem ver o
bigode desse cara!
Para ajudar nessa crítica, vamos deixar também um vídeo divertido, mas sério.

O retrato de um aluno que tinha na escola, na família e na sociedade uma barreira para o seu aprendizado.

Até o dia em que ele conheceu um dos filósofos mais geniais e revolucionários da história: Friedrich Nietzsche! 

O que terá acontecido com esse menino?
O que a escola fez com ele?
O que a escola fez consigo mesma?

Ficou curioso?!

Então, volte lá no AVA Sala de Aula e confira!

Acesse os materiais e faça a atividade.

Espero que você goste!!

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br 

domingo, 19 de julho de 2020

Razão e conhecimento

AULA DIGITAL PROGRAMADA - IEE BARÃO DE TRAMANDAÍ - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO, 20 CN #8

Salve, pessoal!

Na aula anterior nós conversamos sobre o processo educativo estar radicado na necessidade humana de autoconstrução por meio do conhecimento e do autoconhecimento.

O texto de Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) do Protréptico, obra dedicada a explicar a importância da filosofia, fala de uma qualidade humana fundamental: a razão.
Aristóteles descoloriu a barba ou pintou o cabelo?
Para a filosofia aristotélica, a razão é o diferencial específico do ser humano. É o que o faz diferentes de todos os outros animais. Pela razão, o ser humano abstrai ou seja, retira dos seres mundanos particulares informações ou características que são elaboradas pelo pensamento para se tornarem conhecimentos universais sobre cada um desses seres.

Por exemplo: "aluno" é um termo universal e portanto aplicado a todos os elementos particulares que possuem as características próprias de um aluno. O "aluno" é o conceito universal abstraído de cada sujeito no mundo que estuda, vai à escola, etc. O conceito "aluno" é uma abstração e só existe no pensamento como conhecimento.

O conhecimento, por sua vez, é transformado em linguagem com a qual é comunicado, como o termo "aluno", que possui extensão e compreensão e é um signo linguístico por compor o conjunto significante+significado. A comunicação é compreendida então por códigos, entre eles, o verbal. A totalidade da expressão dos pensamentos humanos compõe a cultura.

No aprendizado reside a capacidade de reproduzir e produzir cultura.

Outro ponto fundamental do texto é a natureza da razão.

"A razão cognoscitiva é para nós o fim segundo a natureza" 

O que isso significa?

Para Aristóteles, a razão é inata, nascemos com ela porque é um atributo natural e possui um objetivo.

O que podemos associar, então: o processo que resulta em conhecimento é uma qualidade natural do ser humano provocado pela inteligência racional.

Isso quer dizer que o legado filosófico para a aprendizagem humana é o de que o razão permite compreender relações de lógicas de causa e efeito no mundo que nos cerca e questionar os porquês, o como é o começo do conhecimento produzido pela inteligência natural.

E esse processo tem implicações totais quando se pensa em educação, seja em qualquer nível.

O ser humano sempre vai procurar conhecer, independente de qual seja sua condição social ou existencial.

A escola é um dos espaços nos quais se compartilham experiências de cultura com certa seletividade voltada à otimização do aproveitamento pessoal com a finalidade de construir sujeitos emancipados e criativos.

Essa, pelo menos, é a meta ideal da escola e do trabalho do educador.

ARANHA, Maria Lúcia. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 2006. p.52

Percebeu no texto acima uma relação com a pergunta que você respondeu no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Sala de Aula?


Em algum momento da sua vida estudantil você sentiu que queria aprender mais do que aquilo que estava sendo ensinado?

Todos nós temos a necessidade de conhecer mais, algo que desde cedo se manifesta. Mesmo os bebês procuram o "novo", aprendem com o meio. Fazem isso por terem a inteligência natural latente para ser desenvolvida. Aristóteles se enquadra na linha dos essencialistas, quer dizer, defende que todos os seres humanos têm uma essência comum, universal, que é o intelecto lógico. Essa atribuição natural é que leva o ser humano da ignorância à sabedoria e a escola, como outros espaços de aprendizagem informais, apenas orientam para o conhecimento.

Por isso, a escola nunca ensina o suficiente, ninguém ensina o suficiente, e ninguém aprende também o suficiente senão por procura daquilo que interessa saber.

Você, como um potencial educador, também um educando, vai sentir que o aluno tem uma orientação interna para o que interessa a ele e querer sempre mais e com maior qualidade é sinal de uma inteligência ativa e normal.

Assim, uma escola ou um educador que limite o interesse do aprendiz pode acabar contribuindo menos com o seu aprendizado.

Vamos ver mais um trecho do texto do Protréptico:

"Portanto, se nascemos, é evidente que existimos para conhecer e aprender" 

Ou seja, conhecer e aprender está para nós, seres humanos, como o objetivo para o qual a natureza nos fez assim. E o texto diz na sequência que nascemos para conhecer e contemplar, que de outro modo, quer dizer que o máximo do conhecimento é chegar à verdade total, pois contemplar tem o sentido de admirar algo magnânimo, ou seja, ter a plena sabedoria.

Essa é a meta da vida, da cultura, da educação e do trabalho humanos.

Desse modo, podemos inferir que conhecer e realizar-se pela aprendizagem é um "direito natural" de todos e qualquer interrupção no processo é eticamente questionável. 

Aqui está o texto de Aristóteles ↓













Perguntas... perguntas...

- Que tipo de interferência o professor provoca nesse processo? 
- A interferência é sempre construtiva?
- Que responsabilidade tem o educador ao participar da construção de um sujeito que tem por natureza a propensão ao conhecimento? 
- Qual o melhor modo de contribuir positivamente no processo de aprendizagem sem desviar a busca pelo conhecimento da sua finalidade natural, que é levar o ser humano a alcançar a sabedoria e se tornar pleno de suas potencialidades intelectuais?


São vários os desdobramentos que podemos começar a fazer concentrados em apenas um detalhe da antropologia filosófica...

Com essa breve e incompleta análise, conseguimos resgatar um pouco de conteúdos que vocês já viram relacionados à educação e a filosofia em suas raízes gregas. Mais adiante vamos ver também outras características desse período que ainda hoje nos servem para compreender o ser humano e o que é o conhecimento. 

Belê?!

Nesse caminho, você vai desenvolver:

- habilidades de análise textual, reflexivas e comparativas da cultura filosófica e pedagógica; 
- competências de Conhecimento, Pensamento Científico, Crítico e Criativo e Trabalho e Projeto de Vida. 

Agora, faça a seguinte ATIVIDADE:

Escreva uma dissertação respondendo ao questionamento abaixo:

- A sociedade brasileira proporciona uma escola à altura do fim para o qual o ser humano existe, que é se tornar conhecedor ilustrado e sábio? 


Não esqueça de colocar um título. 

Depois, envie para o e-mail

 charles-ddalberto@educar.rs.gov.br 

Até mais!!

Valores e educação

AULA DIGITAL PROGRAMA - IEE BARÃO DO TRAMANDAÍ - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO, 30CN #8

Olá, pessoal!

Firmeza?!

Humanos evoluídos fazendo poses inteligentes.
O ser humano é nosso fundamento, o ponto do qual partimos para pensar o processo educativo.

Desse patamar nós avançaremos, o que quer dizer que alguns saberes serão retomados para construirmos a nossa organização da informações e assim chegar ao aprendizado ao qual nos propomos, que é refletir a educação pelo seu viés ético e político.

Na aula anterior, deixamos um texto de Carlos Luckesi para fazer a ponte para aquilo que nos interessa mais.

Vamos analisar alguns detalhes que podem ser úteis.

De saída, Luckesi diz que

"Filosofia e Educação são dois fenômenos que estão presentes em todas as sociedades."

Poderíamos pensar: "Claro, em todas elas há ou houve escolas!"

Está certo isso?

Claro! Que não...

A escola resulta de um processo histórico que foi se consolidando com as transformações sociais e tem sua formatação atingida na modernidade como instituição responsável pela guarda e transmissão dos saberes agregados no tempo e que compõem a cultura das sociedades.

LUCKESI, Filosofia da educação. p. 84

Desse modo, a escola enquanto espaço funcional de transmissão sistematizada de saberes, como a conhecemos, é recente, mas a educação não. Ela é um fenômeno de todos os tempos e de todas as sociedades, cada uma delas com características próprias correspondentes aos contextos históricos de cada uma delas.

No mundo antigo teremos a educação grega, por exemplo, centrada na formatividade integral do sujeito tendo por modelo as tradições constituídas em mitos que narram as virtudes heroicas dos antepassados. Não havia escolas, mas mestres preceptores. Já no contexto clássico, surgem "professores", os sofistas, que ensinavam a retórica como ferramenta essencial à ambição política no ambiente democrático ateniense. Górgias e Protágoras são dois dos maiores representantes desse período que, por sua vez, vai estimular a reação de Sócrates à decadência da sabedoria grega provocada pelos sofistas e levar à renovação da filosofia tornando-a antropológica, centrada no ser humano e no autoconhecimento.

Sócrates vai legar ao mundo o conceito de maiêutica, que você já ouviu ou deveria ter ouvido falar, que provoca a extração do conhecimento da própria subjetividade. Quer dizer, o conhecimento deve ser verdadeiro, porém, a verdade não é alcançada pela aparência das coisas particulares do mundo e sim pela essência universal das coisas. O essencial é atingido apenas pelo raciocínio por abstração. Logo, é a razão de cada pessoa que vai levá-la à verdade. A verdade não é outra coisa senão o conceito universal e exato sobre cada coisa.

Exemplo: conhecer a justiça é dominar o conceito de justiça, ou seja, saber dizer o que ela é de modo que a definição já não seja refutada facilmente por qualquer objeção. 

Vamos ver, então...

O que é educação?

Responder a isso é dominar o conceito de educação. Quem der uma resposta profunda e que se aproxime da resposta definitiva é porque tem o conhecimento verdadeiro do que seja a educação. Chegar a esse conceito exige informação, conhecimento e muita reflexão, que é examinar o próprio conhecimento para ver se ele está certo. Esse trabalho é da razão! 

Sooor, por que a gente tá vendo isso?!

Vem comigo!! 

Por que será que Sócrates levou a filosofia a uma revolução e com isso mexeu na educação grega com consequências até hoje?

Falei em Górgias e Protágoras, os sofistas, né...

Vamos ver o que eles propunham.

Górgias (Séc. V a.C.) - Para ele, nada existe. Se existe, não pode ser conhecido. Se pode ser conhecido, não pode ser comunicado. Se pode ser comunicado, não pode ser entendido.

Cético e niilista, Górgias afirmava a impossibilidade de conhecer a verdade sobre a realidade. Sua educação era para a finalidade política e conquista do poder social.

*Sabe o que é niilista? 
Consulte e amplie seu vocabulário! 

Se alguém pensa assim, para que estudar?
Para que ir à escola? 
Que sentido há para a vida se tudo for apenas um jogo de poder? 

Protágoras (Séc. V a.C.) - Para ele o cada pessoa é a medida de tudo o que ela considera real.

Relativista e subjetivista, Protágoras considerava que as pessoas tem suas verdades próprias e que a verdade de cada um possui valor equivalente. Sobre um mesmo objeto, pessoas que pensam de forma contraditória estão ambas certas. A verdade é o que prevalece ao final da persuasão.

Se for assim, a verdade é apenas um ponto de vista?
Como fica a ciência, que é objetiva e sua conclusões são universais enquanto persistem?
Como ensinar algo a todos se cada pessoa pensa por si? 
Como fica um sociedade onde cada acha que sua opinião é a verdade? 

Esses são grandes problemas que ainda hoje podemos enxergar claramente em nosso meio.

Ou não?!

Só sei uma coisa: que nada sei. 
Sócrates propôs que sim, há verdades que não são subjetivas, mas objetivas: elas são os conceitos. (Vou suprimir a biografia e a metodologia socrática porque vocês já viram, se tiverem dúvidas, perguntem. Nos links há informações). 

Portanto, o ensino-aprendizado deve levar cada pessoa a desenvolver o próprio potencial da inteligência vasculhando o seu interior, a sua "alma", o seu intelecto, para de lá tirar (maiêutica) a verdade: conheça-te a ti mesmo!

De outro modo, cada um é que aprende. O ensino é a ajuda que o educador oferece para o sujeito-aluno aprender. E aquilo que é aprendido, quando é verdadeiro, todos podem ver desde que usem bem o raciocínio para entender.

Tranquilo até aqui?

Vamos dar um pulo, então:

Por que escolher diferentes princípios para a educação? 
O que nos leva a preferir a filosofia de Sócrates ou dos sofistas, que são nossos exemplos?
Entre as diferentes filosofias e suas tendências pedagógicas, por que adotar umas e não outras?

Essas questões vão nos levar a pensar na questão do VALOR. 

Você sabe o que são os valores, como eles são constituídos, quais seus "eixos" teóricos?

Pensar sobre isso vai nos permitir visualizar nossas próprias crenças e condutas enquanto estudantes e futuros educadores.

É sobre valores que o texto de Luckesi (lembram?) fala exatamente em seu final!

"Se a ação pedagógica não se processar a partir de conceitos e valores explícitos e conscientes, ela se processará, queiramos ou não, baseada em conceitos e valores que a sociedade propõe a partir de sua postura cultural." 

Quer dizer: se o educador não escolher seus conceitos e valores, a educação será guiada por aquilo que a sociedade quer.

Aquilo que a sociedade quer e pratica como cultura é sempre o melhor?
Se a educação escolar só reproduzir o que a sociedade pratica ela vai avançar?

Volte a olhar a imagem e pense: 

Essa cultura é a que queremos reproduzir?
O que podemos fazer como educadores para interromper isso? 
Que conceitos e valores adotar em nossas vidas para transformar essa cultura?



Não tá faltando nada?

Faaaaalta, siiiiim! 

Deixei uma pergunta que você respondeu lá no AVA Sala de Aula sobre sua relação como futuro educar com o aluno.

Todos foram na direção do respeito ao educando. Ao se posicionar assim, o professor está adotando para si um significativo perfil da cultura contemporânea de valorização da autonomia do aluno como sujeito livre e dotado de possibilidades latentes a serem desenvolvidas em forma de competências e habilidades. Se está adotando uma pedagogia que transita entre a liberal renovada e a histórico-social. Na base delas há filosofias libertárias a respeito da natureza ou da condição humana e de sua autonomia cognitiva.

Uma resposta nunca é banal, assim como uma atitude quando se trata de educar.

Se vocês tivessem sido educados com tendências conservadoras tradicionais, a preocupação não seria o respeito ao aluno, mas o respeito ao professor e à escola em primeiro lugar fazendo o estudante se adequar a ela ou então sofrer um processo excludente.

Percebem, né?!

Educar se relaciona com a cultura e com os valores, volto a dizer.

Uma reportagem de arquivo reflete ainda hoje a realidade do Brasil quanto ao acesso e permanência na escola (clique aqui). Leia e se enriqueça.

Um vídeo bem didático vai dar uma noção geral do que são os valores (axiologia) e como eles são constituídos.
(clique aqui para ver). Confira, porque ele nos ajudará a seguir no conteúdo. 

Anote o que achar necessário.
Cada postagem fica sempre à disposição;

Dúvidas ou comentários, enviem pelo mural do Classroom ou e-mail

Agora, volte ao AVA Sala de Aula que há uma tarefa para você que relaciona realidade socioeconômica, educação e valores.

charles-ddalberto@educar.rs.gov.br

Você vai desenvolver:

- Habilidades críticas textuais, leitura semiótica, comparação entre culturas. 
- Competências de Pensamento científico, crítico e criativo; Trabalho e Projeto de Vida; Responsabilidade e Cidadania. 

Firmou?! 

Até mais!!